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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Dos Filhos


E uma mulher que carregava o filho nos braços disse: “Fala-nos dos filhos.”
E ele disse:
Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável.


 Khalil Gibran – “O Profeta”

 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

SEPARAÇÃO


Só eu sei quanto me dói a separação!
Na minha nostalgia fico desterrado
À míngua de encontrar consolação.

À pena, no papel, escrever não é dado
Sem que a lágrima trace, caindo teimosa,
Linhas de amor na página da face.

Se o meu grande orgulho não obstasse
Iria ver-te à noite; orvalho apaixonado
De visita às pétalas da rosa.

Al – Mu’tamid (1040-1095, Rei-poeta da taifa de Sevilha, nascido em Beja)

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Poesia Árabe

ABÛ – L – WALÎD AL – BÂJÎ
De seu nome completo Sulaimân ibn Khalaf ibn Sa’ad ibn Ayyûb ibn Wârith at-Tughîbî Abû –l-Walîd al-Bâjî, nasceu em Beja, em 28 de Maio de 1013, e foi estudar para Córdova onde viveu, tendo visitado Meca e Bagdade, permanecendo no Oriente treze anos. Poeta e teólogo, trabalhou como relojoeiro e ourives para se poder sustentar. Morreu a 23 de Dezembro de 1081, legando-nos uma imensa obra, sobretudo como jurista.


ELEGIA PElA MORTE DE SEU FILHO MUHAMMAD

Filho: a tua perda é-me pesada
Apesar de ser enorme a resignação
Antes de ti perdemos o Profeta, e então?
Sua falta ainda é mais lamentada.
Pensei que me seguisses na jornada
Quem te seguirá afinal sou eu.
Não deixa a tua imagem o olhar meu
E molda-se o humor como ela quer:
A meu lado, se olho julgo te ver
E creio ouvir a tua voz quando escuto.
A dor não finda, se vagueio, um só minuto
E em cada tumba me detenho e paro
Se outrem chamo, teu nome vem-me à boca,
Diferente chamamento é muito raro.

Fontes: Alves, Adalberto – O meu coração é árabe