sábado, 7 de abril de 2012

A Via Sacra – II

A Verónica limpando a face de Jesus – sec. XIX

Continuando as representações da Via Sacra, apresento hoje, mais algumas, entre elas, a 6ª estação “A Verónica limpando o rosto de Jesus”.
Embora seja uma das que foi retirada pelo Papa João Paulo II, por ser apenas de tradição oral, achei por bem incluí-la, contando a lenda que lhe deu origem:
Eusébio conta como em Cesareia de Filipe, vivia uma mulher a quem Cristo havia curado de um problema de hemorragia (Mateus 9:20-22). A lenda não demorou em dar-lhe um nome. No ocidente, ela foi identificada com Marta de Betânia. No oriente, ela foi chamada de Berenike, ou Beronike, o nome aparecendo em obras tão antigas quanto os "Atos de Pilatos", cuja primeira versão é do século IV d.C. É interessante notar que a divertida derivação do nome Verônica das palavras Vera e Icon (eikon) "verdadeira imagem" também é antiga e aparece em "Otia Imperialia" (III, 25) de Gervásio de Tilbury (fl. 1211), que diz:
"Est ergo Veronica pictura Domini vera." - História Eclesiástica (VII,18), Eusébio de Cesareia.
Não há referência à história de Santa Verônica e seu véu nos Evangelhos canônicos. A história que chega mais perto é o milagre já relatado sobre a mulher que foi curada de uma hemorragia em Mateus 9:20-22 e Lucas 8:43-48. O seu nome foi identificado como sendo Verônica nos Atos de Pilatos, uma obra apócrifa do século IV d.C. A história foi depois mais elaborada com a adição da história de Cristo dando-lhe um auto-retrato num tecido com o qual a Santa posteriormente curou o imperador romano Tibério (Cura de Tibério). A ligação disto com Jesus carregando a cruz na Paixão e a aparição milagrosa da imagem só ocorreu por volta de 1380, num livro internacionalmente famoso na época chamado de "Meditações sobre a vida de Cristo".
De acordo com a Enciclopédia Católica, o Véu de Verônica era considerado nos tempos medievais como a imagem verdadeira, a representação de Jesus anterior ao Sudário de Turim.
Santa Verônica foi mencionada nas visões de Jesus pela irmã Maria de São Pedro, uma freira carmelita que viveu em Tours, na França, e iniciou a devoção da Santa Face de Jesus. Em 1844, a irmã Maria relatou que numa visão, ela viu Santa Verônica limpando o cuspo e a poeira da face de Jesus com seu véu no caminho do Calvário.
A devoção à Santa Face de Jesus foi eventualmente aprovada pelo Papa Leão XIII em 1885. Santa Verônica é comemorada na "Terça-feira gorda", a terça-feira antes da quarta-feira de cinzas, o mesmo dia da comemoração da Santa Face.
www.wikipedia.org.
A 10ª e a 11ª, Jesus é pregado na cruz e Jesus morre na cruz, estão muito bem representados neste tríptico do sec. XIV, pertencente ao museu de Évora, e do qual transcrevo o artigo de Celso Mangucci:


Tríptico da Paixão de Cristo (det.) Início do séc. XVI. Léonard Nardon Pénicaud.

O tríptico de esmalte com cenas da Paixão de Cristo - uma das mais famosas aquisições de Frei Manuel do Cenáculo – esteve inicialmente exposto acompanhado por uma folha impressa em latim, com uma tão elaborada quanto lendária história da sua origem.
Segundo o escrito, o esmalte seria proveniente do saque de Constantinopla em 1203, e teria sido uma doação ao Templo de Santa Sofia do próprio Constantino Magno, o primeiro imperador romano a converter-se ao Cristianismo. Essa proveniência justificaria também o precioso trabalho de embutidos da tampa do estojo de madeira, com uma imbricada composição formada pela multiplicação da estrela de seis pontas, num trabalho com a tradição turco-muçulmana, mas provavelmente realizado nos séculos XVII-XVIII.
Depois de trazida pelos cruzados franceses para o Ocidente, num acidentado percurso, a peça esteve em posse do rei de França, Francisco I, passando para o imperador Carlos V e posteriormente para a posse de Isabel de Áustria que o teria feito colocar no altar de uma capela do palácio em Mântua.
Provavelmente um oratório portátil, o tríptico é dividido em três partes, uma central e maior, e duas laterais que se podem dobrar sobre a primeira, facilitando o seu transporte. A lâmina central representa a crucificação de Cristo com o bom e o mal ladrão e, mais precisamente, como bem notou Gabriel Pereira (1948: II, 281), o momento no qual um soldado romano cego, guiado pela mão de um centurião, lanceia o peito de Jesus Cristo para confirmar a sua morte. Sublinhando o carácter piedoso do acto, Maria Madalena segura a maça com que o centurião romano, postado do lado oposto, montado num belo cavalo ajaezado, pretendia partir as pernas dos crucificados, antecipando brutalmente a morte. São Longuinho, segundo a tradição, seria curado milagrosamente da sua cegueira por uma gota de sangue de Jesus.
Cada uma das abas laterais se divide em dois quadros. A da esquerda apresenta dois momentos cronológicos anteriores à crucificação com a decisão do procurador Pôncio Pilatos em condenar Jesus (Lava mãos) e o Caminho ao Calvário, com Cristo carregando a Cruz. À direita, dois momentos posteriores à Ressurreição: à Descida ao Limbo e o Aparecimento de Cristo à Virgem.
museudevora.imc-ip.pt
No fim do séc. X, o príncipe Vladimir de Kiev recebe o baptismo e toda a Rússia se converte ao cristianismo oriundo de Bizâncio.
Desde então, os imensos territórios que se estendem desde o Leste da Europa, entre o Mar Báltico, o Mar Negro e o Mar Cáspio acolhem a expansão da civilização e arte bizantinas. É desta forma que começa a história milenária da Rússia cristã.
Em Março de 2010, o Museu do Louvre apresentou uma exposição, denominada “Santa Rússia”, onde foram exibidas peças da história e arte russas, desde o sec. X até à ascensão ao poder de Pedro, o Grande, no final do sec. XVII.
De entre os artigos expostos no site do Secretariado nacional da pastoral para a cultura, escolhi um, que representa Jesus já descido da cruz.
Epitaphios (tecido litúrgico utilizado na Semana Santa, especialmente na Sexta-feira da Paixão).
www.snpcultura.org/tvb_santa_russia_louvre.html


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