sexta-feira, 28 de junho de 2013
terça-feira, 18 de junho de 2013
A Fogueira de Ruão – II
Símbolo da
resistência francesa à ocupação inglesa durante a Guerra dos Cem Anos, Joana, a
antiga pastora de Domrémy que se tinha autoproclamado “a enviada de Deus”,
conseguiu o impensável: Derrotar o poderoso exército inglês de Henrique VI, rei
de França e de Inglaterra, e fazer coroar em Reims o delfim Carlos, conde de
Ponthieu, filho de Carlos VI de França, o pobre rei louco, e de Isabel da
Baviera, que não hesitou em afastá-lo (há quem o considere bastardo dado os
vários amantes atribuídos à rainha), para conjuntamente com a mão da sua bela filha
Catarina, oferecer o trono de França ao então rei de Inglaterra, Henrique V, o
vencedor de Azincourt, nomeando-o como regente e herdeiro do infeliz rei
francês, conforme o acordado no Tratado de Troyes.
Tanto Carlos VI
como Henrique V já tinham falecido, e os seus descendentes, o hesitante delfim apoiado
pela sua enérgica sogra, Yolanda de Aragão, e o seu sobrinho Henrique VI, de
apenas 10 anos de idade, tendo como regente seu tio, o Duque de Beaufort, estavam
em guerra desde então.
Nesta época, Carlos
tinha a sua corte na cidade de Burges, no coração da França, sendo reconhecido
como rei nas poucas províncias do centro do país que permaneceram fieis aos
Armanhaques, de quem o delfim era o chefe, sendo por isso chamado de “rei de
Burges”.
No Outono de 1428
os Ingleses cercaram a cidade de Orleães, que constituía a via de acesso ao sul
da França.
Quando tudo
parecia perdido para o Delfim, eis que Joana se apresenta em seu socorro,
apresentando-se como enviada por Deus para o fazer sagrar em Reims. Dirige-se
depois a Orleães à frente do exército real, chefiando comandantes como o duque
de Alençon, Dunois, o Bastardo de Orleães, o almirante Louis de Culan ou Gilles
de Rais, futuro marechal de França obrigando os ingleses a levantar o apertado
cerco à cidade. O caminho para Saint-Rémy fica então livre, e em Julho, ao
entrar na cidade ao lado do soberano, envergando uma armadura brilhante e de
viseira levantada, no meio dos gritos de alegria dos seus soldados, Joana viveu
o momento mais emocionante da sua curta vida.
A 17 de Julho de
1429, o arcebispo de Reims depois de o ter ungido com os santos óleos, colocou
a coroa na cabeça de Carlos VII, sagrando-o como legítimo rei de França.
Os ingleses
cometeram um erro grave ao não terem feito o mesmo ao jovem rei Henrique, e
quando o fizeram em 1431 na Catedral de Notre-Dame, em Paris, era tarde demais.
A França já tinha o seu rei legítimo
Em
reconhecimento por este feito, Carlos VII eleva Joana e a sua família à nobreza
em Dezembro desse mesmo ano, mas a partir daí a sua simpatia por ela começa a
esfriar.
Agora que já tem
uma base segura de onde pode prosseguir as suas operações, Carlos VII quer ser
ele mesmo a comandar as suas actuações e não tem qualquer intuito de andar às
ordens de uma mulher... Por outro lado, a popularidade e simpatia de que a
Donzela goza junto do povo e do seu próprio exército não agradam ao seu
caracter taciturno e desconfiado, e muito menos ao círculo dos seus
conselheiros que lutam pelas suas próprias conveniências pessoais!
À impaciência de
Joana para conquistar Paris, o rei opõe a apatia habitual e à sua revelia
inicia uma série de conversações com o duque da Borgonha, Filipe o Bom, aliado
dos Ingleses, para a obtenção da paz.
Pode, por isso,
imaginar-se a alegria dos ingleses quando a 24 de Maio de 1430, numa surtida
após ter conquistado Compiègne, a Donzela de Orleães foi capturada pelos
borguinhões, partidários do rei inglês. Vendida por estes aos seus aliados,
Joana teve de suportar um processo atroz e iníquo que durou meses, acabando os
seus dias na fogueira, em Ruão, a capital inglesa do reino de França.
Carlos VII
continua a reconquista e em 1450 ao retomar Ruão, o rei faz a sua entrada com
um fausto extraordinário na cidade onde vinte anos antes tinha perecido aquela
que havia jurado restituir-lhe a coroa e a quem ele tinha pago com o mais
completo abandono!
No dia seguinte,
a 15 de Fevereiro, o soberano evoca oficialmente, pela primeira vez, o caso de
Joana d’Arc, mandando proceder à abertura de um inquérito para revisão do seu
processo. Mas só a 11 de Junho de 1455, o Papa Calisto III, que sucedera a
Nicolau V, ordenou essa revisão, que culminará na sua absolvição em 1456, sendo
as actas do julgamento de 1431 solenemente destruídas. O seu antecessor sempre
se tinha recusado a fazê-lo, apesar dos insistentes pedidos do rei francês.
Em 1869, o bispo
de Orleães juntamente com os restantes bispos franceses pedem ao Papa Pio IX a
beatificação da Donzela, o que só acontece a 18 de Abril de 1909, durante o papado
de Pio X. A 9 de Maio de 1920, cerca de 500 anos depois da sua morte,
Joana d'Arc é finalmente canonizada pelo Papa Bento XV, e em 1922 é
declarada a Padroeira de França.
Fontes: Pernoud,
Régine e Marie-Veronique Clin – Joana D’Arc
Imagens:
Wikipédia
segunda-feira, 10 de junho de 2013
Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas
Anjo Custódio de Portugal, 1518-1520, escultura em
calcário, medindo 190x64x46, atribuída a Diogo Pires, o Moço e que faz parte do
acervo do Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra.
|
O Anjo
Custódio de Portugal
O dia 10 de Junho é, para
além do dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, é também o dia dedicado
ao Anjo Custódio de Portugal.
Em 1504, e a pedido do rei D. Manuel I que tinha uma
devoção muito especial pelo Arcanjo S. Miguel, o Papa Leão X instituiu a festa
do “Anjo Custódio do Reino” cujo culto já seria antigo, e que passou a ser
celebrada com grande pompa no 3º domingo de Julho. O monarca informou do facto
as camaras municipais do país, sendo esta festa equiparada à da comemoração do
Corpo de Deus, a maior celebração religiosa na época.
Durante os sec. XVI, XVII e XVIII manteve-se em todo
o seu esplendor, mas a partir do sec. XIX o seu culto decaiu, excepto em Évora,
Coimbra e principalmente em Braga.
Em 1916, durante as aparições de Fátima, os
pastorinhos declararam que tinham visto várias vezes um Anjo, que afirmou ser o
Anjo de Portugal e os preparou para a vinda da Senhora, sendo o seu culto
restaurado.
Em 1952, o Papa Pio XII transferiu a celebração da
festa para o dia 10 de Junho, a fim de que o “Dia de Portugal” fosse também o
”Dia do Anjo de Portugal”.
O Anjo de
Portugal é, até hoje, o único Anjo da Guarda de um país com culto público
oficializado e também o único que apareceu aos homens.
Há várias
representações deste Anjo, nomeadamente as imagens do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e da charola do convento de Cristo de Tomar, a pintura da Misericórdia de
Évora e a iluminura
do «Livro de Horas de
Dom Manuel».
Um dos símbolos portugueses: O Hino Nacional
A Portuguesa,
que hoje é um dos símbolos nacionais de Portugal (o seu hino nacional), nasceu como
uma canção de cariz patriótico em resposta ao ultimato britânico para que as tropas portuguesas abandonassem as suas
posições em África, no denominado "Mapa cor-de-rosa”.
Em Portugal,
a reacção popular contra os ingleses e contra o governo português,
manifestou-se de várias formas. "A Portuguesa" foi composta em 1890, com letra
de Henrique Lopes de Mendonça e música de Alfredo Keil, sendo
utilizada desde cedo como símbolo patriótico mas também republicano. Aliás, em 31 de Janeiro de 1891, numa tentativa falhada de golpe de Estado que
pretendia implantar a república em Portugal, esta canção já aparecia como a
opção dos republicanos para hino
nacional, o que aconteceu efectivamente, quando, após a instauração da
República a 5 de Outubro de 1910, a Assembleia Nacional Constituinte a consagrou como
símbolo nacional em 19 de Junho de 1911.
A Portuguesa, proibida
pelo regime monárquico, que originalmente tinha uma letra um tanto ou quanto
diferente (mesmo a música foi sofrendo algumas alterações) — onde hoje se diz
"contra os canhões",
dizia-se "contra os bretões",
ou seja, os ingleses — veio substituir o Hymno da Carta, então o hino nacional desde Maio de 1834.
Em 1956, existiam no entanto várias versões do hino, não só
na linha melódica, mas também nas instrumentações, especialmente para banda,
pelo que o governo nomeou uma comissão encarregada de estudar uma versão
oficial de A Portuguesa. Essa
comissão elaborou uma proposta que seria aprovada em Conselho de Ministros a 16 de Julho de 1957, mantendo-se o hino inalterado deste então.
A Portuguesa foi designada como um dos símbolos nacionais de Portugal na Constituição de 1976, constando no artigo 11.°, n.º 2, da Constituição da República Portuguesa (Símbolos nacionais e língua oficial).
Heróis do mar,
nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os (bretões) canhões
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os (bretões) canhões
Marchar,
marchar!
II
Desfralda a invicta bandeira
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira:
Portugal não pereceu
Beija o solo teu jucundo
O oceano, a rugir d'amor,
E o teu braço vencedor
Deu novos mundos ao Mundo!
Às armas, às armas!
II
Desfralda a invicta bandeira
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira:
Portugal não pereceu
Beija o solo teu jucundo
O oceano, a rugir d'amor,
E o teu braço vencedor
Deu novos mundos ao Mundo!
Às armas, às armas!
Sobre…..
III
Saudai o Sol que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal de ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte.
Às armas, às armas!
Sobre …
O Hino da Carta (Hymno da
Carta na grafia antiga) foi o hino nacional de Portugal entre Maio
de 1834 e Outubro de
1910.
O Hino foi escrito pelo Rei D. Pedro IV, em homenagem à Carta Constitucional que o próprio outorgou aos Portugueses em 1826. O hino generalizou-se com a denominação oficial de Hymno da Carta, tendo sido considerado
oficialmente como Hymno Nacional e
por isso obrigatório em todas as solenidades públicas, a partir de Maio de
1834.
Com
a música do Hymno da Carta compuseram-se variadas obras de natureza popular
(modas) ou dedicadas a acontecimentos e personalidades de relevo,
identificando-se em pleno com a vida política e social dos últimos setenta anos
da Monarquia em Portugal.
Depois da implantação da república, em 5 de Outubro de 1910, o
Hino da Carta foi substituído pel'A Portuguesa, como hino
nacional português.
Letra do "Hino da Carta Constitucional" :
Ó Pátria, Ó Rei, Ó Povo,
Ama a tua Religião
Observa e guarda sempre
Divinal Constituição
Viva, viva, viva ó Rei
Viva a Santa Religião
Vivam Lusos valorosos
A feliz Constituição
A feliz Constituição
Ó com quanto desafogo
Na comum agitação
Dá vigor às almas todas
Divinal Constituição
Viva, viva, viva ó Rei
Viva ….
Venturosos nós seremos
Em perfeita união
Tendo sempre em vista todos
Divinal Constituição
Viva, viva, viva ó Rei
Viva ….
A verdade não se ofusca
O Rei não se engana, não,
Proclamemos Portugueses
Divinal Constituição
Viva, viva, viva ó Rei
Viva …
O Hino
Patriótico, ou na sua grafia original Hymno Patriótico (forma
completa Hymno Patriótico da Nação Portugueza), pode ser considerado o
primeiro hino oficial de Portugal. Composto em
1808 por Marcos Portugal e dedicado
ao Príncipe Regente D. João VI foi
inspirado no final da Cantata La
Speranza o sia l`Augurio Felice do mesmo autor. A data da sua oficialização
enquanto hino nacional é incerta, sendo apontado o primeiro quartel do século
XIX. Foi posteriormente substituido na sua função pelo Hino da Carta composto
pelo Rei D. Pedro IV.
A letra
sofreu várias mutações, sendo originalmente destinada ao Príncipe Regente começava com a frase "Oh Príncipe Excelso...". A primeira estrofe do hino já após
a subida de D. João VI ao trono é a seguinte:
Eis, oh Rei
Excelso
Os votos sagrados
Q'os Lusos honrados
Vêm livres, vêm livres fazer
Vêm livres fazer
Os votos sagrados
Q'os Lusos honrados
Vêm livres, vêm livres fazer
Vêm livres fazer
Por vós, pela
Pátria
O sangue daremos
Por glória só temos
Vencer ou morrer
Vencer ou morrer
Ou morrer
Ou morrer
O sangue daremos
Por glória só temos
Vencer ou morrer
Vencer ou morrer
Ou morrer
Ou morrer
HINO DA MARIA DA FONTE
Durante a
Revolução da Maria da Fonte, o maestro Angelo Frondoni compôs um
hino popular que ficou conhecido pelo nome de Hino da Maria da Fonte ou Hino do Minho, obra que respira
entusiasmo belicoso e que por muito tempo foi o canto de guerra do Partido Progressista.
Ainda hoje, o
Hino da Maria da Fonte continua a ser a música com que se saúdam os ministros
portugueses, sendo utilizado em cerimónias cívicas e militares.
Viva a Maria da Fonte
A cavalo e sem cair
Com as pistolas à cinta
A tocar a reunir
A cavalo e sem cair
Com as pistolas à cinta
A tocar a reunir
Eia avante Portugueses
Eia avante e não temer
Pela santa Liberdade
Triunfar ou perecer
Eia avante e não temer
Pela santa Liberdade
Triunfar ou perecer
Lá raiou a liberdade
Que a nação há-de aditar
Glória ao Minho que primeiro
O seu grito fez soar
Que a nação há-de aditar
Glória ao Minho que primeiro
O seu grito fez soar
Eia avante Portugueses
Eia avante …
Eia avante …
Essa mulher lá do Minho
Que da foice fez espada
Há-de ter na lusa história
Uma página dourada!
Eia avante Portugueses
Eia avante …
Eia avante …
Luís Vaz de Camões
(1524? – Lisboa, 10 de Junho de 1580)
O retrato de Camões por Fernão Gomes, em cópia de Luís de Resende. Este é considerado o mais autêntico retrato do poeta, cujo original, que se perdeu, foi pintado ainda em sua vida |
Também ele um
símbolo nacional, a sua obra principal “Os Lusíadas), é considerada a epopeia
portuguesa por excelência. O próprio título já sugere as suas intenções
nacionalistas, sendo derivado da antiga denominação romana de Portugal, Lusitânia.
É um dos mais importantes épicos da época moderna devido à sua grandeza e
universalidade. A epopeia narra a história de Vasco da Gama
e dos heróis portugueses que navegaram em torno do Cabo da Boa Esperança e abriram uma nova rota para a Índia. É
uma epopeia humanista, mesmo nas suas contradições, na associação da mitologia
pagã à visão cristã, nos sentimentos opostos sobre a guerra e o império, no
gosto do repouso e no desejo de aventura, na apreciação do prazer sensual e nas
exigências de uma vida ética, na percepção da grandeza e no pressentimento do
declínio, no heroísmo pago com o sofrimento e luta.
Amargurado pela
derrota portuguesa na batalha de Alcácer-Quibir e subsequente desaparecimento
do rei D. Sebastião levando à perda da independência da sua “ditosa pátria tão
amada”, o poeta adoeceu morrendo no hospital no dia 10 de Junho de 1580. Diz-se
que as suas últimas palavras foram: “Ao menos morro com a Pátria”.
Desde 1933 que o
dia da sua morte está associado ao Dia de Portugal, sendo comemorado como Dia
de Camões, de Portugal e da Raça até 1977, data em que passou a ser designado
como Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Lusíadas, Canto
I (primeiras estrofes)
As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando,
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando,
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
Fontes: Wikipedia
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