Inicialmente vencem os Taira, mas em 1185 o clã dos
Minamoto derrota por completo a família rival, e o seu chefe,
Yoritomo Minamoto, torna-se, em 1192, no primeiro Xogun
(generalíssimo) conhecido, estabelecendo a sua capital militar na
aldeia piscatória de Kamakura, de onde governa efectivamente o país,
estabelecendo alianças com os principais clãs e apoiando-se na
nobreza armada da cavalaria, os samurais, entregando-lhes as terras
expropriadas aos Tairas, ligando-os ao clã Minamoto. Iniciava-se
assim a chamada Era ou Bakufu de Kamakura (1185 – 1333) e os
samurais tornam-se na elite dominante do Japão, totalizando cerca de
6% da população.
O termo Bafuku refere-se à tenda do quartel-general
de um chefe militar em campanha ou a sua residência em tempo de paz.
Havia, portanto, duas capitais: a militar ou o Bafuku do Xogun e a
imperial ou a do Tenno e a sua Corte.
Durante
este período, houve duas categorias de guerreiros: os gokenin
(fidalgos
da Casa do Xogun), que prestavam vassalagem directamente aos xoguns,
e os restantes combatentes que não tinham quaisquer laços de
privilégio com os chefes militares. Os gokenin, conservaram,
hereditariamente, as responsabilidades administrativas mais
prestigiosas. Entre os guerreiros a hierarquia também dependia das
técnicas militares: os que lutavam a cavalo e envergavam armadura
eram superiores aos que combatiam a pé, com armamento ligeiro. A
erudição era outro factor importante, uma vez que a cultura da
elite militar nada tinha a ver com a pouca instrução dos guerreiros
provinciais.
No
sec. XIII, por duas vezes, entre 1274 e 1281, forças mongóis
numerosas, comandadas por Kublai Khan, neto de Gengis Khan, o
conquistador da Ásia, atacaram o Japão a partir do mar. Os samurais
resistiram, combatendo nas praias e em barcos. Em ambas, violentas
tempestades acompanhadas de tufões, destroçaram as armadas
invasoras, pelo que ao segundo tufão, os japoneses lhe deram o nome
de kamikaze
(vento
divino),
designação
adoptada pelos pilotos suicidas japoneses durante a II Guerra
Mundial.
De 1333 a 1338 dá-se a queda do xogunato de Kamakura
e a ascenção ao poder de um novo regime chefiado por Ashikaga
Takauji, que muda a capital para Quioto, embora resida em Muromachi,
um dos quarteirões da cidade, que dará o nome à segunda metade do
seu xogunato. A Era Ashikaga, ou Muromachi/Ashikaga dura até 1573,
mas não terá o mesmo poder que o de Kamakura. As guerras passam
também a travar-se cada vez mais não apenas em campo aberto, mas
também em terrenos montanhosos – domínios dos ambiciosos chefes
dos clãs.
Estes
chefes (cerca de 20 clãs controlavam grande parte do Japão),
verdadeiros suseranos locais, que adoptam, no sec. XVI o título de
daimyo,
após a morte em 1489 do xogun Yoshihisa, combatem ferozmente entre
si pela sucessão do xogunato, dando início a um ciclo de guerras
internas denominado Sengoku
Jidai, a Era do País em Guerra, que
afunda o país na anarquia e miséria, perante a indiferença quase
total da corte imperial.
E no entanto, nos seus castelos, estes samurais
terratenentes acolhiam pintores, dramaturgos e intelectuais em saraus
organizados com regularidade. Os generais samurais praticavam a
caligrafia, aprendiam arranjo de flores e tocavam alaúde. Durante a
feroz guerra Onin (1467-1477), quando grande parte de Quioto foi
consumida pelas chamas, os oficiais entretinham-se a compor poemas e
a trajar os seus luxuosos trajes de seda durante as batalhas. Mas era
a cerimónia do chá o que mais apaixonava os samurais de elevado
estatuto, desde que no sec. XIII, monges budistas zen introduziram os
rituais para consumo do chá entre os senhores da guerra Ashikaga.
Em
1543, aventureiros portugueses que devido a uma tempestade se tinham
desviado da sua rota durante uma viagem à China, introduziram no
Japão as primeiras armas de fogo, os arcabuzes, que mudaram por
completo as tácticas de combate. Para se poderem conquistar os
castelos inimigos eram necessários exércitos cada vez maiores e
além de milhares de samurais que combatiam pelo seu senhor,
engrossavam-se as fileiras com agricultores forçados a combater como
soldados de infantaria, (os ashigaru ou pés descalços), que muitas
vezes transportavam armas de fogo. As batalhas tornaram-se cada vez
mais mais sangrentas e sempre que um senhor da guerra era abatido o
mundo rural via-se inundado de guerreiros sobreviventes, a partir daí
desempregados – samurais sem senhor, ou ronin,
homem flutuante.
No final do sec. XVI e no meio deste caos, dois
homens se destacam: Oda Nobunaga (1534-1582) e Toyotomi Hideyoshi
(1536-1598), que inauguram a Era dos Ditadores ou Momoyama
(1573-1603), conseguindo restabelecer um forte poder central.