Nem só
de pão vive o homem... mas o que é certo é que além de nos encher
a barriga, enche também a alma dos poetas portugueses!
Folheando
uma antiga revista de culinária dei com este engraçado poema de
José Inácio de Araújo (1807-1927), onde o poeta lhe enaltece as
virtudes ao apresentá-lo numa das suas transformações mais
saborosas: a nossa magnífica açorda!
Açorda
Portuguesa
Pão de
trigo sem ter sombra de joio;
Azeite do
melhor, de Santarém;
Alho do
mais pequeno, e do saloio,
Ponha em
lume brandinho e mexa bem;
Sal que
não seja inglês – porque é remédio
Toda a
creança assim alimentada
É capaz
de deitar abaixo um prédio,
Quatro
meses depois de desmamada.
Com este
bom pitéu, sem refogados,
Invenção
puramente lusitana,
Os
ilustres varões assignalados
Passaram
inda além da Taprobana.
Fortes
pela açorda, demos nós aos mouros,
Como se
sabe, uma fatal derrota;
E
abiscoitámos magestosos louros
Para os
nobres trophéus de Aljubarrota.
J. I.
D'Araújo
Fontes:
Revista Culinária “Banquete” nº 5
Imagem:
www.segredosdavo.pt
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