quarta-feira, 20 de junho de 2012

A Longa Viagem de Hsuan-Tsang – II

Embora profundamente crente e sempre em busca de saber religioso, Hsuan-Tsang era um viajante cheio de curiosidade e bem-humorado, atento às tradições e costumes locais, mantendo um diário de toda a sua actividade, que mais tarde lhe serviu de base para escrever a sua obra “Peregrinação ao Oeste durante a Grande Dinastia Tang”, e que é considerado pelos historiadores, geógrafos e exploradores como o mais antigo e preciso relato conhecido sobre os caminhos da famosa “Rota da Seda”.
Durante a sua longa viagem visitou cerca de 130 reinos, pregando o budismo e ganhando fama de homem santo. Em alguns dele, os reis não o queriam depois deixar sair do país, como aconteceu no reino do Turfão, cujo governante só o deixou partir depois de Hsuang-Tsang ter iniciado uma greve de fome. Ao fim do terceiro dia o rei não só o libertou, como lhe deu roupas, criados, montadas, presentes e cartas de recomendação para o grande Khan dos Turcos ocidentais, seu aliado, e de quem o bom êxito da viagem do monge dependia efectivamente.
Atravessando maciços de montanhas, algumas delas cobertas de glaciares e onde alguns homens morreram de frio, Hsuan-Tsang foi encontrar o Khan a caçar nas margens do rio Issic-Cul “o lago quente”, assim chamado porque as suas águas salgadas e amargas nunca gelam.
“ O Khan – escreve – vestia um manto de cetim verde e tinha a cabeleira a descoberto; no entanto, a sua fronte era cingida por uma faixa de seda, de dez pés de comprimento que lhe caía pelas costas. Estava rodeado por cerca de duzentos oficiais vestidos de brocado e tendo os cabelos entrançados. O resto da tropa compunha-se de cavaleiros montados em camelos e cavalos, vestidos de peles e lã fina, empunhando lanças compridas, guiões e arcos direitos. Era uma multidão tão grande e que se estendia até tão longe que a vista não descobria o fim…”.
Também ele gostaria que o monge se quedasse por ali, mas cedeu à sua vontade e deixou-o seguir viagem para o “ país das Mil Fontes”. Através de Samarcanda, o peregrino atingiu o Hindu-Kuch (montanhas sagradas), que atravessou com imensa dificuldade.
“O caminho – dizia – é duas vezes mais difícil e perigoso do que nas regiões dos desertos e glaciares. Nuvens geladas e turbilhões de neve; nunca há um momento de bom tempo”.
Atingiu finalmente a Índia onde foi apresado por bandidos que depressa o libertaram. Em Caxemira, onde permaneceu por dois anos, estudando com os sábios, foi recebido com todas as honras pelo rei e pela corte. Conta um cronista “que para glorificar o seu hóspede, o soberano espalhou diante dele uma quantidade imensa de flores; depois, pediu-lhe que subisse para o seu próprio elefante e seguiu a pé, atrás dele, com humildade”.
Ao fim desse tempo, embarcou no Ganges para descer até Prayaga (Alabade), onde o seu aspecto atraente quase o levou à morte…
Capturado por piratas quando descia o rio, ele e os companheiros foram arrastados para a margem e expoliados dos seus haveres. Adoradores da deusa Durga,os piratas todos os anos lhe sacrificavam um jovem de bom aspecto, pelo que consideraram Hsuan-Tsang como uma oferta adequada. Apesar dos protestos dos seus companheiros, foi arrastado até um tosco altar de terra, onde se preparam para o matar. Quedando-se em profunda meditação, depressa se levantou um vento furioso que levantou as águas do rio e virou algumas embarcações. Tomados de um terror supersticioso, os bandidos, ao saberem quem ele era, deixaram-no partir assim como a todos os seus acompanhantes.
Finalmente, depois de atravessar uma zona de florestas “regurgitando de feras e elefantes selvagens”, atingiu o seu destino, essa zona da Índia onde, séculos antes, tinha vivido Buda, o Iluminado.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Férias

Meus amigos,

Eu vou…mas volto daqui a uns dias!

Um abraço

BUCÓLICA


A vida é feita de nadas:

De grandes serras paradas

À espera de movimento;

De searas onduladas

Pelo vento;



De casas de moradia

Caídas e com sinais

De ninhos que outrora havia

Nos beirais;



De poeira;

De sombra de uma figueira;

De ver esta maravilha:

Meu Pai a erguer uma videira

Como uma mãe que faz a trança à filha.



Miguel Torga




sexta-feira, 1 de junho de 2012

Dia Mundial Da Criança

Durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 20 de Novembro de 1959, representantes de centenas de países aprovaram a Declaração dos Direitos da Criança, sendo esta a data oficial da sua comemoração. Adaptada da Declaração Universal dos Direitos Humanos, porém, voltada para as crianças, a sua comemoração varia de país para país, sendo assinalada de Janeiro a Dezembro em mais de 150 países.
1. Todas as crianças são iguais e têm os mesmos direitos, não importa sua cor, raça, sexo, religião, origem social ou nacionalidade.
2. Todas as crianças devem ser protegidas pela família, pela sociedade e pelo Estado, para que possam se desenvolver fisicamente e intelectualmente.
3. Todas as crianças têm direito a um nome e a uma nacionalidade.
4. Todas as crianças têm direito a alimentação e ao atendimento médico, antes e depois do seu nascimento. Esse direito também se aplica à sua mãe
5. As crianças portadoras de dificuldades especiais, físicas ou mentais, têm o direito a educação e cuidados especiais.
6. Todas as crianças têm direito ao amor e à compreensão dos pais e da sociedade.
7. Todas as crianças têm direito à educação gratuita e ao lazer
8. Todas as crianças têm direito de ser socorridas em primeiro lugar em caso de acidentes ou catástrofes.
9. Todas as crianças devem ser protegidas contra o abandono e a exploração no trabalho.
10. Todas as crianças têm o direito de crescer em ambiente de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos.