Em Castelo Branco acreditava-se que ao meio-dia as folhas das oliveiras estavam “encruzadas” e como as Portas do Paraíso a essa hora estão abertas, quem morresse nesse dia, ia para o Céu.
Na Rapa, durante a cerimónia religiosa que se celebrava depois da Missa a que se dava o nome de “Hora da Noa”, era costume deitarem sobre o celebrante e o altar uma chuva de pétalas de rosas, que no fim da cerimónia o povo recolhia usando-as depois em remédios caseiros, como por exemplo, a lavagem dos olhos inflamados com água dessas rosas.
Noutros lados, soltavam-se passarinhos ou andorinhas enfeitadas com fitas e rosas nas igrejas, durante essa cerimónia.
Se os passarinhos soubessem
Quando é Dia de Ascensão
Nem buliam nos seus ninhos
Nem punham os pés no chão.
Em várias localidades, o leite ordenhado não se vende, é dado a quem o quiser.
Quanto ao pão, depois de cozido, guardava-se um deles durante o ano inteiro para ser comido no dia da Espiga do ano seguinte, substituindo-se por outro. Por isso se dizia que “pão guardado na Hora, não ganha bolor”.
Em Fornos de Algodres dizia-se:
“Dia da Ascensão
Seca a raiz ao pão”.
No Porto, a Quinta-feira de Ascensão era também chamada de “Dia da Hora”, e segundo a voz popular “há uma hora em que o leite não coalha, as águas dos ribeiros não correm, o pão não leveda, os pássaros não bulem nos ninhos e até as folhas se cruzam”.
Devia também comer-se carne:
“Em Quinta-Feira de Ascensão
Quem não come carne
Não tem coração:
Ou de ave de pena
Ou de rês pequena.”
Em Aljustrel, dizia-se:
“Quinta-feira de Ascensão
Coalha a amêndoa e o pinhão”.
Liturgicamente, depois da revisão dos feriados, a Ascensão do Senhor é celebrada no domingo a seguir à Quinta-feira da Espiga.
Leite de Vasconcelos, J. – Etnografia Portuguesa, Vol.VIII
Coelho, Adolfo – Festas, Costumes e outros materiais para uma Etnologia de Portugal, Vol.I
Sem comentários:
Enviar um comentário