Á esquerda da
entrada da Igreja do antigo Mosteiro beneditino de S. Pedro, em Cete (tão
antigo que a data da sua primeira fundação se perde no tempo), e já no interior
da torre defensiva anexa ao templo, encontra-se a capela funerária de invocação
a S. Nicolau Tolentino, que alberga o belíssimo túmulo românico de D.Gonçalo
Oveques, reconstrutor e fundador do mosteiro na segunda parte da sua
existência.
D. Gonçalo
Oveques ou Ouveques ou Veques (1067-1113) foi um cavaleiro de ascendência francesa, que
viveu no reinado de D. Afonso VI, de Castela, sogro do Conde D. Henrique. Segundo
a Monografia de Paredes, ele o seu irmão D. Garcia Ouveques, “seriam filhos
de Ouvequo ou Ouveco, irmão de D. Cresconcio (ou Dom Crescónio), bispo de Coimbra, e netos de
Roderindo , do tempo de el-rei D. Ordonho III”. O conde Ouveco Garcia, seu pai, era senhor de
Mouriz e da Honra de Urrô, tendo casado com D. Cete Gomes.
D. Gonçalo foi casado
com D. Brites de quem teve um filho, D. Diogo Gonçalves de Urrô (1095 - 1139)
morto na batalha de Ourique e "que casou com D. Urraca Mendes, irmã de D.
Fernão Mendes de Bragança, cunhado de el-rei D. Afonso Henriques (...).
Companheiro do conde D. Henrique, foi senhor de Cete e de Mouriz, lutando ao lado de
Gonçalo Mendes da Maia, o Lidador, em vários combates contra os mouros.
"Há
quem diga que na família de Gonçalo Oveques havia vários bispos (menciona-se
por exemplo uma doação de Oveco, bispo de Leão, em 24 de Junho
de 750) e por isso se
lhe chamava a família dos bispos - des
évêques, derivando-se de aí o apelido
Oveques ; que à entrada da igreja de Cêtte, há uma pedra sepulcral que tem
desenhado um báculo, bastão episcopal curvo em cima, insígnia de bispo, e que
no claustro há uma pedra sepulcral quebrada, que também tem representado um
báculo”.
A sua admirável arca
tumular, sem jacente, que albergava também os restos mortais de sua esposa,
está inserida num arcossólio de volta perfeita, encimado por arco canopial
decorado com friso fitomórfico, e apresenta o frontal composto por cinco
painéis profusamente decorados com invulgar e larga decoração vegetalista, divididos
por pares de caules cruzados, com as raízes alargadas em leque guarnecendo a
base da arca. A capela tem cobertura em abóbada polinervada, assente em mísulas
hexagonais, onde se pode admirar um bocete armoriado na pedra de fecho. O portal
é emoldurado por duas arquivoltas de ponto, sendo a exterior decorada por friso
vegetalista, repetido nos saiméis.
Na época
manuelina o Mosteiro sofreu algumas remodelações, pelo que tanto a abóbada da
capela funerária como o arcossólio do túmulo foram arranjados, passando a
ostentar painéis de azulejos policromados quinhentistas.
Com o passar do tempo,
o Mosteiro entrou em decadência e em 1936, nas obras de restauro que então se
fizeram, o túmulo de D. Gonçalo foi descoberto, felizmente “ileso”, debaixo de
um monte de entulho.
Fontes e Imagens:
As Mais Belas Igrejas
de Portugal – Vol.I, Editorial Verbo
Saraiva, José Hermano –
Lugares desconhecidos de Portugal – Selecções do Reader’s Digest
wikipedia.org
www.igespar.pt
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