segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A Excelente Senhora – I



Nascida para reinar, nunca a coroa de rainha que lhe estava destinada pousou na sua cabeça…Noiva várias vezes e depois casada, o seu matrimónio nunca foi consumado…E a sua juventude sumiu-se aos 18 anos de idade, por detrás das grades de um convento

Filha única do rei Henrique IV de Castela e da sua segunda esposa, a princesa D. Joana, irmã do rei D. Afonso V de Portugal, nasceu a 28 de Fevereiro de 1462, ao fim de sete anos de matrimónio, sendo-lhe posto o nome de sua mãe, Joana. A sua madrinha de baptismo foi a meia-irmã de seu pai, a infanta Isabel, mais tarde conhecida como “Isabel, a Católica”, que num futuro próximo lhe tomaria a coroa sem nenhum remorso.

Jurada herdeira da coroa castelhana no mesmo ano em que nasceu, é o seu próprio pai, que em 1464 lhe passa um atestado de ilegitimidade, quando, cedendo a pressões internas, nomeia herdeiro do trono a seu meio-irmão Afonso, na condição de que ele case com a sobrinha!

Tão pouca idade e já tão maus pronúncios… Mas porquê?

Recuemos um pouco no tempo…

Henrique IV, então apenas o herdeiro do trono de Castela, tinha casado aos 16 anos com Branca de Navarra, da qual se separou 13 anos mais tarde, já rei, e sem, ao que parece, conseguir consumar o matrimónio. Os rumores de impotência do rei espalharam-se pelas diversas cortes, mas isso não impediu que D. Afonso V, de Portugal, lhe cedesse a sua jovem e bela irmã em casamento. A esterilidade era sempre atribuída às mulheres,

além de que, havia prostitutas que garantiam a virilidade do monarca castelhano…e a paz com Castela era muito mais importante!

E assim, depois de obtida a dispensa papal para o casamento, visto serem primos, o matrimónio realizou-se em Maio de 1455. Mas Henrique IV proibiu que na manhã seguinte à noite de núpcias fosse exibido, como era costume, o lençol manchado de sangue atestando a virgindade da rainha e a virilidade do rei, Da virgindade da rainha, com apenas 16 anos de idade, ninguém duvidava, mas os rumores de impotência do rei foram aumentando de tom, conforme os anos passavam sem que o esperado herdeiro aparecesse.

Por sua vez, o comportamento frívolo da rainha e das suas damas não eram de molde a pacificar os rumores, pelo contrário. A rápida ascensão na corte de um jovem e atraente fidalgo chamado Beltrán de la Cueva, que tinha conquistado as simpatias do casal real, e junto de quem a rainha se divertia em saraus e torneios, assim como a deterioração das relações do rei com o seu valido, o marquês de Villena, levaram a que em breve se falasse na homossexualidade do monarca e nos amores da rainha com o novo favorito.

Henrique IV assumiu então de forma escandalosa duas relações públicas, uma delas com uma das damas da rainha, provavelmente para provar a falta de fundamentos dessas acusações, mas nenhuma delas deu “frutos”.

Quando em 1462, ao fim de sete anos de casamento, a rainha ficou finalmente grávida, foram muitos os que duvidaram da verdadeira paternidade da criança…

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