quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Giuseppe Arcimboldo

 Giuseppe Arcimboldo nasceu em Milão, no ano de 1527. É considerado um dos mais célebres representantes do maneirismo.

Arcimboldo trabalhou inicialmente com seu pai Biaggio Arcimboldo, artista que trabalhava em afrescos. A partir de 1562 morou em Praga, então capital do reino da Boêmia e hoje da República Tcheca, onde consolidou a sua carreira artística. Serviu na corte de Fernando I e dos seus sucessores, Maximiliano II e seu filho Rodolfo II, grandes mecenas. Arcimboldo foi admirado como artista pelos três monarcas, tornou-se pintor da corte e chegou a ser nomeado Conde Palatino.
Praga transformou-se no século XVI, principalmente por causa de Rodolfo II, num dos maiores centros culturais da Europa, de intensa e diversa atividade cultural e científica. Embora Praga fosse uma Corte católica, os seus monarcas eram de grande tolerância em relação a outras religiões e crenças. Ali conviviam judeus, cristãos e ocultistas. Nesse contexto, as singularidades da arte de Arcimboldo encontraram solo fértil para florescer.
O ocultismo foi uma referência importante para Arcimboldo, como vemos nas suas paisagens antropomorfas - nas quais corpos e faces humanas são sugeridos pela representação dos relevos, das árvores, das pedras, e de outros elementos de uma paisagem - e nas suas séries ligadas à natureza, como por exemplo, nos quadros sobre as estações do ano feitos para Maximiliano II: Primavera, Verão, Outono e Inverno.
Arcimboldo morreu em Milão, no ano de 1593, para onde se retirou depois de deixar Praga e foi quase no fim da sua carreira que pintou o Imperador Rudolfo II como Vertumnus, o deus romano das estações.
Durante a Guerra dos Trinta Anos, quando Praga foi invadida pela Suécia, grande parte das suas obras que faziam parte da colecção do Imperador Rudolfo II, foram levada pelo exército sueco.
A diversidade de possibilidades de interpretação a partir das composições "estranhas" de Arcimboldo é um dos motivos que levaram, durante muito tempo, ao seu esquecimento pelos historiadores. Foi redescoberto quase 300 anos depois pelos pintores do Movimento Surrealista, como Salvador Dali, entre os séculos XIX e XX.
  

Fontes: Wikipedia

E o Outono chegou…




Com a despedida do Verão, o Outono chegou ainda quente e doce como o sabor das uvas perfumadas mas já mostrando um travozinho ácido como o cheiro dos marmelos…
Mas nestes finais de Outubro desvenda-nos já um pouco da sua face invernosa trazendo consigo a chuva intensa e o vento forte que tem soprado nos últimos dias, fazendo as árvores dobrarem-se gemendo, ao sentirem a sua fúria e as folhas rodopiarem como loucas!
O poeta João de Deus num dos seus poemas descreveu assim o destino das pobres folhas caídas:

Folha Caída

“Que fazes tu por aqui,
Triste folha despegada?
“O vento numa rajada
Arrancou de uma chapada
O carvalho onde nasci;
Desde então, seguindo o vento
Na carreira desigual,
Percorro a cada momento
Bosque, várzea, monte, vale;
E ando neste movimento
Sem receio e sem desdoiro;
Vou na onda caudalosa
Que leva a folha da rosa…
E leva a folha do loiro!”

 




Já o pintor Giuseppe Arcimboldo (1527- 1593), de quem farei a seguir uma breve resenha, serviu-se dos elementos da fauna e flora para pintar os seus exóticos quadros sobre as estações (apresento aqui duas delas, o Verão e o Outono), e que tanto furor fizeram na altura.

domingo, 13 de outubro de 2013

Poema de Fernanda de Castro

Um Pássaro a Morrer

 Não é vida nem morte, é uma passagem,
nem antes nem depois: somente agora,
um minuto nos tantos duma hora.
Uma pausa. Um intervalo. Uma viragem.

Prisioneira de mim, onde a coragem
de quebrar as algemas, ir-me embora,
se tudo o que em mim ria agora chora,
se já não me seduz outra viagem?

E nada disto é céu nem é inferno.
Tristeza, só tristeza. Sol de Inverno,
sem uma flor a abrir na minha mão,

sem um búzio a cantar ao meu ouvido.
Só tristeza, um silêncio desmedido
e um pássaro a morrer: meu coração.

Fernanda de Castro, in "E Eu, Saudosa, Saudosa"