terça-feira, 25 de março de 2014

Túmulo de D. Gonçalo Ouveques



Á esquerda da entrada da Igreja do antigo Mosteiro beneditino de S. Pedro, em Cete (tão antigo que a data da sua primeira fundação se perde no tempo), e já no interior da torre defensiva anexa ao templo, encontra-se a capela funerária de invocação a S. Nicolau Tolentino, que alberga o belíssimo túmulo românico de D.Gonçalo Oveques, reconstrutor e fundador do mosteiro na segunda parte da sua existência.
D. Gonçalo Oveques ou Ouveques ou Veques (1067-1113) foi um cavaleiro de ascendência francesa, que viveu no reinado de D. Afonso VI, de Castela, sogro do Conde D. Henrique. Segundo a Monografia de Paredes, ele o seu irmão D. Garcia Ouveques, “seriam filhos de Ouvequo ou Ouveco, irmão de D. Cresconcio (ou Dom Crescónio), bispo de Coimbra, e netos de Roderindo , do tempo de el-rei D. Ordonho III”. O conde Ouveco Garcia, seu pai, era senhor de Mouriz e da Honra de Urrô, tendo casado com D. Cete Gomes.
D. Gonçalo foi casado com D. Brites de quem teve um filho, D. Diogo Gonçalves de Urrô (1095 - 1139) morto na batalha de Ourique e "que casou com D. Urraca Mendes, irmã de D. Fernão Mendes de Bragança, cunhado de el-rei D. Afonso Henriques (...).
Companheiro do conde D. Henrique, foi senhor de Cete e de Mouriz, lutando ao lado de Gonçalo Mendes da Maia, o Lidador, em vários combates contra os mouros.
"Há quem diga que na família de Gonçalo Oveques havia vários bispos (menciona-se por exemplo uma doação de Oveco, bispo de Leão, em 24 de Junho de 750) e por isso se lhe chamava a família dos bispos - des évêques, derivando-se de aí o apelido Oveques ; que à entrada da igreja de Cêtte, há uma pedra sepulcral que tem desenhado um báculo, bastão episcopal curvo em cima, insígnia de bispo, e que no claustro há uma pedra sepulcral quebrada, que também tem representado um báculo”.
A sua admirável arca tumular, sem jacente, que albergava também os restos mortais de sua esposa, está inserida num arcossólio de volta perfeita, encimado por arco canopial decorado com friso fitomórfico, e apresenta o frontal composto por cinco painéis profusamente decorados com invulgar e larga decoração vegetalista, divididos por pares de caules cruzados, com as raízes alargadas em leque guarnecendo a base da arca. A capela tem cobertura em abóbada polinervada, assente em mísulas hexagonais, onde se pode admirar um bocete armoriado na pedra de fecho. O portal é emoldurado por duas arquivoltas de ponto, sendo a exterior decorada por friso vegetalista, repetido nos saiméis.
Na época manuelina o Mosteiro sofreu algumas remodelações, pelo que tanto a abóbada da capela funerária como o arcossólio do túmulo foram arranjados, passando a ostentar painéis de azulejos policromados quinhentistas.
Com o passar do tempo, o Mosteiro entrou em decadência e em 1936, nas obras de restauro que então se fizeram, o túmulo de D. Gonçalo foi descoberto, felizmente “ileso”, debaixo de um monte de entulho.
  



Fontes e Imagens:
As Mais Belas Igrejas de Portugal – Vol.I, Editorial Verbo
Saraiva, José Hermano – Lugares desconhecidos de Portugal – Selecções do Reader’s Digest
wikipedia.org
www.igespar.pt