Conhecido como o Ferreiro Divino, Hefesto (o Vulcano romano), Senhor dos vulcões, do fogo, dos metais e da ourivesaria, era tão feio e disforme à nascença, que sua mãe Hera, a rainha dos deuses, não podendo suportar a vergonha de o ter dado à luz, lançou-o do Monte Olimpo para o Mar Egeu. Recolhido pelas nereidas Tétis e Eurínome, com elas ficou durante nove anos no fundo do Oceano, praticando em segredo numa forja os seus dons extraordinários para os metais.
Ressentido com o desprezo evidenciado por sua mãe, fabricou um belíssimo trono em ouro finamente cinzelado, enviando-o a Hera, que ao vê-lo,logo se sentou nele. O pior, foi quando ao tentar levantar-se, não o conseguiu fazer… Tinha ficado presa ao assento!
Como nenhum dos deuses a conseguia tirar dali, chamaram Vulcano que repetidamente se negou a aparecer, deixando a deusa humilhada e enfurecida. Por fim, Baco, o deus do vinho, foi procurá-lo e embriagando-o, trouxe-o de volta ao Olimpo, onde o deus se compadeceu dos lamentos de sua mãe, libertando-a.
Porém, não ficou ali muito tempo. Numa das muitas contendas entre Zeus e Hera, este, enfurecido, mandou suspender a mulher na abóbada celeste presa a uma corrente de ouro. Mas Hefesto, achando o castigo demasiado severo, tirou-a dali, o que lhe valeu um valente pontapé do rei dos deuses que o atirou novamente para fora do Olimpo, vindo, a aterrar na ilha de Lemnos, e partindo as duas pernas na queda.
Os habitantes tratataram-no com todo o carinho, mas o deus ficou coxo para sempre…Como recompensa, Hefesto ensinou-os a trabalhar com as forjas, a fundir os metais e a fabricar os utensílios para a lavoura, o que valeu à ilha ser frequentemente abalada por tremores de terra.
Mais tarde, transferiu as suas forjas para as amplas cavernas do Monte Etna, na Sicília, onde teve por auxiliares os Ciclopes, gigantes com um só olho, que viviam aprisionados no interior da Terra. Estas forjas enormes, manejadas pelos Ciclopes, deram origem ao vulcão e às suas erupções, através das quais eram expelidas as chamas e o fumo que provocavam quando em actividade. Sempre que o deus se ausentava, as forjas paravam e o vulcão ficava inactivo…
Um verdadeiro artista, das suas mãos saíam peças tão belas, que depressa todos os deuses quiseram possuir alguma! Agradecido a Tétis pela sua protecção, forjou para Aquiles, seu filho, a esplendida armadura que o herói usou na Guerra de Tróia. Fabricou também, entre outros, o colar de Hermione, a coroa de Ariadne, as armas de Eneas, o ceptro e a égide de Zeus, o palácio do Sol, o carro de Apolo, o cinturão de Vénus e as joias que a Deusa usava.
Foi a ele que Zeus recorreu quando teve de enfrentar os Titãs. Hefesto fabricou então os famosos raios que deram a vitória ao Senhor do Céu. Em agradecimento, Zeus deu-lhe Afrodite, a deusa da Beleza e do Amor como esposa, o que depressa se tornou num presente envenenado…Não era fácil ter uma esposa assim!
Mas, como nem tudo são rosas mesmo na vida dos deuses, Hefesto, bastante contrariado, teve de fabricar as fortes correntes de ferro com que por ordem do Senhor do Olimpo, agrilhoou Prometeu (o criador do primeiro homem) à rocha, no Monte Cáucaso, auxiliado por Cratos (o Poder) e Bia (a Violência).
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