domingo, 28 de junho de 2015

MAGNA CARTA - III


Henrique II




 Henrique II (1154-1189), filho de Matilde e Godofredo, além de rei de Inglaterra era também duque da Normandia e é considerado o primeiro rei da Casa Plantageneta (assim chamada por ter uma flor de giesta – plant à genêt- nas suas armas) e cabeça do império angevino.
Pelo lado da mãe possuía a Normandia e a Bretanha; pelo pai, as regiões do Loire, e, após o seu casamento aos 19 anos com a bela e rica Leonor de Aquitânia, ex-rainha de França e 12 anos mais velha, o ducado da Aquitânia de que ela era a herdeira. Por isso, quando subiu ao trono em 1154, pouco depois do seu casamento, Henrique governava um vasto país que se estendia das montanhas da Escócia até aos Pirinéus.
Este rei iria dar um novo impulso à evolução da sociedade inglesa ao tentar submeter tanto a nobreza como o clero à autoridade da Coroa. As suas primeiras medidas foram dirigidas aos nobres que se haviam tornado imprevisíveis durante a crise. Castelos construídos sem autorização real foram desmantelados e um novo sistema de colecta de impostos implementado. A administração pública melhorou significativamente com o estabelecimento de registos públicos criados pelo rei. Descentralizou também o exercício da justiça através de magistrados com poderes de agir em nome da coroa e implementou o julgamento por júri.
Em 1164, o monarca promulgou uma série de leis conhecidas como As Constituições de Clarendon – Constitutions of Clarendon. Estes textos, apresentados no Palácio de Clarendon, em Wiltshire, e que pretendiam diminuir a independência do clero e a influência de Roma na política inglesa, tiveram uma grande influência no posterior desenvolvimento do direito inglês. Entre outras medidas, determinou que os clérigos fossem julgados em casos de assassinato, não só por tribunais eclesiásticos, mas também por um tribunal civil, para assim evitar a sua impunidade.
Mas se conseguiu impôr-se aos seus barões, o rei não quis ou não soube impôr-se aos seus próprios filhos. Da rainha Leonor teve vários filhos varões e por volta de 1170, sentindo-se doente, Henrique decidiu separar os seus territórios de forma a serem herdados pelos diferentes filhos, nada deixando porém ao mais novo, João, por ser ainda muito jovem e que ficou conhecido por João Sem-Terra (John Lackland). O resultado foi desastroso uma vez que os príncipes, apesar do pai ter recuperado a saúde, decidiram mesmo assim apropriar-se das terras antes da sua morte, o que levou a vários anos de guerras civis entre pai e filhos, que culminaram após a morte de Henrique, o Jovem, primeiro e do próprio Henrique II depois, na coroação de Ricardo, Coração de Leão, como rei de Inglaterra.
Ricardo (Oxford, 8 de Setembro de 1157 – Châlus, 6 de Abril de 1199) durante o seu breve reinado de dez anos, apenas passou vários meses em solo inglês. Guerreiro brilhante e experiente(aos 16 anos já comandava o seu próprio exército), educado principalmente por sua mãe no Ducado de Aquitânia e sem saber falar inglês, foi um dos principais chefes da 3ª Cruzada, ficando célebre pelas suas vitórias contra Saladino, embora não conseguisse reconquistar Jerusalém.
Imediatamente após a subida ao trono, começou a preparar a expedição à Terra Santa. Para tal, não hesitou em esvaziar o tesouro do pai, cobrar novos impostos, vender títulos e cargos por somas exorbitantes a quem os quisesse pagar e até libertar o rei Guilherme I da Escócia dos seus votos de vassalagem por cerca de 10.000 marcos. Ao partir, deixou como regente sua mãe, a rainha Leonor, auxiliada pelo seu irmão mais novo, João.
Em 1192, viu-se obrigado a regressar ao reino, devido não só à atitude do irmão que intentava tirar-lhe o trono, mas principalmente devido à ameaça pendente sobre as suas possessões francesas, representada pelo rei Filipe II de França, que lhe cobiçava a Aquitânia e a Normandia. Preso pelo arquiduque de Áustria, o seu resgate custou 150.000 marcos ao tesouro de Inglaterra, soma equivalente ao dobro da renda anual da coroa, o que colocou o país na absoluta bancarrota e obrigou a muitos impostos adicionais nos anos seguintes.
Apesar do esforço do país para o libertar, Ricardo abandonou a Inglaterra de novo ainda no mesmo ano de 1194 para lidar com os problemas fronteiriços com a França nos territórios do continente, mas é morto por uma flecha quando cercava o castelo de Châlus, em 1199.

Ricardo, Coração de Leão

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