Toyotomi Hideyoshi
Após
a morte de Nobunaga, Akeshi Mitsuhide ataca o castelo de Azuchi onde
o herdeiro de Oda se refugiara, o qual, tal como o seu pai, vendo-se
cercado se suicida. O castelo é saqueado e incendiado, mas Mitshuide
vê-se a seguir confrontado com o exército de Toyotomi
Hideyoshi (1537-1598),
chamado de "o cara de macaco", um dos generais de Nobunaga.
Na batalha que se segue, em Yamazaki, a 2 de Julho de 1582, Akeshi é
morto em combate, as suas tropas rendem-se e Hideyoshi torna-se no
novo senhor do Japão.
De origem humilde, filho de um camponês de Owari,
serviu Nobunaga e subiu a pulso na carreira tornando-se num dos seus
melhores generais devido às suas brilhantes capacidades de estratega
militar. Depois de fazer reconhecer a sua autoridade pelos vassalos
de Nobunaga, restaurou o templo fortificado de Osaka para aí
estabelecer a sede do seu governo militar e construiu para si o
castelo de Momoyama, que, ao contrário do de Nobunaga se conservou
até meados do sec. XIX..
Dada
a sua origem, não lhe é outorgado o título de xogun, por isso
retoma o título de Kampaku (regente da maioridade) em 1585, e
empreende a unificação nacional do país com as conquistas de
Shikoku ainda em 1585, Kyushu (1587) e em 1590 virou-se contra o
importante clã Hojo, em Kanto, correndo com o seu rival Tokugawa
Ieyasu do Centro do Japão, concedendo-lhe apenas cinco províncias
em Kanto. Obteve ainda a reunião dos grandes daimios do Norte e do
Sul. Deste modo, a unidade política encontra-se restabelecida e o
arquipélago vai, por fim, conhecer um certo
período
de paz interna.
Para
reabsorver os excedentes de efectivos de uma classe militar que a
unificação do país tornara inútil, estabeleceu uma rigorosa
separação entre os camponeses combatentes e a aristocracia
guerreira. Os samurais foram retirados das aldeias onde viviam,
forçados a viver em cidades fortificadas sob o controlo directo dos
daimios após preito de vassalagem. Os camponeses foram desarmados,
tratados como agricultores, trabalhando em terras registadas. Isto
permitiu também a aplicação de um novo sistema de impostos
razoável, o que contribuiu para o reforço dos cofres do Estado. Em
1588, Hideyoshi introduz cinco ministérios centrais – os chamados
“Bugyo” - que, como Conselho de Estado dos dáimios mais
poderosos dirigem a política juntamente com ele.
O
cristianismo continuou a aumentar e por volta de 1580 o número de
convertidos deveria rondar os 150.000, e embora tolerado ao
princípio, depressa começou a ser encarado como uma ameaça à
estabilidade política. Em 1587, Hideyoshi decretou a expulsão de
todos os missionários cristãos, embora durante dez anos esta medida
não tivesse sido aplicada com rigor. No entanto, em 1597, depois da
sua derrota na guerra com a Coreia, incomodado pelas constantes
disputas entre os jesuítas portugueses e os franciscanos espanhóis
que, em 1593 tinham também estabelecido uma missão no Japão, o
regente manda deter todos os cristãos de Nagasáqui e ordena a
crucificação de nove sacerdotes europeus e dezasseis japoneses
convertidos. Tinha começado no Japão a perseguição pública e o
martírio dos cristãos.
Em
1591, tanto para dar vazão aos seus instintos belicosos assim como
para evitar qualquer possível rebelião interna devido ao número
excessivo de samurais e soldados existentes no país, anuncia a sua
intenção de conquistar a China, onde reinava a dinastia Ming,
construindo assim um império pan-asiático. Para isso, solicita a
aliança da dinastia Joseon, da Coreia, assim como o livre trânsito
através da Península Coreana. Ora a Coreia, sendo uma velha aliada
da China, recusa a proposta japonesa e Hideyoshi recruta no ano
seguinte mais de 150.000 soldados e decide atacar as posições
chinesas na Coreia, dando assim início a um conflito armado que se
estende de 1592 a 1598, e que ficou conhecido como a Guerra
Imjin, pois
que apesar de se ter sido constituída por duas invasões isoladas,
em território coreano houve sempre tropas chinesas e japonesas em
combate.
Ataque
à fortaleza de Búsan
Depois
de um rápido e eficaz avanço das tropas japonesas pelo território
coreano, a campanha naval do Almirante YI cortou o fornecimento de recursos aos invasores, obrigando-os a parar
seu avanço. A milícia coreana, junto com a intervenção do exército chinês, obrigou o
governo japonês a iniciar relações de paz com a China em 1593.
Após os pedidos de Hideyoshi terem sido negados, a guerra entrou
numa nova fase em 1597,
quando se retomaram as hostilidades. O confronto terminou em 1598
com a retirada total das tropas invasoras após a morte de Hideyoshi,
devido a causas naturais.
Ainda
hoje se pode ver, em Kyoto, o Mimizuka,
(monumento
das orelhas) que este governante mandou erigir para comemorar a
vitória na batalha de Busán. Só que em vez de orelhas, o que ele
encerra são cerca de 40.000 narizes que os japoneses cortaram aos
seus inimigos, salgaram e enviaram em barricas para o Japão.