quinta-feira, 2 de abril de 2015

A ÚLTIMA CEIA

Última Ceia – Ícone de Teófanes, o Cretense
Enquanto comiam, tomou um pão e, depois de pronunciar a benção, partiu-o e entregou-o aos discípulos, dizendo: - Tomai, isto é o Meu corpo. - Depois, tomou o cálice, deu graças e entregou-lho. Todos beberam dele. E Ele disse-lhes: - Isto é o Meu sangue, sangue da aliança, que vai ser derramado por muitos. Em verdade vos digo: Não beberei do produto da videira até àquele dia em que o hei-de beber de novo no reino de Deus”.Marcos (14,22-25).
A Última Ceia ou a Santa Ceia, é o nome dado à última refeição que, de acordo com os cristãos, Jesus tomou com os seus apóstolos em Jerusalém antes da sua crucificação.
O relato mais antigo provém do Evangelho de Marcos, que foi produzido por volta do ano 70 d.C., seguido do de Mateus, por volta dos anos 70 a 90 d.C., Lucas em 90 d.C., e, por fim, o de João, escrito entre os anos 100 e 110 d.C. Além disso, é também mencionada na Epístola de S. Paulo aos Coríntios (I Coríntios 11,23, 26-3), e é comemorada na chamada Quinta-Feira Santa.
Em Marcos (14,12-25), o relato da Ultima Ceia dá-se no primeiro dia dos Ázimos, numa “sala arrumada com almofadas”, onde, durante a refeição, Jesus anuncia que um de seus discípulos o irá trair.
O Evangelho de Mateus (26,17-29) ilustra o cenário de uma forma um pouco diferente, pois não há menção sobre o lugar em que decorre a Santa Ceia. O anúncio feito por Jesus de sua iminente traição segue como descrito em Marcos. Apenas há o detalhe adicional de que Judas pergunta a Jesus se será ele o traidor, o que confere uma maior dramatismo à cena. A ceia termina com o ritual do pão e do vinho, embora com algumas diferenças da versão feita por Marcos.
No Evangelho de Lucas (22,7-23), diferentemente dos de Marcos e Mateus, encontramos a informação de que a traição a Jesus teria ocorrido porque “Satanás entrou em Judas”. Outra diferença está na menção de que os discípulos foram enviados por Jesus à casa em que ocorreu a última ceia: João e Pedro (em Marcos, vemos apenas Jesus ordenando dois de seus discípulos que fossem a uma casa; e em Mateus, a dois discípulos se apresentam para procurar um lugar para a ceia). Aqui, tal como em Marcos, já há detalhes sobre a casa e o lugar em que Jesus e seus discípulos realizaram a ceia.
O acto é encerrado com as palavras rituais que são similares àquelas vistas em Mateus, com o diferencial de que Lucas deixa claro que o ritual do pão e do vinho deve ser repetido até que o reino de Deus seja instaurado. Essa mudança é significativa quando posta em comparação com os dois evangelhos anteriores, já que tanto em Marcos quanto em Mateus, Jesus não deixa claro se o reino foi ou não instituído. O que o Nazareno diz é apenas que ele e seus discípulos beberão um novo vinho no reino de Deus.

Jesus lavando os pés dos discípulos – Mosaico do Mosteiro de Osias Lucas, na Beócia
No evangelho de João (13,1-30) não temos a Última Ceia, mas a cena do lava-pés aos discípulos em que Jesus lhes dá um novo mandamento: "Amai os outros como eu vos amei" e chamando os apóstolos que seguiam seus ensinamentos de "amigos e não servos". Apesar disso, é possível traçar paralelos com o material sinóptico (como são chamados os textos de Mateus, Marcos e Lucas, por poderem ser lidos em forma justaposta). Essa substituição da ceia pelo lava-pés é um dado significativo, ao sinalizar que, no século II d.C. (considerando que o evangelho de João foi escrito por volta do ano 110), não havia ainda consenso entre os primeiros cristãos sobre os eventos da última semana de vida de Jesus. Tanto o pão e o vinho como a água eram elementos empregados pelas comunidades paleocristãs (seguidores de Jesus, até o século IV, quando se institucionaliza a religião cristã) para manterem uma conexão espiritual com seu mestre
A Última Ceia, sendo um dos temas mais populares da arte cristã, foi objecto de múltiplos estudos e interpretações artísticas ao longo dos séculos.
As suas primeiras representações remontam ao cristianismo primitivo e podem ser vistas nas Catacumbas de Roma. Artistas bizantinos frequentemente pintavam os apóstolos recebendo a comunhão ao invés de figuras reclinadas ceando. Na época do Renascimento, tornou-se um tópico favorito da arte italiana.
Há três grandes temas nas representações artísticas da Última Ceia. O primeiro é a dramática e dinâmica cena em Jesus anuncia que será traído. O segundo é o momento da instituição da Eucaristia, e o terceiro é o Discurso do Adeus, no qual Judas Iscariotes já não se encontra presente, mas onde se sente a tristeza pela eminente partida do Senhor.

Discurso do Adeus, por Duccio
Talvez a mais conhecida destas obras seja a de Leonardo da Vinci, pintada em 1497 numa das paredes do refeitório dos monges do Convento de Santa Maria Delle Grazie em Milão, e onde pode ser admirada, apesar deste mosteiro ter sido bombardeado durante a Segunda Guerra Mundial.
Pela primeira vez as figuras não apresentam as auréolas de santidade, na mesa há vários alimentos, pão, laranjas, peixe, vinho, sal e água, mas não se vê carne e também não existe nenhum cálice (o Santo Graal) em frente a Jesus, mas apenas copos de vidro.
Desde que a pintura de Leonardo da Vinci se tornou famosa, houve estudos sobre as técnicas ali usadas, sobre as tintas e sobre a complexa interacção entre Jesus e os discípulos evidenciada na imagem.
Como esta pintura já é por demais conhecida, apresento aqui a obra que foi pintada por Jacopo Tintoretto, que pela sua energia fenomenal em pintar, foi chamado Il Furioso, e a sua dramática utilização da perspectiva e dos efeitos da luz fez dele um dos precursores do Barroco.

Última Ceia – Jacopo Tintoretto

Fontes e Imagens: www.wikipedia.org
Entre a História e os evangelhos” - Revista História Viva n. 137
www.snpcultura.org



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