quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Caravelas


Se eu fosse uma caravela
Pelos mares a navegar
Os meus braços uma vela
Que a fizessem singrar
Que rumos eu seguiria?
Aonde iria parar?

Com as mãos no leme crispadas,
Abriria rotas, estradas
Enfrentando monstros e medos
Desvendando os seus segredos
Olhando enfim, descobria
As terras de além-mar!

Navegando ao sol risonho
Ou pelas estrelas cintilantes
À luz branca do luar
Buscaria as terras distantes
Onde em palácios de sonho
Vivem mouras de encantar!

Talvez fosse a ligeira “Bérrio”,
Com a Boa Nova do Gama
De que a rota - mistério
Que a El-Rei traria a fama,
E a glória que o Poder detém
Já era dele também?

Ou seria a nau do comércio
Com ouro, marfim, aves belas
Pimenta, escravos, canela
D’ África, Brasil e Goa
Que fazem desta Lisboa
A capital de um Império?

E com arrojo iria, isso sim,
Aonde todos os perigos espreitam...
Provando ao Mundo que a Terra
É verdadeiramente uma esfera
E os oceanos se estreitam
Num abraço tremendo, sem fim!

E quando chegasse o dia
De o meu corpo terminar
O seu tempo neste mundo
Aos deuses eu rogaria
Que me deixassem repousar
Bem dentro do mar profundo…

N.G.




























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