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quarta-feira, 30 de abril de 2014

O Fim de um Ditador



30 de Abril de 1945 – No sólido bunker de 30 divisões, sob a Chancelaria do Reich, escuro e húmido, com falhas frequentes de energia eléctrica causadas pelo incessante bombardeamento dos canhões russos, encontravam-se cerca de 20 pessoas, entre as quais duas das mais sinistras figuras do Terceiro Reich: Martin Bormann, o 2º homem mais poderoso do regime e Joseph Goebbels, o ministro nazi da Propaganda, que ali se tinha refugiado juntamente com a esposa Martha e os seus seis filhos. Aguardavam a morte do seu chefe, Adolf Hitler que se tinha retirado por volta das 15 horas da tarde para a sua sala de estar, acompanhado pela esposa Eva Braun, com quem tinha casado dois dias antes.
Hitler sabia que no dia 28, em Itália, Benito Mussolini, seu amigo e aliado, tinha sido executado pelos guerrilheiros italianos, juntamente com a sua amante, Clara Petacci, e pendurado pelos calcanhares, numa praça de Milão. Acabara também de saber que o seu mais fiel tenente, Heinrich Himmler, o tinha atraiçoado, tentando negociar uma rendição através da neutral Suíça.
Fora do bunker, 100.000 soldados russos iam ocupando Berlim, rua a rua, lutando contra os defensores alemães, na sua maioria velhos e jovens com menos de 16 anos. Estaline ordenara aos seus generais para tomarem a cidade a todo o custo antes do dia 1 de Maio, para que a sua queda pudesse ser anunciada na parada do 1º de Maio, em Moscovo.
Consciente de que tudo estava perdido, resolvera suicidar-se.
Nomeou o almirante Karl Dönitz como seu sucessor, ditou o seu testamento e últimas vontades à secretária Traudl Jung, enviou a ordem de prisão e execução de Himmler, convocou os últimos apoiantes que lhe restavam e despediu-se deles com um aperto de mão. Para se certificar da eficácia do veneno contido nas cápsulas de cianeto mandou dar uma à sua cadela pastor alemão Blondie, pelo que esta foi a primeira a morrer.
Acompanhado de Eva, retirou-se então para a sala de estar, na parte mais baixa do bunker, onde duas pistolas carregadas e duas cápsulas de cianeto os esperavam. Cerca de uma hora depois, o major das SS Heinz Linge, valete de Hitler, acompanhado por Bormann, Goebbels e dois generais abriram a porta da sala e encontraram o ditador caído numa poltrona com uma bala na têmpora direita e a mulher morta pela acção do veneno. Os seus corpos foram depois regados com petróleo e queimados no jardim da Chancelaria, dentro de uma cratera aberta pelas bombas soviéticas, sendo-lhes prestadas as derradeiras honras com a saudação nazista.
Joseph e Martha Goebbels deram cápsulas de veneno aos seus filhos, suicidando-se a seguir
As tropas do Exército Vermelho chegaram ao jardim da Chancelaria aproximadamente às 23:00, cerca de 7 horas e 30 minutos após a morte de Hitler. A 2 de Maio de 1945 restos de Hitler, Braun e dois cães (pensa-se ser Blondi e sua prole Wulf) foram descobertos numa cratera por Ivan Churakov, de uma unidade da SMERSH que recebera ordens de Stalin para encontrar o corpo de Hitler.
Mesmo após a autópsia que (ao contrário dos relatórios públicos autorizados por Stalin em 1945), registou tanto um tiro no crânio de Hitler, quanto cacos de vidro na sua mandíbula, Stalin estava reticente em acreditar que o seu inimigo estava realmente morto. Os restos de Hitler e Braun foram exumados e enterrados repetidamente pela SMERSH durante a mudança de sua unidade de Berlim para uma nova instalação em Magdeburgo onde eles (juntamente com o ministro da propaganda Joseph Goebbels e os de sua esposa Magda Goebbels e seus seis filhos) foram definitivamente enterrados num túmulo debaixo de uma seção de um pátio pavimentado, cuja localização foi mantida secreta.
Em 1970, a instalação da SMERSH (agora controlada pelo KGB) foi entregue à Alemanha Oriental. Temendo a possibilidade de que o túmulo de Hitler se pudesse tornar num "santuário" neo-nazista, o diretor da KGB Yuri Andropov autorizou uma operação especial para destruir os restos. Em 4 de Abril de 1970 uma equipe soviética do KGB (ao qual foi dada gráficos detalhados sobre o caso) secretamente exumou os corpos, queimando-os completamente e jogando as cinzas no rio Elba.

Marsh, W.B. e Bruce Carrick – 365 Grandes Histórias da História

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Grande Guerra II



Pormenor de um quadro existente no Museu Militar e pintado por Sousa Lopes
A Entrada de Portugal na GuerraA 9 de Março de 1916 a Alemanha declarou guerra a Portugal na sequência do apresamento de 70 navios alemães, a pedido do governo britânico, e que tinham procurado refúgio nos nossos portos, dada a nossa neutralidade, embora já em 1914 fossem enviadas para África tropas portuguesas em defesa das nossas colónias ameaçadas pelos Alemães, onde até 12 de Novembro de 1918 se combateu.
Já há um tempo que Afonso Costa, chefe do Partido Democrático no poder, insistia que o país deveria entrar na guerra, dada a necessidade de numa posterior conferência de paz defender o nosso direito às possessões coloniais de Angola e Moçambique, há muito cobiçadas pela Alemanha e pela Inglaterra, assim como pela necessidade que Portugal tinha de se afirmar externamente junto dos seus congéneres europeus e travar as ideias expansionistas da vizinha Espanha, reforçando a sua independência. Internamente, serviria para acalmar os partidos da oposição e obter o apoio popular para o seu governo, evitando um eventual golpe dos monárquicos para derrubar a Republica.
Em Março de 1917 partem os primeiros contingentes do Corpo Expedicionário Português para França, ficando sob o comando britânico e sendo colocados nas trincheiras junto ao rio Lys, na Flandres. Não o sabiam ainda, mas esperava-os o inferno…
Eram na sua maioria homens e rapazes analfabetos ou quase, arrebanhados nas cidades e campos, gente humilde sem nenhuma preparação militar e a quem, em cerca de nove meses de treino consideraram aptos para entrarem em guerra. As suas preocupações eram apenas acerca da família e do pouco que possuíam, como se pode ler nesta carta enviada por um soldado a sua mãe:
“Mãe. Afinal fez bem vendendo a nossa cabrinha, se precisava de comer. Eu bem sei o que lhe devo como filho e não me zango. Mas tenho muita pena, isso tenho. E às vezes ponho-me a lembrar que quando aí for já ela não vem da horta, entrando em casa, para me comer à mão. A gente também ganha amizade aos animais. Mas não me zango, pois se era precisão…”
Em condições de combate extremamente duras como são as que resultam duma guerra de trincheiras, mal alimentados, suportando temperaturas que chegavam a atingir os 22 graus negativos no inverno, ainda tiveram humor suficiente para auto-denominarem o C.E.P. como “Carneiros de Exportação Portugueses”.
Depois de um ano sempre nas linhas da frente, sem serem substituídos nem terem direito a licenças, bombardeados com gases tóxicos e abandonados pelo governo de Sidónio Pais, o seu moral estava tão em baixo, que chegaram a amotinar-se, quando em Março de 1918, os alemães intensificarem os ataques.
No princípio de Abril, e com os homens completamente exaustos, foi decidido que a rendição das tropas portuguesas se efectuaria no dia 9. Tarde demais…
Na madrugada desse dia, teve início a chamada batalha de La Lys, onde logo no primeiro dia tivemos mil mortos. Numa ofensiva denominada de “Operação Georgette”, os alemães, debaixo de intenso nevoeiro, dispuseram uma barragem de artilhada composta por mais de mil peças de artilharia de alto calibre, numa frente de 15 kms., bombardeando ininterruptamente durante 2 horas, as trincheiras da 2ª Divisão Portuguesa, que era constituída por cerca de 22.000 homens. Lançaram em seguida um ataque com nove divisões de infantaria, que tomaram de assalto as posições do CEP. O resultado cifrou-se em cerca de 7.000 baixas, entre mortos, feridos, desaparecidos e prisioneiros.
Os sobreviventes foram incorporados no exército francês e também no britânico, sendo usados apenas como mão-de-obra para cavar trincheiras e abrir estradas. Quando a guerra terminou, um contingente português de 400 homens de infantaria, desfilou em Paris, na Festa da Vitória, passando sob o Arco do Triunfo.
Neste esforço de guerra, Portugal mobilizou cerca de 200.000 homens, distribuídos entre o CEP e os contingentes que foram para África, tendo sofrido cerca de 35.000 baixas entre mortos, desaparecidos e prisioneiros, e um número incontável de feridos e doentes (gaseados, inválidos, tuberculosos), que ao voltarem à Pátria encontraram um país completamente degradado tanto a nível económico como político. Além de ser um país pobre combatendo simultaneamente em três frentes, teve de fazer face a epidemias sucessivas de tifo, varíola e principalmente da pneumónica ou gripe espanhola que ceifou mais vidas do que aquelas que se tinham perdido na guerra.
Das várias razões porque entramos neste conflito, apenas ganhamos realmente o nosso direito de soberania sobre as colónias portuguesas, sendo-nos devolvida a ilha de Quionga, em Moçambique, que os alemães tinham ocupado, mas que em 1916, os portugueses tinham reocupado.
Os militares mortos em França, repousam no Cemitério Militar Português em Richebourg. Em 1928 foi aí inaugurado o Monumento de La Couture, representando a Pátria que empunha a espada de D. Nuno Álvares Pereira ao mesmo tempo que observa um soldado português lutando contra a morte.


domingo, 1 de agosto de 2010

A Grande Guerra - I



In Memoriam

Faz hoje precisamente 96 anos, que teve inicio o maior conflito armado da história da humanidade, pelo menos até 1939.
A 1 de Agosto de 1914, com a declaração de guerra feita pela Alemanha à Rússia, começou a 1ª Guerra Mundial, também conhecida como Grande Guerra, ou a Guerra das Guerras, que causou cerca de 12 milhões de mortos (entre eles cerca de 7 mil pertencentes ao Corpo Expedicionário Português), uns 20 milhões de feridos e estropiados, provocou a queda de quatro impérios (Austro-Húngaro, Alemão, Turco-Otomano e Russo) estendendo-se como que por um efeito de dominó a cerca de 30 países, e às colónias africanas e asiáticas, mudando de forma radical o mapa geo-político da Europa e do Médio Oriente depois da assinatura em Novembro de 1918 do armistício de Rethondes, que lhe pôs fim.
Como homenagem aos mortos no holocausto da guerra, foi erguido em praticamente todos os países o Túmulo do Soldado Desconhecido, sendo nele sepultado o corpo irreconhecível de um soldado simbolizando todos aqueles que caíram em combate e não puderam ser identificados.
Que o seu sacrifício nos lembre a todos que a Paz é a única forma de nos sentirmos realmente humanos!