No ano de 1325, faleceu em Santarém, aos 64 anos de idade, o Rei D. Dinis, o Lavrador.
Ao longo de 46 anos a governar o Reino de Portugal e o Reino do Algarve foi um dos principais responsáveis pela criação da identidade nacional e o alvor da consciência de Portugal enquanto estado-nação: em 1297, com a conclusão da Reconquista, definiu as fronteiras de Portugal no Tratado de Alcanizes, prosseguiu relevantes reformas judiciais, instituiu a língua Portuguesa como língua oficial da corte, libertou as Ordens Militares em território nacional de influências estrangeiras e prosseguiu um sistemático acréscimo do centralismo régio. A sua política centralizadora foi articulada com importantes acções de fomento económico - como a criação de inúmeros concelhos e feiras. D. Dinis ordenou a exploração de minas de cobre, prata, estanho e ferro e organizou a exportação da produção excedente para outros países europeus. Em 1308 assinou o primeiro acordo comercial português com a Inglaterra e em 1312 fundou a marinha Portuguesa.
Poeta, trovador, senhor de uma educação esmerada para a época, aos nossos dias chegaram 137 cantigas da sua autoria, distribuídas por todos os géneros (73 cantigas de amor, 51 cantigas de Amigo e 10 cantigas de escárnio e maldizer), bem como a música original de 7 dessas cantigas (descobertas casualmente em 1990 pelo Prof. Harvey L. Sharrer, no Arquivo da Torre do Tombo, num pergaminho que servia de capa a um livro de registos notariais do século XVI, e que ficou conhecido como Pergaminho Sharrer).
Foi sepultado no Mosteiro de S. Dinis, em Odivelas, por ele mandado construir para sua última morada.
D. DINIZ
Na noite escreve um seu Cantar de Amigo
O plantador de naus a haver
E ouve um silencio murmuro comsigo:
É o rumor dos pinhaes, que como o trigo
De Império, ondulam sem se poder ver.
Arroio, esse cantar, jovem e puro,
Busca o oceano por achar,
E a falla dos pinhaes, marulho obscuro,
É o som presente d’esse mar futuro,
É a voz da terra anciando pelo mar.
O plantador de naus a haver
E ouve um silencio murmuro comsigo:
É o rumor dos pinhaes, que como o trigo
De Império, ondulam sem se poder ver.
Arroio, esse cantar, jovem e puro,
Busca o oceano por achar,
E a falla dos pinhaes, marulho obscuro,
É o som presente d’esse mar futuro,
É a voz da terra anciando pelo mar.
Em 1355, Inês de Castro, amante do Infante D. Pedro e mãe de três dos seus filhos, é decapitada, acusada de crime de alta traição. A trágica história dos seus amores resistiu ao passar do Tempo, transformando-se num Mito do Amor Eterno… Está sepultada no Mosteiro de Alcobaça, num dos dois túmulo mandados executar por D. Pedro I, em calcário da região de Coimbra, de estilo gótico e considerados as obras máximas da nossa escultura funerária. Na sua bela cabeça, vandalizada pelos soldados franceses durante a guerra Peninsular, ostenta uma coroa de rainha!
Em 1830, morre no Palácio de Queluz, aos 55 anos de idade, a rainha D. Carlota Joaquina, esposa do rei D. João VI. Magra, feia, ambiciosa, irascível mas de uma inteligência maquiavélica, recusou assinar a Constituição de 1822, tornando-se a cabeça do partido absolutista em Portugal, envolvendo-se em várias conspirações para derrubar o regime. Acabou desterrada para o Palácio de Queluz, sem poder voltar à Corte. Amada por uns, detestada pela maioria, as paixões contraditórias que provocou foram tais, que depois dela, nunca mais uma princesa espanhola voltou a ser rainha de Portugal, e nenhuma princesa portuguesa voltou a ser rainha de Espanha, rompendo-se uma tradição que já vinha dos tempos do nosso primeiro rei…
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