terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Samurais, os Senhores da Guerra - V

Mas Hideyoshi falece em 1598 no seu castelo de Osaka e o seu filho Hideyori torna-se o líder do clã Toyotomium embora ainda fosse criança. Um dos membros do Conselho de Regência, rival e mais tarde aliado do falecido Hideyoshi, Tokugawa Ieyasu, assume a tutela do menor, casa-o com uma das suas filhas e no Japão começa de novo a luta pelo poder.
A 15 de Setembro de 1600, Ieyasu trava na planície de Sekigahara a luta decisiva contra os poderosos daimios rivais e os seus cavaleiros. No total participaram cerca de 160.000 homens e às oito horas da manhã iniciou-se uma batalha feroz que termina às duas da tarde com a vitória decisiva de Tokugawa depois da traição de alguns daimios ocidentais que se bandearam para o seu lado. Ainda hoje uma sepultura comum de 40.000 inimigos assinala o local da vitória.
Em 1603 retoma o titulo de Xogun, forma um governo de militares independentes da corte e estabelece a capital militar perto da sua fortaleza de Yedo ou “portão do rio” - a futura Tóquio, dando começo à Era Edo/Tokugawa, que se prolonga sucessivamente durante cinco gerações até 1867.
Em 1605, retirou-se como xogun e passou o lugar a seu filho, Hidetada, se bem que fosse ele a dar as ordens a partir dos bastidores, estabelecendo assim um precedente dinástico no qual o posto de xogun seria transmitido através dos descendentes Tokugawa.
Quinze anos mais tarde (um ano antes da sua morte), sabendo que a família de Hideyoshi voltaria a reivindicar o seu lugar cimeiro, manda atacar e exterminar pela espada e pelo fogo a família do seu pupilo e os seus próprios netos no grande templo fortificado de Osaka.
Em 1637,
Este longo período de paz permitiu o aparecimento de um estilo cultural sem igual no Japão, bem como o desenvolvimento de uma alta tecnologia e de um alto nível educacional no país. Infelizmente, esta paz e estabilidade pautou-se também por um extremo conservadorismo, levando a um quase total isolamento do arquipélago e à expulsão de todos os estrangeiros do país, com excepção da feitoria holandesa, encerradd na minúscula ilhota de Deshima, no porto de Nagasáqui.
Foi também fatal para os samurais. Já no início da época Tokugawa tinha sido concluída a paz com a Coreia e com a China e nestes dois séculos e meio praticamente sem lutas, muitos tornaram-se aristocratas inactivos, instalados no topo de um sistema rígido composto por 4 classes: samurais, camponeses, artesãos e mercadores. As suas capacidades militares diminuíram, os mercadores – completamente desprezados pelas elites – ultrapassaram-nos em riqueza e, no final da década de 1860, as forças leais ao imperador, incluindo samurais descontentes, afastaram do poder a outrora indómita classe de guerreiros.
Quanto a Tokugawa, constrói para os seus últimos anos de vida um templo e um castelo em Shizuoka assim como um túmulo no bosque xintoísta de Nikko, sobre o qual manda colocar a sua árvore anã preferida, de dois palmos de altura, que levava sempre consigo abrigada numa caixa.
É dele este poema escrito no seu castelo de Shizuoka (monte da tranquilidade):

A vida é como uma longa viagem.
De cabeça vergada por pesada carga:
Dirige os teus passos devagar, com constância e sabedoria,
Assim tropeçarás menos quando ela te pesar.
Acredita que a necessidade, a vista da separação e a expiação
São o destino inelutável dos mortais:
Não terás que tornar-te num descontentes
E cair no regaço do desespero.
Se a ambição te quiser abrasar o coração

Pensa nos momentos maus por que dificilmente passaste!
Aprende a conhecer a paz de alma, as raízes,
Na tolerância, como mandamento supremo.
Do rancor e da ira a alma deves livrar!
Ai! - de quem não sabe o que é ser vencido!
Para um mau fim caminha o que só conheceu a soberba da vitória.
A culpa, procura-a mais em ti mesmo do que nos outros -
E quanto mais, tanto mais seguro andarás”.




Tokugawa Ieyasu

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