O
Cântico da Terra
Eu
sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.
Eu
sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranqüila ao teu esforço.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranqüila ao teu esforço.
Sou
a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.
Eu
sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.
A
ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.
E
um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranquilo dormirás.
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranquilo dormirás.
Plantemos
a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.
Cora
Coralina
O Dia
da Terra foi criado pelo senador norte-americano Gaylord Nelson,
um activista ambiental, tendo por finalidade criar uma consciência
comum para os problemas que afligem a Terra, depois de verificar as
consequências do desastre petrolífero de Santa Barbara, na
Califórnia, ocorrido em 1969.
Na
primeira manifestação que teve lugar no dia 22 de Abril de 1970,
para a criação de uma agenda ambiental, participaram duas mil
universidades, dez mil escolas primárias e secundárias e centenas
de comunidades. A pressão social teve sucesso e o governos dos
Estados Unidos criaram a Agencia de Proteção Ambiental
(Environmental Protection Agency) e uma série de leis destinadas à
proteção do meio ambiente. Em 2009 as Nações Unidas instituíram
o Dia Internacional da Mãe Terra.
“...A
informação sobre as possíveis ameaças em resultado do
desenvolvimento insustentável parece não assustar a humanidade.
Afinal, a Terra continua a dar-nos água, alimento (mais para uns do
que para outros), recursos vários.
O ponto de não retorno ainda não
foi atingido e a “teoria de Gaia”, proposta por James Lovelock,
parece continuar a resultar: o planeta Terra mostra resiliência,
como se se tratasse dum superorganismo, apesar de todos os riscos que
o Homem lhe faz correr. Lembra a história de Pedro
e o Lobo. Os lenhadores não
acreditavam nas partidas que o Pedro pregava, porque não havia lobo,
o problema foi quando ele apareceu mesmo. No caso do nosso planeta,
os cientistas avisam, não para pregar partidas, mas para alertar
para os riscos e consequências das nossas opções...” - (Excerto
de um Artigo publicado no Jornal “O Público” na coluna Opinião,
pela Prof. Dra. Maria Amélia Martins-Loução).
Astronomicamente, a nossa Mãe Terra
é o terceiro planeta a contar do Sol, o
mais denso e o quinto maior dos oito planetas do Sistema Solar, sendo
também conhecido por Planeta Azul. É também o maior dos quatro
planetas telúricos e (até agora), o único onde é conhecida a
existência de vida tal como a concebemos.
Mitologicamente, a Terra é a
substância universal Prakriti, o caos primordial, a matéria-prima
separada das águas, segundo o Génesis; trazida à superfície das
águas pelo javali de Vixnu; coagulada pelos heróis míticos do
xintoísmo; matéria com que o Criador (na China, Niukua) molda o
homem.
A Terra simboliza a função
maternal: Tellus Mater. Ela dá e tira a vida. Prostrando-se no chão,
Job escreve: Saí nu do ventre da minha mãe e nu voltarei para ele
(1, 21), identificando a terra-mãe com o colo maternal. Na religião
védica, a terra simboliza também a mãe, fonte do ser e da vida,
protectora contra todas as forças do aniquilamento. Segundo os ritos
védicos dos funerais, no momento em que a urna funerária contendo
os restos da incineração é enterrada, são recitados versos:
“Vai para esta Terra, tua mãe,
para as vastas moradas, para os
bons favores!
Suave como a lã a quem a soube dar,
que ela te proteja do Nada!
Forma uma abóbada para ele e não o
esmagues;
recebe-o Terra, acolhe-o!
Cobre-o com uma orla do teu vestido
como uma mãe protege o seu filho”.
(Rig Veda, Grhyasutra, 4, 1)
Segundo a Teogonia, de Hesíodo, ela
(Gaia) deu à luz o próprio Céu (Úrano), que deveria cobri-la a
seguir para dar origem a todos os deuses. Os deuses imitaram esta
primeira hierogamia, depois os homens, e os animais; a Terra
revelou-se a origem de toda a vida, e foi-lhe dado o nome de Grande
Mãe.
No Japão supõe-se que a terra é
transportada por um enorme peixe; na Índia, por uma tartaruga; entre
os Ameríndios por uma serpente; no Egipto, por um escaravelho; no
Sueste da Ásia, por um elefante, etc. Os sismos explicam-se pelos
movimentos repentinos desses animais geóforos que correspondem às
fases da evolução.
Na
literatura identifica-se muitas vezes a terra fértil com a mulher:
sulcos semeados, lavoura e penetração sexual, parto e colheita,
trabalho agrícola e acto gerador, colheita dos frutos e aleitamento,
a relha do arado e o falo do homem.
Paul
Diel esboçou toda uma psicogeografia dos símbolos na qual a
superfície plana da terra representa o homem enquanto ser
consciente; o mundo subterrâneo com os seus demónios e os seus
monstros ou divindades malevolentes, representa o subconsciente; os
cumes mais elevados, mais próximos do céu, são a imagem do
supraconsciente. Ela é a arena dos conflitos da consciência do ser
humano.
Poema da Terra Adubada
Por
detrás das árvores não se escondem faunos, não.
Por detrás das árvores escondem-se os soldados
com granadas de mão.
As árvores são belas com os troncos dourados.
São boas e largas para esconder soldados.
Não é o vento que rumoreja nas folhas,
não é o vento, não.
São os corpos dos soldados rastejando no chão.
O brilho súbito não é do limbo das folhas verdes reluzentes.
É das lâminas das facas que os soldados apertam entre os dentes.
As rubras flores vermelhas não são papoilas, não.
É o sangue dos soldados que está vertido no chão.
Não são vespas, nem besoiros, nem pássaros a assobiar.
São os silvos das balas cortando a espessura do ar.
Depois os lavradores
rasgarão a terra com a lâmina aguda dos arados,
e a terra dará vinho e pão e flores
adubada com os corpos dos soldados.
António Gedeão, in 'Linhas de Força'
Por detrás das árvores escondem-se os soldados
com granadas de mão.
As árvores são belas com os troncos dourados.
São boas e largas para esconder soldados.
Não é o vento que rumoreja nas folhas,
não é o vento, não.
São os corpos dos soldados rastejando no chão.
O brilho súbito não é do limbo das folhas verdes reluzentes.
É das lâminas das facas que os soldados apertam entre os dentes.
As rubras flores vermelhas não são papoilas, não.
É o sangue dos soldados que está vertido no chão.
Não são vespas, nem besoiros, nem pássaros a assobiar.
São os silvos das balas cortando a espessura do ar.
Depois os lavradores
rasgarão a terra com a lâmina aguda dos arados,
e a terra dará vinho e pão e flores
adubada com os corpos dos soldados.
António Gedeão, in 'Linhas de Força'
Fontes:
www.wikipédia.org
Jornal
“O Público”
Chevalier,
Jean, Alain Gheerbrant – Dicionário dos Símbolos
Imagem:
internet