Mas Hideyoshi
falece em 1598 no seu castelo de Osaka e o seu filho Hideyori
torna-se o líder do clã Toyotomium embora ainda fosse criança. Um
dos membros do Conselho de Regência, rival e mais tarde aliado do
falecido Hideyoshi, Tokugawa Ieyasu, assume a tutela do menor,
casa-o com uma das suas filhas e no Japão começa de novo a luta
pelo poder.
A 15 de Setembro de 1600, Ieyasu trava na planície
de Sekigahara a luta decisiva contra os poderosos daimios rivais e os
seus cavaleiros. No total participaram cerca de 160.000 homens e às
oito horas da manhã iniciou-se uma batalha feroz que termina às
duas da tarde com a vitória decisiva de Tokugawa depois da traição
de alguns daimios ocidentais que se bandearam para o seu lado. Ainda
hoje uma sepultura comum de 40.000 inimigos assinala o local da
vitória.
Em 1603 retoma o titulo de Xogun, forma um governo de
militares independentes da corte e estabelece a capital militar perto
da sua fortaleza de Yedo ou “portão do rio” - a futura Tóquio,
dando começo à Era Edo/Tokugawa, que se prolonga sucessivamente
durante cinco gerações até 1867.
Em 1605, retirou-se como xogun e passou o lugar a seu
filho, Hidetada, se bem que fosse ele a dar as ordens a partir dos
bastidores, estabelecendo assim um precedente dinástico no qual o
posto de xogun seria transmitido através dos descendentes Tokugawa.
Quinze anos mais tarde (um ano antes da sua morte),
sabendo que a família de Hideyoshi voltaria a reivindicar o seu
lugar cimeiro, manda atacar e exterminar pela espada e pelo fogo a
família do seu pupilo e os seus próprios netos no grande templo
fortificado de Osaka.
Em 1637,
Este longo período de paz permitiu o aparecimento de
um estilo cultural sem igual no Japão, bem como o desenvolvimento de
uma alta tecnologia e de um alto nível educacional no país.
Infelizmente, esta paz e estabilidade pautou-se também por um
extremo conservadorismo, levando a um quase total isolamento do
arquipélago e à expulsão de todos os estrangeiros do país, com
excepção da feitoria holandesa, encerradd na minúscula ilhota de
Deshima, no porto de Nagasáqui.
Foi também fatal para os samurais. Já no início da
época Tokugawa tinha sido concluída a paz com a Coreia e com a
China e nestes dois séculos e meio praticamente sem lutas, muitos
tornaram-se aristocratas inactivos, instalados no topo de um sistema
rígido composto por 4 classes: samurais, camponeses, artesãos e
mercadores. As suas capacidades militares diminuíram, os mercadores
– completamente desprezados pelas elites – ultrapassaram-nos em
riqueza e, no final da década de 1860, as forças leais ao
imperador, incluindo samurais descontentes, afastaram do poder a
outrora indómita classe de guerreiros.
Quanto a Tokugawa, constrói para os seus últimos
anos de vida um templo e um castelo em Shizuoka assim como um túmulo
no bosque xintoísta de Nikko, sobre o qual manda colocar a sua
árvore anã preferida, de dois palmos de altura, que levava sempre
consigo abrigada numa caixa.
É dele este poema escrito no seu castelo de Shizuoka
(monte da tranquilidade):
“A
vida é como uma longa viagem.
De cabeça vergada
por pesada carga:
Dirige os teus
passos devagar, com constância e sabedoria,
Assim tropeçarás
menos quando ela te pesar.
Acredita que a
necessidade, a vista da separação e a expiação
São o destino
inelutável dos mortais:
Não terás que
tornar-te num descontentes
E cair no regaço
do desespero.
Se a ambição te
quiser abrasar o coração
Pensa nos momentos
maus por que dificilmente passaste!
Aprende a conhecer
a paz de alma, as raízes,
Na tolerância,
como mandamento supremo.
Do rancor e da ira
a alma deves livrar!
Ai! - de quem não
sabe o que é ser vencido!
Para um mau fim
caminha o que só conheceu a soberba da vitória.
A culpa, procura-a
mais em ti mesmo do que nos outros -
E quanto mais,
tanto mais seguro andarás”.
Tokugawa
Ieyasu
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