terça-feira, 2 de agosto de 2011

Vincent Van Gogh – III


Neste asilo onde passou cerca de um ano, e embora as condições não fossem boas, era-lhe permitido pintar nos momentos de lucidez. A região do asilo possuía muitas searas de trigo, vinhas e olivais, que se transformaram na principal fonte de inspiração para os cerca de 150 quadros que ali pintou com um colorido alegre e pinceladas ondulantes e espiraladas, como em “Os Ciprestes” (que se tornam quase uma obsessão), ” Campo de trigo com Ciprestes,” ou em “A Noite Estrelada”,
uma das suas obras-primas, e talvez a mais estranha, porque neste quadro o pintor não se baseia na observação directa da Natureza, mas apenas na sua fantasia.
A pintura era uma actividade que o ligava à vida, pois durante as suas depressões, que duravam geralmente de duas a quatro semanas, onde sofria de alucinações terríveis, seguidas de sonolência e apatia, era-lhe impossível qualquer actividade normal. Embora tivesse aprendido a aceitar a sua doença, a convivência com os outros doentes mentais era-lhe extremamente penosa.
Depois de uma das suas crises, começa a pintar repetições de alguns dos seus quadros, sendo um deles “O Meu Quarto em Arles”, abaixo apresentado.
Em Janeiro e Fevereiro de 1890, acontecem várias coisas boas: nasce o filho de Theo que ele apadrinha e para quem pinta “Amendoeira em Flor”, aparece numa revista de arte um artigo sobre ele, apresenta algumas das suas obras numa exposição em Paris e consegue vender em Bruxelas um dos seus quadros.
Talvez devido a tantas emoções, sofre em Maio de 1890 uma violenta crise e Theo leva-o para Paris, instalando-o em Auvers-sur-Oise, aos cuidados do Dr. Gachet, que além de médico era pintor amador. Tinha-lhe sido recomendado por Camille Pissarro, era um homem amável e depressa se tornam amigos.
Começa novamente a pintar, mas as suas pinceladas, que sempre tinham sido vigorosas, tornam-se agora frenéticas e as cores tornam-se mais baças. Só o trabalho o faz esquecer a doença e nos setenta dias que passa em Auvers, pinta mais de oitenta quadros.
Esta felicidade dura pouco. Theo passa por graves dificuldades económicas o que arrasa Van Gogh, consciente do facto de depender economicamente do irmão e ainda por cima, zanga-se definitivamente com o Dr. Gachet, ficando assim sem o seu último amigo.
Num dos seus últimos quadros, “Campo de trigo com corvos”, em que a extensão e a simplicidade dominam, o pintor exprime toda a sua tristeza e profunda solidão. Sentia que falhara em tudo…
Na tarde de 27 de Julho de 1890, saiu a passear pelos campos e deu um tiro no peito com um revólver. Ainda teve forças para se arrastar até à pensão onde morava, morrendo dois dias mais tarde, nos braços do seu irmão Theo.
“Está visto que só podemos fazer falar os nossos quadros”, escreveu ele um dia. Os seus quadros falavam por ele, mas ninguém os compreendeu…


Fontes: www.wikipedia.pt
História da Arte, vol. 8
Whalter, Ingo F. – Van Gogh

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