É no primeiro de Maio, que se começam a celebrar as festividades cíclicas conhecidas por “Maias” e que se prolongam durante este mês.
Maio simboliza o triunfo da natureza fecunda sobre o longo Inverno estéril, e os povos antigos, essencialmente agrícolas, honravam com a chegada da primavera, os deuses menores que lhes protegiam as sementeiras, os bosques, o gado, as colheitas, tudo o que era essencial para a sua sobrevivência.
Já os Fenícios e os Gregos manifestavam a sua adoração aos deuses em festas comemorativas de acontecimentos tão transcendentes como a mudança das estações do ano. Esses costumes foram assimilados por civilizações pré-romanas como os Celtas, que no 1º de Maio celebravam a festa druídica (Beltane), época em que começava o ano e se acendiam grandes fogueiras. Acendia-se então o fogo novo, símbolo da eterna renovação. Foram depois assimiladas pelos romanos, que também comemoravam a chegada da Primavera, homenageando os seus deuses pastoris, como Flora, Palas, Pomona, Ceres, entre outros.
Está neste caso a deusa Pales, protectora dos pastores e dos rebanhos, a quem este dia também era consagrado e que tinha em Roma festas chamadas Palílias ou Parílias. É apresentada coroada de louros e com um molho de palha nas mãos.
Ao nascer do dia os pastores vestiam os seus melhores fatos, purificavam os rebanhos e os currais fazendo à entrada fogueiras alimentadas com enxofre, pinho, loureiro e rosmaninho.
Depois desta purificação, ofereciam pela mão do sacerdote, leite, mel e bolos de farinha de milho ou trigo, realizando-se a seguir, uma refeição pública.
Outra é a deusa Maia, uma ninfa que teve de Zeus um filho, Hermes o mensageiro dos deuses. É-lhe consagrado tanto o primeiro dia de Maio, como também o dia 15. É a deusa da fecundidade e da projecção da energia vital. Na Hispania, também era conhecida como Fauna, Bona Dea e Ops, e sacrificavam-lhe uma porca grávida.
Alguns festejos incluíam um combate entre a Rainha de Maio, toda de branco, e a Rainha de Inverno, representada por um rapaz vestido sombriamente, que acabava com a derrota deste.
Com o advento do Cristianismo, esta festa de celebração da Primavera e de adoração à Terra, personificada na deusa Maia, foi absorvida pela Igreja, como uma festa de exaltação religiosa de veneração à Virgem Maria, dedicando-lhe o mês de Maio.
Estas celebrações ocorrem por vários países da Europa, embora com variantes.
Em Portugal, as Maias ocorrem nalgumas regiões do país, onde na noite do dia 30 de Abril, se colocaram nas portas e janelas giestas em flor ou coroas de flores (as maias), para protecção do “Maio”, também chamado de “Careto” ou “Burro”, entidade maléfica personificando as forças negativas do inverno.
Em Trás-os-Montes e Beiras, comem-se castanhas, guardadas desde o Inverno, as chamadas castanhas piladas, caso contrario, quando se for passar por um burro, este, atira-se à pessoa e morde-a. “Quem não come castanhas no 1º de Maio, monta-o o burro”, é um ditado da região, que considera Maio, o mês dos burros.
É também costume enfeitarem um menino, o “maio-moço” que levam pelas ruas, cantando e dançando à volta dele:
O meu maio-moço/ ele lá vem/ vestido de verde/que parece bem.
Na região norte acredita-se que se não se colocar a “maia” à porta “Vem o Maio montado num burro branco e quebra a louça”. Os rapazes fazem uma coroa de flores que põem à porta das moças de quem gostam.
Noutras regiões, veste-se uma menina de branco, enfeitada de giestas e flores, que sentada num tapete, rodeada de outras meninas pede esmola, enquanto elas cantam:
Esmolinha à Maia/ para um pandeiro/ que não tem dinheiro.
Mais para o Sul, faz-se uma boneca de palha ou de trapos, ao redor da qual, as moças cantam e dançam toda a noite.No Algarve comem-se os “queijinhos de Maio”.
Esta festa, foi proibida várias vezes e já no tempo de D. João I, em 1385, este considera-a como um costume diabólico e um crime de idolatria. Na Idade Média, designava-se por Cavalo de Maio, um tributo que no dia 1º de Maio, pagavam todos aqueles que não tinham cavalo de marca que servisse para a guerra. Ainda hoje, nos Açores, se chama “Cavalo Branco” ao oficial que faz citações.
O facto de as giestas serem as flores escolhidas, prende-se talvez com uma lenda que conta que: “Quando Judas negociou com os sacerdotes a entrega de Jesus, foi combinado que ele poria um ramo de giestas na porta da casa onde Jesus estivesse. Os apóstolos, apercebendo-se disso, enfeitaram todas as portas com um ramo dessas flores, e os guardas quando chegaram, não O puderam prender dessa vez.”
Em Nanterre, França, é chamada de Festa da Rosa e elege-se a mais bela rapariga da localidade, em Nice, é conhecida como a Batalha das Flores.
“Maia” ou “Maio” é também o nome que se dá ao tronco de árvore ou pau alto, que enfeitado de flores e fitas se ergue no meio da praça e à volta do qual há bailarico toda a noite.
Fontes: Oliveira, Ernesto Veiga de – Festividades Cíclicas em Portugal
Coelho, Adolfo – Obra Etnográfica, vol.I
pt.wikipedia.org
imagem: cm-lagos.pt
No Algarve, em tempos, na minha adolescência, o primeiro de Maio era festejado no campo com um pic-nic. O comércio, as escolas e liceus fechavam à tarde para que todos celebrassem. Abria-se o queijo de figo, uma delicia! Grande era a festa.
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