A celebração da Assunção ao Céu em corpo e alma da Virgem Maria é um dos cultos marianos mais antigos que se conhecem e que deu origem à devoção a Nossa Senhora da Boa Morte.
Nos finais do séc. V, começaram a aparecer textos apócrifos sobre a morte de Maria, embora divergissem entre si. Uns achavam que o seu corpo tinha ficado no túmulo, luminoso e incorruptível, outros, que Jesus a tinha levado para o céu em corpo e alma. Apesar disso, a crença espalha-se, primeiro no Oriente, onde teve o seu início, e mais tarde, no Ocidente, trazida pelos cristãos bizantinos.
Segundo a tradição, Maria, por volta do ano 42 da nossa era, entra em “dormição” (isto é, no sono da morte, o que não é bem a morte comum), rodeada pelos apóstolos, que depositam o seu corpo num túmulo novo. Três dias depois, a pedido de S. Tomé, que não tendo chegado a tempo, queria honrar a Mãe de Deus, o sepulcro é aberto e, para espanto de todos, apenas se encontram nele as mortalhas em que o corpo tinha sido envolvido. Admirados, os Apóstolos fecham novamente o túmulo, convencidos de que a Virgem tinha sido “Assunta” isto é, levada em corpo e alma para o Céu.
Um texto difundido no Ocidente por Gregório de Tours dizia que “quando Maria agonizava, os Apóstolos acorreram todos, de cada país, para a sua casa. Velavam por ela quando o Senhor veio, escoltado pelos seus anjos, e recebendo a alma de Maria, entregou-a ao Arcanjo Miguel e retirou-se”. Ao romper do dia, os Apóstolos puseram o seu corpo na tumba, esperando o seu regresso: “Subitamente, Jesus apareceu-lhes de novo e arrebatando o corpo numa nuvem fê-la transportar assim para o Paraíso”.
O Imperador Maurício, que na altura, reinava no Império Romano do Oriente, estabeleceu a data de 15 de Agosto para comemoração da “Dormição da Assunta”, ou a “Dormição” da Mãe de Deus. Mais tarde, o Papa Sérgio I introduziu-a na liturgia romana.
No Ocidente, o culto à ”Dormição de Maria” deu também lugar à homenagem da Nossa Senhora da Boa Morte. Antigamente, era costume na véspera do dia 15 expor á adoração dos fiéis a imagem da Virgem adormecida num esquife, que na manhã seguinte, era trocada pela imagem de Nossa Senhora da Assunção.
Em 1661, Francisco Homem de Couto mandou erigir uma capela a Nossa Senhora da Boa Morte na freguesia da Calheta, e junto a Ponte de Lima existe também uma igreja com o mesmo nome, que na sua capela-mor exibe um belíssimo conjunto escultórico sobre este tema.
A 1 de Novembro de 1950, o Papa Pio XII, através da Constituição apostólica “ Magnificentissimus Deus”, proclama o dogma da Assunção de Nossa Senhora, sem no entanto se pronunciar quanto à sua morte ou “dormição”. Mas já João Paulo II na audiência geral de Junho de 1997 diz: “Qualquer que tenha sido o fato orgânico e biológico que, do ponto de vista físico, Lhe tenha produzido a morte, pode-se dizer que o trânsito desta vida para a outra foi para Maria um amadurecimento da graça na glória, de modo que nunca melhor que nesse caso a morte pode conceber-se como uma "dormição".
Qualquer destes temas, Dormição, Assunção e Boa Morte, foram tratados através dos tempos pelos mais variados artistas, tanto na pintura, como na escultura ou na literatura, desde os ícones bizantinos até às obras do Renascimento e do Barroco, ou aos mais recentes livros dos autores modernos.
Designação: Nossa Senhora da Boa Morte
Autor: Desconhecido
Cronologia: Séc. XVII
Proveniência: Desconhecida
Escultura em madeira estofada. Nossa Senhora aparece deitada com um vestido decorado com motivos florais e um véu na cabeça. Sobre este, um manto que lhe cobre também a cabeça e se estende praticamente até aos pés. As suas mãos estão em gesto de oração e a sua cabeça pousa numa almofada decorada com motivos vegetalistas. O seu leito está rodeado com oito cabeças de anjinhos de asas abertas: três na parte superior, três na parte inferior e um a meio de cada uma das partes laterais. (masampaio.imc-ip.pt)
Nos finais do séc. V, começaram a aparecer textos apócrifos sobre a morte de Maria, embora divergissem entre si. Uns achavam que o seu corpo tinha ficado no túmulo, luminoso e incorruptível, outros, que Jesus a tinha levado para o céu em corpo e alma. Apesar disso, a crença espalha-se, primeiro no Oriente, onde teve o seu início, e mais tarde, no Ocidente, trazida pelos cristãos bizantinos.
Segundo a tradição, Maria, por volta do ano 42 da nossa era, entra em “dormição” (isto é, no sono da morte, o que não é bem a morte comum), rodeada pelos apóstolos, que depositam o seu corpo num túmulo novo. Três dias depois, a pedido de S. Tomé, que não tendo chegado a tempo, queria honrar a Mãe de Deus, o sepulcro é aberto e, para espanto de todos, apenas se encontram nele as mortalhas em que o corpo tinha sido envolvido. Admirados, os Apóstolos fecham novamente o túmulo, convencidos de que a Virgem tinha sido “Assunta” isto é, levada em corpo e alma para o Céu.
Um texto difundido no Ocidente por Gregório de Tours dizia que “quando Maria agonizava, os Apóstolos acorreram todos, de cada país, para a sua casa. Velavam por ela quando o Senhor veio, escoltado pelos seus anjos, e recebendo a alma de Maria, entregou-a ao Arcanjo Miguel e retirou-se”. Ao romper do dia, os Apóstolos puseram o seu corpo na tumba, esperando o seu regresso: “Subitamente, Jesus apareceu-lhes de novo e arrebatando o corpo numa nuvem fê-la transportar assim para o Paraíso”.
O Imperador Maurício, que na altura, reinava no Império Romano do Oriente, estabeleceu a data de 15 de Agosto para comemoração da “Dormição da Assunta”, ou a “Dormição” da Mãe de Deus. Mais tarde, o Papa Sérgio I introduziu-a na liturgia romana.
No Ocidente, o culto à ”Dormição de Maria” deu também lugar à homenagem da Nossa Senhora da Boa Morte. Antigamente, era costume na véspera do dia 15 expor á adoração dos fiéis a imagem da Virgem adormecida num esquife, que na manhã seguinte, era trocada pela imagem de Nossa Senhora da Assunção.
Em 1661, Francisco Homem de Couto mandou erigir uma capela a Nossa Senhora da Boa Morte na freguesia da Calheta, e junto a Ponte de Lima existe também uma igreja com o mesmo nome, que na sua capela-mor exibe um belíssimo conjunto escultórico sobre este tema.
A 1 de Novembro de 1950, o Papa Pio XII, através da Constituição apostólica “ Magnificentissimus Deus”, proclama o dogma da Assunção de Nossa Senhora, sem no entanto se pronunciar quanto à sua morte ou “dormição”. Mas já João Paulo II na audiência geral de Junho de 1997 diz: “Qualquer que tenha sido o fato orgânico e biológico que, do ponto de vista físico, Lhe tenha produzido a morte, pode-se dizer que o trânsito desta vida para a outra foi para Maria um amadurecimento da graça na glória, de modo que nunca melhor que nesse caso a morte pode conceber-se como uma "dormição".
Qualquer destes temas, Dormição, Assunção e Boa Morte, foram tratados através dos tempos pelos mais variados artistas, tanto na pintura, como na escultura ou na literatura, desde os ícones bizantinos até às obras do Renascimento e do Barroco, ou aos mais recentes livros dos autores modernos.
Designação: Nossa Senhora da Boa Morte
Autor: Desconhecido
Cronologia: Séc. XVII
Proveniência: Desconhecida
Escultura em madeira estofada. Nossa Senhora aparece deitada com um vestido decorado com motivos florais e um véu na cabeça. Sobre este, um manto que lhe cobre também a cabeça e se estende praticamente até aos pés. As suas mãos estão em gesto de oração e a sua cabeça pousa numa almofada decorada com motivos vegetalistas. O seu leito está rodeado com oito cabeças de anjinhos de asas abertas: três na parte superior, três na parte inferior e um a meio de cada uma das partes laterais. (masampaio.imc-ip.pt)
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