segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Os Bárbaros – III

A deposição de Rómulo Augústulo

O general romano Constâncio, temendo que os Visigodos se tornassem demasiados poderosos desvia-os para a Aquitânia, onde fundam o reino de Tolosa, mais tarde ameaçado pelo povo Franco, que precisa de se expandir. Sob o comando de Vália, voltam à península Ibérica onde fundam um reino.
Os Francos, que também são uma tribo germânica, estabelecem-se dentro dos limites do território romano, como foederati, entre 353-358, conquistando a maior parte da Roma gaulesa ao norte do vale do rio Loire e a leste da Aquitânia visigoda, fundando um reino duradouro. Estavam ao princípio divididos em duas tribos, os francos sálios e os ripuários, que com o tempo formaram apenas uma. Aliados aos burgúndios, romanos e aos visigodos, liderados pelo general Aécio e pelo rei godo Teodorico, ajudaram a derrotar Átila, o rei dos Hunos, na batalha dos Campos Catalaúnicos, em 451. Os Francos eram, de entre os bárbaros, os mais fiéis a Roma, mas mantiveram sempre muito do seu cariz germânico. A sua destreza no manejo das armas é notável, e foram eles que salvaram e restauraram o que subsistia do Império após a sua queda.
Os Burgúndios, também possivelmente originários da Escandinávia, desembarcaram no continente entre o Óder e o Vístula, seguindo através da Alemanha até ao actual Palatinado, onde fundaram um reino, que em 436 é terrivelmente massacrado pelos Hunos. Este episódio faz parte do célebre Canto dos Nibelungos. Aos sobreviventes são-lhes atribuídas novas terras na região do Ródano, na Gália, a que hoje chamamos Borgonha.
Com a morte de Valentiniano III, os imperadores seguintes são meros fantoches nas mãos dos chefes mercenários germânicos, que detêm efectivamente o poder, até que em 476, Odoacro, chefe dos ostrogodos, é eleito rei pelos soldados, e depõe o jovem imperador Rómulo Augústulo, de apenas 16 anos. Considera-o de tal modo inofensivo que não o mata, limitando-se a desterrá-lo para a Campânia.
Intitulando-se rei de Itália, Odoacro, que já era patrício romano, envia a insígnia imperial ao imperador Zenão do Oriente, que a aceita agradecido, terminando assim o Império Romano do Ocidente.
A partir daí, a Itália não foi mais que um aglomerado de reinos germânicos. A data de 476 é considerada como o fim da Idade Antiga e o começo da Idade Média.
O Império Romano do Oriente, que resistirá ainda mais onze séculos, passará então a ser o único herdeiro dos Césares.
O reino visigótico da Península Ibérica dura até 711, altura em que também ele, vitima das dissensões internas que o vão desgastando, é conquistado pelos árabes, que atravessando o estreito de Gibraltar, penetram na Península, e exterminando a maior parte da aristocracia visigótica, dão início a um novo reino sob o nome de Al-Andaluz.
Os poucos sobreviventes, refugiam-se nos montes inóspitos da região das Astúrias, onde fundam um pequeno reino e darão início a um movimento que se chamará a Reconquista Cristã.

Fontes: Grinberg, Carl– História Universal
Meleiro, M. Lucília F., A Mitologia dos Povos Germânicos
Roma, Colecção Grandes Civilizações, Selecções do Reader’s Digest

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