
O quadro aqui apresentado” A Última Ceia”, foi pintada em 1828 e é da autoria de Manuel da Costa Ataíde, mais conhecido como Mestre Ataíde, nascido no país irmão (Mariana, 18 de Outubro de 1762 – Idem, 2 de Fevereiro de 1830) e que foi um importante pintor do barroco mineiro, além de dourador, entalhador e professor. Esta tela foi a sua única obra de cavalete e encontra-se no Colégio Caraça.
É a visão do pintor sobre como terá sido a última refeição de Jesus com os seus Apóstolos, a quem num gesto de humildade lavou os pés quando se sentaram à mesa, o que é indicado pela bacia de barro com um pano branco semi-torcido mesmo à boca do quadro.
No tempo de Jesus a refeição pascal tinha um rito determinado. Durante o repasto pronunciava-se uma bênção, isto é, um canto de louvor e acção de graças a Javé pelas maravilhas que tinha feito em favor do Seu povo e é nesta altura da ceia, que Jesus introduz o rito novo da Nova Aliança. A antiga Aliança tivera como sinal de contracto a aspersão do sangue de animais. A Nova Aliança baseia-se no sangue de Cristo. Por isso, depois de pronunciar a bênção Ele toma o pão nas Suas mãos, parte-o e diz “Tomai, comei; Isto é o Meu Corpo”, pega depois no cálice, deu graças e disse “Bebei dele, todos, porque este é o Meu Sangue derramado por muitos para remissão dos pecados”.
No fim da refeição depois de cantarem os “hallel”(salmo de acção de graças com que os judeus concluíam a ceia pascal), saíram para o Monte das Oliveiras. Jesus sabia que o Seu fim estava próximo; Judas já tinha negociado a Sua entrega por trinta dinheiros (o preço fixado na lei de Moisés para compensar a perda de um escravo), aos sacerdotes do Templo.
No Horto do Getsemani entrega-se à oração enquanto os discípulos dormem, até chegarem os guardas acompanhados de Judas, que o prendem e o levam para casa de Caifás, o sumo-sacerdote, onde é interrogado e fica detido durante a noite
Por isso, nas igrejas a vigília continua assim como os Ofícios das Trevas. Na Missa, e para festejar o Mistério da Eucaristia, os paramentos dos sacerdotes são brancos, assim como o pano que envolve a Cruz, canta-se o “Glória” durante o qual os sinos tocam, ficando depois silenciosos até ao Sábado de Aleluia. São também abençoados os Santos Óleos dos enfermos e depois o do Crisma e consagradas duas Hóstias, uma das quais servirá para as devoções de sexta-feira santa, uma vez que nesse dia não se celebra missa.
É também hábito o oficiante realizar um Lava-pés a doze pessoas (antigamente eram doze pobres), em memória do que foi efectuado por Jesus. Quando a Missa termina, a Hóstia consagrada para o dia seguinte, é levada para outro altar que foi previamente preparado e a que se dá o nome de santo sepulcro. Procede-se depois à desnudação dos altares, retirando-lhes as toalhas e flores, ficando apenas a Cruz e os castiçais.
Em certas regiões do País é costume fazer-se a procissão do Ecce Homo ou Senhor da Cana Verde, como também é conhecido.

Pelas Suas faces rolam lágrimas e o sangue corre das feridas abertas. Para que a humilhação seja mais dolorosa, os soldados colocaram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos, nas mãos atadas uma cana em vez do ceptro e uma simples manta em vez da túnica real.
O seu autor foi Frei Carlos, um dos pintores mais importantes e enigmáticos de origem flamenga da primeira metade do sec. XVI, que em 1517 entrou como frade na Ordem de S. Jerónimo, no Convento do Espinheiro em Évora, identificando-se como “frei Carlos de Lisboa framengo” sendo esta a sua única assinatura conhecida. Foi sepultado no Convento de S. Jerónimo do Mato, em Alenquer.
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