A Holanda, ou mais propriamente, Os Países Baixos, são um pequeno país europeu banhado pelo Mar do Norte, geograficamente de baixa altitude e em que uma boa parte do seu território se situa abaixo do nível do mar. Para se defenderem das constantes inundações provocadas pelo mar e pelos rios, os holandeses construíram diques, para susterem as águas, e ao mesmo tempo, conseguirem recuperar mais terras, ampliando assim o seu território.
Estes diques, símbolos da luta tenaz entre o homem e a natureza, deram origem a algumas lendas que fazem parte do folclore holandês, da qual esta foi retirada e adaptada…
…Perto da cidade de Haarlem, situada na margem do rio Spaarne e também conhecida como a cidade das túlipas, o pequeno Hans e o seu irmão Dieting apanhavam violetas junto do dique que a protegia, quando Dieting, que era o mais novo, exclamou de repente:
- Hans, anda cá ver! Não vês este buraquinho? Parece que dele saem bolas de sabão…
Hans aproximou-se do seu irmão para ver o buraquinho. Este era ainda insignificante, mas um fiozinho de água escapava-se por ali…Olhou em torno de si e não viu ninguém até aos últimos limites do horizonte. Que fazer? Lembrou-se que os homens tinham partido para a pesca e só voltariam no dia seguinte. E então teve uma ideia: aplicou o seu pequeno indicador à abertura, vedando-a, e disse ao irmão:
- Corre depressa, Dieting! Vai dizer a toda a gente que há uma abertura no dique. Eu vou tapá-la com a mão até chegar alguém.
E a criança começou a correr o mais depressa que as suas pequenas pernas lhe permitiam em direcção à aldeia.
Hans estava agora sozinho, ouvindo o gorgolejar da água que a sua mão heróica não deixava passar, sentindo a espuma das vagas que se despedaçavam contra o dique humedecer os seus cabelos.
Pareceu-lhe de repente, que a sua mão se fatigava, que estava muito rígida e ia ceder. Um grande frio subia-lhe ao longo do braço, percorria-lhe todo o corpo, inteiriçando-o…
E olhando ao longo da estrada, não via ninguém. Na sua fadiga crescente, na sua crescente ansiedade, parecia-lhe que a imensa voz do mar lhe dizia:
- Eu sou o Oceano. Ninguém pode lutar contra mim. Como queres tu, pobre criança, impedir-me de passar?
E o coração de Hans batia num grande tumulto. E os seus braços inteiriçavam-se mais e mais. E a voz do mar, ameaçadoramente, clamava:
- Hei-de passar, hei-de passar, hei-de passar!
Então o pequeno Hans, cerrando os dentes, crispou a mão com mais força vedando a abertura do dique, e no meio da sua dor, gritou ao vasto mar:
-Não. Não passarás!
Nesse momento, o pequeno herói ouviu gritos, e viu um bando de homens que corria rapidamente pela estrada abaixo, para consertar o dique. Uma hora depois, voltavam todos à cidade trazendo aos ombros o intrépido Hans.
Ainda hoje se conta em Haarlem a bela história do rapazinho, que com a sua coragem salvou a cidade onde as túlipas são tão belas…
Imagem: Internet
Sem comentários:
Enviar um comentário