O
Nascimento da Via Lactea – Peter Paul Rubens
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A
formação da Via Lactea, uma enorme galáxia espiral constituída
por um imenso aglomerado de estrelas (200 a 400 biliões), incluindo
uma grande variedade de gases e poeiras astrais e onde num dos seus
braços, o Braço de Oríon, o nosso sistema solar orbita, era
definida pelos Antigos como um caminho celeste, dando origem a muitas
lendas através dos séculos e das diversas civilizações que
tentaram explicar a razão da sua existência.
A
faixa brilhante e sinuosa da Via Láctea instiga a curiosidade humana
desde a antiguidade. Pelo fato de se estender por todo o céu, a
galáxia foi tida como análoga a caminhos ou rios, como no caso de
lendas antigos egípcias, em que era comparada ao Rio Nilo, contudo
corria nas áreas habitadas pelos espíritos. Na China e no Japão a
galáxia também recebe a denominação de Tien Ho (Rio celestial ou
rio prateado), enquanto que, para os hindus, a Via Láctea representa
o "curso do Ganges celestial". Os turcos conheciam a
galáxia como Hadjiler Juli ou a "estrada dos peregrinos".
Na Idade Média na Europa recebia a denominação de "estrada de
Roma", em alusão à sede da Igreja Católica através da qual
se conseguiria o acesso ao paraíso. Na Península Ibérica a Via
Láctea é conhecida também como Caminho ou Estrada de Santiago. Os
indígenas que ocupam o Sul do Pará, os Tembés, por exemplo, a
batizaram de ‘Caminho da Anta’. Segundo algumas crenças de povos
esquimós dentre outros, a faixa brilhante forma o "caminho das
cinzas". Para os cheyennes e outras tribos dos Estados Unidos, a
Via Láctea é a trilha de poeira deixada pela corrida entre o búfalo
e o cavalo. Para os povos da Estónia era o caminho das aves, ou dos
gansos. Era pela estrada da via láctea que se chegava ao Olimpo, e
era também por aí que os heróis entravam no céu.
Para
os gregos e os romanos o seu aparecimento foi atribuído à projecção
de um rasto de leite caído do seio de uma deusa...e que deusa! Nem
mais nem menos que a própria rainha do Olimpo!
Que
Zeus, o Rei dos deuses e seu divino esposo, a enganava constantemente
com as belas mortais que povoavam a Terra, já Hera estava farta de o
saber, assim como todo o Olimpo já estava habituado às tremendas
cenas de ciúmes da sua rainha, cujas vitimas eram sempre as
desditosas mulheres que atraíam a sua ira e os seus descendentes.
Mas que ele levasse a sua ousadia até ao ponto de tentar que ela
amamentasse um dos seus “rebentos” isso é que Hera jamais
imaginaria!
Ora
aconteceu, que mais uma vez Zeus se encontrava perdidamente
apaixonado desta vez pela belíssima Alcmena, mulher do rei
Anfitrião, de Tirinto, de quem o Pai dos deuses tomou a aparência
para a poder seduzir. A rainha engravidou, mas como também tinha
partilhado a sua cama com o marido verdadeiro, ao fim dos meses
previstos deu à luz dois rapazes: Héracles ou Hércules, filho de
Zeus e Íficles, filho de Anfitrião.
Muito
satisfeito com o seu rebento, um bébé robusto, cheio de força e
vitalidade, o rei do Olimpo sentiu-se atormentado pelo facto de o seu
filho ser apenas um semideus, e portanto, mortal. Uma noite,
aproveitando o facto de Hera já estar a dormir, Zeus, muito
sorrateiramente, desce ao palácio de Anfitrião, tira o pequeno
Hércules do berço e volta aos aposentos da esposa.
Seminua,
Hera, dorme um sono profundo, com os seios pesados do leite destinado
ao seu pequenino Ares. Sem ruído, Zeus deita o seu bébé encostado
ao peito da esposa e esconde-se à espera. Héracles aninhando-se
junto da mulher que pensava ser a sua mãe, começa sofregamente a
mamar o leite da deusa que lhe proporcionará poderes divinos. Ao
princípio, Hera não reage pensando estar a amamentar o seu
pequenino, mas a criança mama com tanta sofreguidão que a magoa e a
deusa acorda.
Chocada,
ao ver que não é o seu filho a criança que tem ao peito, a deusa
tenta afastá-la, mas Hércules, já dotado de uma força prodigiosa
agarra-se! Ela tenta de novo, mas em vão! Furiosa, Hera puxa-o
violentamente, mas o gesto é tão brusco, a libertação tão
súbita, que do seu seio jorra um poderoso jacto de leite divino e
uma chuva fina e branca estende-se pelo céu escuro, uma longa e
sinuosa esteira que cintila na noite...
E
foi assim que a Humanidade ganhou a sua Via Lactea, o Pai Zeus a
imortalidade para o seu filho querido e Hércules o ódio destruidor
da Rainha dos Deuses até ao fim dos seus dias na Terra!
Fontes:
www.wikipedia.org
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