Podendo atingir excepcionalmente 10 mts. de altura, a macieira é uma árvore da família das Rosaceae, pertencente ao género Malus. De porte pequeno a médio, folha caduca, copa mais ou menos arredondada, ramificada, as suas belíssimas flores de um branco-rosado que surgem durante a Primavera, são um regalo para a vista.
Conhecida desde o Neolítico, é originária da Ásia, preferindo os climas temperados uma vez que necessita de baixas temperaturas no Inverno para obter uma abundante floração, é provavelmente a árvore cultivada há mais tempo.
Mito ou não, conta-se que foi à sua sombra, ao cair-lhe na cabeça uma maçã, que Isaac Newton, descobriu a lei da gravidade…
O seu fruto, a maçã, do ponto de vista científico, não é um fruto, mas sim um pseudo fruto. O facto de se poder conservar muito tempo em boas condições, sem perder o seu valor nutritivo, especialmente durante o Inverno quando os frutos não abundam, fez dela uma reserva alimentar através dos tempos.
Além disso, contém vitaminas B1, B2, Niacina, sais minerais, fósforo e ferro, sendo rica em pectina, que ajuda a baixar os níveis de colesterol, e também em quercetina, que ajuda a evitar a formação de coágulos sanguíneos. Como em quase todos os frutos, a maioria destas propriedades encontram-se na sua casca.
Todos conhecemos o provérbio “Uma maçã por dia, teu coração alivia” ou “Uma maçã por dia mantém o médico longe”.
É também utilizada na confecção de bebidas alcoólicas como a sidra.
Fruto simbólico da juventude, da renovação e da regeneração, ela é o alimento dos deuses nórdicos, que se têm de manter jovens e fortes até ao dia do Ragnarok. Quando Iduna, a guardiã do pomar sagrado, encarregada de dar a cada um dos deuses uma maçã por dia é raptada com a conivência do deus Loki, os Aesir começam a envelhecer e é o próprio Loki que a vai resgatar, para que os frutos comecem de novo a ser distribuídos e a juventude retorne aos seus membros.
É também com 3 maçãs douradas que vai deitando pelo caminho, que Hipomene vence Atalanta na corrida, conseguindo assim casar-se com ela.
Deslumbrada pela beleza dos pomos dourados que lhe vão aparecendo, a jovem, que tinha feito voto de nunca casar, ao abaixar-se para os apanhar atrasa-se, tendo assim de renunciar à sua promessa!
O 11º trabalho de Hércules, era roubar uma maçã do Jardim das Hesperides, guardado pelo temível dragão Ládon.
Na mitologia celta e germânica a macieira é considerada a árvore da imortalidade. A ilha de Avalon, ou ilha das Macieiras, era a morada dos reis e heróis míticos falecidos. É aí que o Rei Artur descansa até chegar a hora do seu retorno, enquanto à sombra de uma delas, Merlin ensina as suas artes.
Nas lendas celtas, a Mulher do Outro Mundo envia a Bran um ramo de macieira, antes de o levar para o outro lado do mar.
Mas também é conhecida como o pomo da discórdia, quando, durante um jantar oferecido por Zeus aos deuses, e para o qual ele se esqueceu de convidar Érin, a deusa da discórdia, esta, aparecendo de surpresa, atirou para a mesa uma maçã com a inscrição “Para a mais bela”…
A disputa generalizada entre Hera, Afrodite e Atenas, que disputavam o título, foi de tal ordem, que o pai dos deuses, sem saber para que lado se virar, astuciosamente convidou Páris, o príncipe troiano, para servir de juiz… O resultado foi a Guerra de Troia e Helena é que ficou com a culpa…
Na religião cristã está associada à queda do Homem. Símbolo do conhecimento e da sabedoria, estava colocada no centro do jardim do Éden, como a árvore da ciência do Bem e do Mal, sendo proibido a Adão e Eva comerem do seu fruto. Ao fazê-lo, provocaram a sua expulsão do Paraíso, mas no livro do Génesis, na descrição do Paraíso, nada consta sobre qual seria a espécie dessa árvore. Porquê então a macieira?
Em latim, maçã diz-se “malum” a mesma que serve para designar “mal”, e a sua utilização generalizada como símbolo de amor, fertilidade e imortalidade, contribui para que ela se tornasse conhecida como o fruto da tentação!
E que o diga a Branca de Neve, que não conseguiu resistir ao encanto da maçã vermelhinha que a Bruxa Má lhe oferecia…Mas ao invés de a matar, e apesar do veneno que continha, as suas propriedades benéficas foram mais fortes, e a princesa entrou num sono benéfico que protegendo-a do envelhecimento, a manteve sempre bela, jovem e saudável até à chegada do seu Príncipe Encantado…
Dizem que na Arménia, quando um narrador acaba de contar a sua história, acrescenta: “E do céu caíram três maçãs, uma para quem a contou, outra para quem a pediu e a terceira para quem a ouviu…”
Fontes: Dicionário dos Símbolos – Jean Chevalier
Revista Inatel
O Simbolismo das Plantas – Frank J. Lipp
Revista Jardins
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
A Macieira
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