domingo, 14 de abril de 2013

O Papa Formoso – III



O Sínodo do Cadáver

Em Janeiro de 897, o cadáver do Papa Formoso exumado nove meses após a sua morte, vestido e adornado com as vestes e símbolos papais e sentado no trono da Basílica de S. João de Latrão, é apresentado perante o sínodo convocado para o seu julgamento. Um diácono a seu lado responde por ele (???) às acusações que lhe são feitas por Estêvão VI, o seu sucessor.
As acusações são várias, mas incidem principalmente no facto de Formoso na sua ambição pelo poder, ter abandonado a sede do seu bispado do Porto para ocupar a cadeira de S. Pedro…
Considerado culpado, todos os actos e decisões tomados durante o seu pontificado foram anulados, e o cadáver depois de despojado das suas ricas vestes, foi mutilado, tendo-lhe sido cortados os três dedos da mão direita usados para a bênção.
Para maior descrédito, o corpo foi enterrado num cemitério para estrangeiros sendo daí retirado dois dias depois e arrojado ao rio Tibre.
O espetáculo macabro fez a opinião pública em Roma voltar-se contra Estêvão, começando a circular rumores de que o corpo de Formoso tinha começado a operar milagres. A revolta do público levou Estêvão a ser deposto e encarcerado, sendo estrangulado em julho ou agosto de 897.
Em novembro desse ano o Papa Teodoro II (897) convocou um sínodo que anulou o Sínodo do Cadáver, reabilitou Formoso, e ordenou que seu corpo, que havia sido recuperado do Tibre, fosse enterrado na Basílica de São Pedro em paramentos pontifícios. Em 898, João IX (898-900) também anulou o Sínodo do Cadáver, e convocou dois sínodos (um em Roma e outro em Ravena), que confirmaram as conclusões do Sínodo de Teodoro II,e ordenou que a acta do Sínodo do Cadáver fosse destruída, proibindo qualquer julgamento futuro de uma pessoa morta.
Após a sua morte, o Papa Sérgio III (904-911), um bispo que tomou parte no Sínodo do Cadáver como co-juiz, anulou as decisões de Teodoro II e João IX, reafirmando a condenação de Formoso, cujos ossos foram novamente atirados ao rio, donde foram recuperados por um monge, ou por um pescador e guardados secretamente até depois da morte de Sérgio III para serem depositados de novo na cripta papal.

Fontes:
pt.wikipédia.org
Cawthorne, Nigel – A Vida Sexual dos Papas
Pierrard, Pierre – História da Igreja Católica
ec.aciprensa.com/wiki

Imagens: wikipédia

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