Oda Nobunaga (1534-1582), alcunhado o Tolo de Owari,
pelo seu comportamento bizarro na infância, era filho de um senhor
feudal de Bishu, conquistou o reino depois de esmagar os dáimios
rivais e as instituições religiosas. Em 1568 tomou Kyoto dominando
as tropas da corte imperial e as do xogun, demite as chancelarias da
corte, e estabelece em nome do imperador uma espécie de paz nacional
numa parte considerável do país. Repôs no poder o décimo quinto
xogun Yoshiaki Ashikaga, mas demiti-lo-ia ao fim de pouco tempo,
acabando assim com o xogunato.
Pequeno e feio, Nobunaga além de ser excelente
estratega, era também cruel. Como génio militar, estreou-se aos
vinte e sete anos na batalha de Okehazama, em 1566, onde não só
derrotou um exército bastante maior, o clã Imagawa, considerado a
maior força militar daquela época, como também capturou o próprio
chefe dáimio. Em 1571 chacinou cerca de 3.000 monges Tendai e
laicos, no monte Hei, arrasando o mosteiro, sem se incomodar com o
que muitos consideraram um sacrilégio. Em 1574, em Nagashima,
província de Owari, Nobunaga cercou cerca de 20.000 seguidores de
Ikkoshu (devotos da escola da Terra da Verdade Pura, uma poderosa
força espiritual e militar sob a alçada do complexo monástico de
Honganji, opositores de Oda), homens mulheres e crianças e
lançou-lhes fogo. Em 1575 trava a batalha de Nagashino, em Mikawa,
decisiva para derrotar os dáimios rivais e onde, pela primeira vez,
se assiste ao uso intensivo das armas de fogo. Em 1578 todo o Japão
central está sob o seu poder e em 1580, após dez anos de cerco,
consegue a capitulação da grande fortaleza que servia de
quartel-general da seita Ikko, em Ishiyama (Osaca).
É no seu tempo que se dá o encontro com os
missionários portugueses, que só tolera porque procura um
equilíbrio religioso contra as comunidades monásticas do seu
próprio país. Usando-os como instrumento político, dá-lhes todas
as facilidades para a propagação da fé católica, chegando mesmo a
doar-lhes em Kyoto, a capital, a mais imponente das cercas de 200
igrejas até aí construídas pelos jesuítas, a “Nambanji”.
No que respeita à Corte, Nobunaga manda reconstruir
o palácio imperial ao mesmo tempo que impõe de novo ao país a
figura reabilitada do imperador, que durante todo esse tempo de
guerra e anarquia estava quase esquecida.
Como demonstração do seu poder, Nobunaga manda
construir para si um castelo magnífico, o castelo de Azuchi, nas
margens do Lago Biwa, que, juntamente com o que o seu seguidor mandou
também edificar, define a Era dos Ditadores como o Período
Azuchi-Momoyama.
O
castelo de Azuchi, que se tornou num dos símbolos culturais desta
época assim como as festas magníficas que aí se celebravam
deixaram o missionário português Luís Fróis (1532-1597), que
viveu no Japão mais de trinta anos, completamente assombrado.
Construido no cimo do monte que dominava a cidade, era rodeado por
muralhas com mais de sessenta palmos de altura. Dentro delas, além
de vários edifícios decorados a ouro e estátuas, situava-se uma
torre de sete andares a que chamavam tenshu.
No seu interior havia salas com pinturas magníficas e decoradas a
folha de ouro feitas pelo artista Kano Eitoku, enquanto que no
exterior cada andar era pintado de várias cores. Infelizmente este
castelo ardeu em 1582, depois de ter sido saqueado a seguir à morte
do seu dono.
A 21 de Junho de 1582, Oda Nobunaga encontrava-se com
uma escolta reduzida a descansar no templo budista de Honnô-ji, em
Kyoto, quando um dos seus generais, Mitsuhide, por razões ainda hoje
não totalmente conhecidas, o cercou à traição, impondo-lhe que se
rendesse. Sem meios para se defender, Oda prefere matar-se, cometendo
sepukku, ao mesmo tempo que manda incendiar o templo para que não se
pudessem apoderar do seu corpo, uma vez que naquela altura, ainda se
exibiam as cabeças cortadas aos inimigos. Este acontecimento ficou
conhecido como o Incidente de Honnô-ji.
O sonho de Nobunaga para a reunificação do país
não acabou com a sua morte, pois um dos seus melhores generais,
Toyotomi Hideyoshi, um homem de origem humilde, filho de um camponês
de Owari, que tinha subido a pulso na carreira, devido às suas
próprias capacidades, derrotou o general rebelde, tornando-se no
novo senhor do poder.
O mesmo jesuíta português Luís Fróis que chegou a
ser seu amigo escreve:
"Nobunaga
não acredita em vida após a morte nem em nada que ele não possa
ver com seus próprios olhos". "[...] Nobunaga faz muito
segredo quanto aos seus planos, é um especialista na arte da guerra,
muito pouco ou nada disposto a aceitar conselho ou admoestação de
seus subordinados, muito temido e respeitado por todos. [...] Possui
grande capacidade de discernimento, pensamento claro, e despreza as
deidades e todas
as
formas de idolatria e superstição. Ele é um adepto nominal da
seita Hokke
(Lotus) mas declara publicamente que não existem coisas como um
Criador do Universo ou a imortalidade da alma, ou vida após a morte.
Extremamente refinado e limpo em sua vestimenta e na nobreza das suas
ações".
Uma
frase pode resumir o estilo de Oda Nobunaga: "Se o pássaro não
canta, eu o mato"
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