Nascida para
reinar, nunca a coroa de rainha que lhe estava destinada pousou na sua cabeça…Noiva
várias vezes e depois casada, o seu matrimónio nunca foi consumado…E a sua
juventude sumiu-se aos 18 anos de idade, por detrás das grades de um convento
Filha única do
rei Henrique IV de Castela e da sua segunda esposa, a princesa D. Joana, irmã
do rei D. Afonso V de Portugal, nasceu a 28 de Fevereiro de 1462, ao fim de
sete anos de matrimónio, sendo-lhe posto o nome de sua mãe, Joana. A sua madrinha
de baptismo foi a meia-irmã de seu pai, a infanta Isabel, mais tarde conhecida
como “Isabel, a Católica”, que num futuro próximo lhe tomaria a coroa sem
nenhum remorso.
Jurada herdeira
da coroa castelhana no mesmo ano em que nasceu, é o seu próprio pai, que em
1464 lhe passa um atestado de ilegitimidade, quando, cedendo a pressões
internas, nomeia herdeiro do trono a seu meio-irmão Afonso, na condição de que
ele case com a sobrinha!
Tão pouca idade e
já tão maus pronúncios… Mas porquê?
Recuemos um
pouco no tempo…
Henrique IV, então
apenas o herdeiro do trono de Castela, tinha casado aos 16 anos com Branca de
Navarra, da qual se separou 13 anos mais tarde, já rei, e sem, ao que parece,
conseguir consumar o matrimónio. Os rumores de impotência do rei espalharam-se
pelas diversas cortes, mas isso não impediu que D. Afonso V, de Portugal, lhe
cedesse a sua jovem e bela irmã em casamento. A esterilidade era sempre
atribuída às mulheres,
além de que,
havia prostitutas que garantiam a virilidade do monarca castelhano…e a paz com
Castela era muito mais importante!
E assim, depois
de obtida a dispensa papal para o casamento, visto serem primos, o matrimónio
realizou-se em Maio de 1455. Mas Henrique IV proibiu que na manhã seguinte à
noite de núpcias fosse exibido, como era costume, o lençol manchado de sangue
atestando a virgindade da rainha e a virilidade do rei, Da virgindade da rainha,
com apenas 16 anos de idade, ninguém duvidava, mas os rumores de impotência do
rei foram aumentando de tom, conforme os anos passavam sem que o esperado
herdeiro aparecesse.
Por sua vez, o
comportamento frívolo da rainha e das suas damas não eram de molde a pacificar
os rumores, pelo contrário. A rápida ascensão na corte de um jovem e atraente fidalgo
chamado Beltrán de la Cueva, que tinha conquistado as simpatias do casal real,
e junto de quem a rainha se divertia em saraus e torneios, assim como a
deterioração das relações do rei com o seu valido, o marquês de Villena, levaram
a que em breve se falasse na homossexualidade do monarca e nos amores da rainha
com o novo favorito.
Henrique IV
assumiu então de forma escandalosa duas relações públicas, uma delas com uma
das damas da rainha, provavelmente para provar a falta de fundamentos dessas
acusações, mas nenhuma delas deu “frutos”.
Quando em 1462,
ao fim de sete anos de casamento, a rainha ficou finalmente grávida, foram muitos
os que duvidaram da verdadeira paternidade da criança…
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