sexta-feira, 30 de julho de 2010

O Senhor do Tempo

O Tempo pergunta ao tempo
Quanto tempo o tempo tem
O tempo responde ao tempo
Que o tempo tem tanto tempo
Quanto tempo o tempo tem


Na mitologia grega Chronos era a personificação do tempo cronológico, surgido no princípio dos tempos, rodeando o Universo, sem corpo, informe, conduzindo a rotação dos céus e o caminhar eterno do tempo, representado como um homem muito velho de cabelos compridos e barbas brancas, ostentando duas grandes asas, com uma foice numa das mãos e uma ampulheta na outra.
É confundido quase sempre com Cronos que entre os antigos gregos era um Titã, filho de Úrano, o Céu, e de Gaia, a Terra. A pedido de sua mãe, destronou e castrou seu pai e casou com a sua irmã Reia, de quem teve seis filhos, assumindo o poder. Receoso de perder o trono, devorava à nascença os filhos que ia tendo de sua esposa. Esta já farta, na sua última gravidez, deu-lhe em vez do filho, uma pedra embrulhada num pano que ele engoliu sem perceber a troca, salvando-se assim Zeus, que mais tarde, também destronou Cronos, obrigando-o antes de o desterrar, a restituir à vida todos os seus irmãos. Veio então para a Terra, reuniu os homens, deu-lhes leis e governou-os durante um tempo que ficou conhecido como a Idade do Ouro. Foi associado ao Tempo que também devora tudo o que existe. É o Saturno romano.

Imagem de um baixo-relevo romano representando Reia a dar a pedra embrulhada a Cronos

Uma das representações mais célebre de Cronos (Saturno) é a de um quadro pintado por Goya, que mostra um homem devorando o seu próprio filho, numa alegoria ao Tempo, a que é impossível fugir, e que mais tarde ou mais cedo tudo consome.

E afinal o que é o Tempo?

Se formos ao dicionário vemos que é uma palavra com muitos significados: duração, idade, época, estação, era, etc. Também se diz “na noite dos tempos”, ou como nos provérbios populares,”Atrás do tempo, tempo vem” e”Tempo é dinheiro”
Se perguntarmos aos historiadores, eles dirão que o tempo da história é diferente do tempo da ciência, e alguns mais antigos diriam que passamos do Tempo dominante da natureza, ao Tempo dominado pelo homem e depois ao homem dominado pelo Tempo…
Santo Agostinho diria que o Tempo surgiu com a Criação…
Mas se formos fazer a mesma pergunta aos poetas eles diriam como Mário Lago: Eu fiz um acordo de coexistência com o tempo. Nem ele me persegue nem eu lhe fujo. Um dia a gente se encontra.
Mas gosto do poema de Mário Quintana, no seu livro Esconderijos do Tempo, de 1980:

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…
Quando se vê, já é 6ªfeira…
Quando se vê, passaram 60 anos…
Agora, é tarde demais para ser reprovado…
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
Eu nem olhava o relógio.
Seguia sempre, sempre em frente …
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.


Fontes: Deuses da Mitologia - Editorial Minerva
Wikipédia
Esconderijos do Tempo – Mário Quintana

Introdução

Acontece com o baú da história, o mesmo que com aquelas arcas antigas que encontramos no sótão da avozinha…Quando as abrimos, não sabemos o que iremos encontrar, mas serão com certeza, recordações de um passado que não iremos esquecer.
Com este baú sucede o mesmo. Dele irão saindo, ao acaso, histórias da Mitologia, da História, lendas, contos, poemas, enfim, tudo aquilo que gostaria de compartilhar convosco, conforme formos abrindo esta arca de recordações que fazem parte de todo um passado colectivo que graças à Deusa da Memória, o Tempo que tudo devora não conseguiu apagar!
Depois desta pequena introdução e agradecendo desde já os vossos comentários, vamos ver o que ele tem para nós…