Henrique II |
Henrique
II (1154-1189), filho de Matilde e Godofredo, além de rei de
Inglaterra era também duque da Normandia e é considerado o primeiro
rei da Casa Plantageneta (assim chamada por ter uma flor de giesta –
plant à genêt- nas suas armas) e cabeça do império angevino.
Pelo
lado da mãe possuía a Normandia e a Bretanha; pelo pai, as regiões
do Loire, e, após o seu casamento aos 19 anos com a bela e rica
Leonor de Aquitânia, ex-rainha de França e 12 anos mais velha, o
ducado da Aquitânia de que ela era a herdeira. Por isso, quando
subiu ao trono em 1154, pouco depois do seu casamento, Henrique
governava um vasto país que se estendia das montanhas da Escócia
até aos Pirinéus.
Este
rei iria dar um novo impulso à evolução da sociedade inglesa ao
tentar submeter tanto a nobreza como o clero à autoridade da Coroa.
As suas primeiras medidas foram dirigidas aos nobres que se haviam
tornado imprevisíveis durante a crise. Castelos construídos sem
autorização real foram desmantelados e um novo sistema de colecta
de impostos implementado. A administração pública melhorou
significativamente com o estabelecimento de registos públicos
criados pelo rei. Descentralizou também o exercício da justiça
através de magistrados com poderes de agir em nome da coroa e
implementou o julgamento por júri.
Em
1164, o monarca promulgou uma série de leis conhecidas como As
Constituições de Clarendon – Constitutions of Clarendon.
Estes textos, apresentados no Palácio de Clarendon, em Wiltshire, e
que pretendiam diminuir a independência do clero e a influência de
Roma na política inglesa, tiveram uma grande influência no
posterior desenvolvimento do direito inglês. Entre outras medidas,
determinou que os clérigos fossem julgados em casos de assassinato,
não só por tribunais eclesiásticos, mas também por um tribunal
civil, para assim evitar a sua impunidade.
Mas
se conseguiu impôr-se aos seus barões, o rei não quis ou não
soube impôr-se aos seus próprios filhos. Da rainha Leonor teve
vários filhos varões e por volta de 1170, sentindo-se doente,
Henrique decidiu separar os seus territórios de forma a serem
herdados pelos diferentes filhos, nada deixando porém ao mais novo,
João, por ser ainda muito jovem e que ficou conhecido por João
Sem-Terra (John Lackland). O resultado foi desastroso uma vez que os
príncipes, apesar do pai ter recuperado a saúde, decidiram mesmo
assim apropriar-se das terras antes da sua morte, o que levou a
vários anos de guerras civis entre pai e filhos, que culminaram após
a morte de Henrique, o Jovem, primeiro e do próprio Henrique II
depois, na coroação de Ricardo, Coração de Leão, como rei de
Inglaterra.
Ricardo
(Oxford, 8 de Setembro de 1157 – Châlus, 6 de Abril de 1199)
durante o seu breve reinado de dez anos, apenas passou vários meses
em solo inglês. Guerreiro brilhante e experiente(aos 16 anos já
comandava o seu próprio exército), educado principalmente por sua
mãe no Ducado de Aquitânia e sem saber falar inglês, foi um dos
principais chefes da 3ª Cruzada, ficando célebre pelas suas
vitórias contra Saladino, embora não conseguisse reconquistar
Jerusalém.
Imediatamente
após a subida ao trono, começou a preparar a expedição à Terra
Santa. Para tal, não hesitou em esvaziar o tesouro do pai, cobrar
novos impostos, vender títulos e cargos por somas exorbitantes a
quem os quisesse pagar e até libertar o rei Guilherme I da Escócia
dos seus votos de vassalagem por cerca de 10.000 marcos. Ao partir,
deixou como regente sua mãe, a rainha Leonor, auxiliada pelo seu
irmão mais novo, João.
Em
1192, viu-se obrigado a regressar ao reino, devido não só à
atitude do irmão que intentava tirar-lhe o trono, mas principalmente
devido à ameaça pendente sobre as suas possessões francesas,
representada pelo rei Filipe II de França, que lhe cobiçava a
Aquitânia e a Normandia. Preso pelo arquiduque de Áustria, o seu
resgate custou 150.000 marcos ao tesouro de Inglaterra, soma
equivalente ao dobro da renda anual da coroa, o que colocou o país
na absoluta bancarrota e obrigou a muitos impostos adicionais nos
anos seguintes.
Apesar
do esforço do país para o libertar, Ricardo abandonou a Inglaterra
de novo ainda no mesmo ano de 1194 para lidar com os problemas
fronteiriços com a França nos territórios do continente, mas é
morto por uma flecha quando cercava o castelo de Châlus, em 1199.
Ricardo, Coração de Leão |