A Imperatriz
Com a morte de Constâncio, Gala desentende-se com o irmão e, abandonando Ravena com o filho, acolhe-se junto de Teodósio II em Constantinopla, até que após o falecimento de Honório, em 423, e afastado o imperador eleito na sua ausência pelo senado, Gala Placídia vê-se regente do Império do Ocidente, em nome de seu filho, que contava apenas cinco anos de idade. O direito romano permitia que uma mulher viúva assumisse a tutela legal dos seus filhos desde que não contraísse outro matrimónio, o que a imperatriz aceitou de bom grado.
Ravena era, desde o tempo de Honório, a capital do império, devido às invasões bárbaras. A situação era caótica, pois, a par das revoltas internas quase permanentes e a ameaça das hordas bárbaras, havia agora um conflito religioso, com a expansão da heresia de Pelágio (negação do pecado original), que ameaçava a própria ortodoxia romana.
Senhora de grande inteligência, contou com o apoio de Teodósio II, Imperador romano do Oriente, e ajudada pelos principais chefes militares, que à vez, escolheu para liderar as suas tropas (Bonifácio, Aécio e Félix), conseguiu manter o que restava do Império, até que em 437, o seu filho atingindo a maioridade, subiu ao trono como Valentiniano III.
Em 429, no entanto, Bonifácio, que tinha sido nomeado Conde de África, chamou a si os vândalos de Genserico, privando assim, a corte de Ravena da sua principal fonte de recursos para abastecer os exércitos. Apesar das dificuldades e com o apoio de Constantinopla, conseguiu forçar o rei vândalo a aceitar um acordo que lhe proporcionasse dispor desses mesmos recursos.
Retirou-se então da vida política, ou mais provavelmente foi afastada dela pelo general Aécio, figura preponderante em quase todo o reinado do medíocre filho de Placidia.
Católica convicta, apoiou sempre o primado do Papa romano, contra as heresias vigentes, principalmente a do abade Eutiques, de Constantinopla. Em 418, por ocasião da morte do Papa Zozimo, as duas facções distintas do clero romano, elegeram o seu próprio Papa, o que originou grandes tumultos na cidade. O perfeito de Roma pediu à Corte Imperial, em Ravena, que se pronunciasse, e Gala interveio junto a seu irmão, o imperador, a favor de Eulálio, que foi assim designado como o único Papa.
Foi a primeira vez que um imperador se imiscuiu numa eleição papal.
Mandou construir algumas igrejas em Ravena, como a de S. João Evangelista, em agradecimento ao Santo por a ter salvado e aos seus filhos de um naufrágio, e ordenou a reconstrução da Basílica de S. Paulo fora dos Muros, em Roma e da Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém.
Após o seu falecimento, é sepultada em Ravena num magnífico mausoléu que segundo reza a tradição, mandou construir, e é considerado pela Unesco, Património da Humanidade, desde 1996. Todo decorado com mosaicos bizantinos, e em forma de cruz latina, encontram-se ali depositados os túmulos de seu marido Constâncio, de Honório, Valentiniano III, e do pequenino Teodósio, cujo corpo ela nunca abandonou, e levou sempre consigo em todas as deslocações, metido numa pequena urna de prata.
Filha, irmã e mãe de imperadores, foi regente de um império com honras de Augusta, assistiu á desagregação do Império romano e às invasões bárbaras além de ter sido, ela também, cativa e rainha desses mesmos bárbaros.
É considerada uma das figuras mais fascinantes da sua época. Juntamente com as suas sobrinhas Eudóxia e Pulquéria, governaram todo o mundo Romano.
Fontes:Cebrián, Juan Antonio – A Aventura dos Godos, Guimarães Editores, Lisboa, 2003
Roma, mil anos de poder e glória – Selecções Reader’s Digest
Revista História, National Geographic, nº 46
História da Arte, vol. 3, edições Alfa
Wikipedia.org.
Muito bem sra. historiadora, quase nas 1500 pagewiuers! Continua assim, que qualquer dia dão-te o grau honoris causa dos blogues de história!
ResponderEliminarMuito obrigado pela simpatia, mas só pretendo compartilhar o meu tempo e os meus gostos...um abraço
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