O seu objectivo não era matar ou aniquilar o adversário, mas sim, vencê-lo e capturá-lo. Para ser libertado, o vencido teria de pagar um resgate (às vezes elevadíssimo, dependendo da categoria do cativo), e as suas armas e cavalos eram entregues ao vencedor.
Qualquer morte era considerada acidental e deplorada nos dois campos. Como em qualquer jogo, vencia a melhor equipa, por isso, não eram aconselhados actos de bravura isolados, até porque podiam acabar com a detenção do cavaleiro pelo grupo adversário.
A violência dos golpes dados era tal, que, para além da morte, provocava também inúmeras mutilações, de que muitas vezes os feridos nunca se recompunham. Em 1186, Godofredo Plantagenta morre num torneio perto de Paris. Tentando limitar os ferimentos, favoreceu-se o “béhourd”, competição em que as armas eram embotadas e as couraças acolchoadas. Mesmo assim, no “béhourd” de Blyth, em 1256, dois pares do reino são mortos, e o conde de Norfolk, sofrerá para o resto da sua vida dos ferimentos que lhe foram infligidos.
Vários Papas condenaram estas diversões pelo elevado número de homens mortos e estropiados que causavam, e que assim, não poderiam ser aproveitados para as Cruzadas, chegando mesmo a recusar um funeral cristão aos cavaleiros mortos em torneios. (Inocêncio II, no concílio de Latrão II, 1139, proibição que só foi levantada em 1316, pelo Papa João XXII).
Também vários reis e príncipes introduziram-lhes limitações e regras, sendo uma delas a proibição da participação de estrangeiros.
Mas como escreveu certo cronista “um cavaleiro não pode brilhar na guerra se não se tiver preparado nos torneios”.
Numa sociedade em que as distracções eram limitadíssimas e ao alcance de muito poucos, podemos imaginar o impacto visual, e também emocional, que teria o desfile de algumas centenas de cavaleiros dirigindo-se para o local do torneio, armados dos pés à cabeça coberta pelo elmo, e que montados nos seus cavalos de guerra ajaezados para tal, se distinguiam uns dos outros, apenas pelos brasões de família pintados nos seus escudos.
A partir do sec. XIII passam também a existir as “justas”, um duelo individual realizado em campo fechado e ladeado por tribunas onde ficavam os espectadores, e que pouco a pouco substitui definitivamente o torneio. O espectáculo continua ser brilhante e festivo, embora não tão mortífero.
Mais do que qualquer outro homem da Idade Média, o cavaleiro é filho da sua época. Aparece quando ela se inicia e desaparece com o seu término. Mas o seu ideal e o seu charme permanecem através dos tempos…
Fontes:
Grinberg, Carl - História Universal
Selecções do Reader’s Digest – Ao encontro do passado
História Viva, nº 26
Imagem: pliniocorreadeoliveira.info
Qualquer morte era considerada acidental e deplorada nos dois campos. Como em qualquer jogo, vencia a melhor equipa, por isso, não eram aconselhados actos de bravura isolados, até porque podiam acabar com a detenção do cavaleiro pelo grupo adversário.
A violência dos golpes dados era tal, que, para além da morte, provocava também inúmeras mutilações, de que muitas vezes os feridos nunca se recompunham. Em 1186, Godofredo Plantagenta morre num torneio perto de Paris. Tentando limitar os ferimentos, favoreceu-se o “béhourd”, competição em que as armas eram embotadas e as couraças acolchoadas. Mesmo assim, no “béhourd” de Blyth, em 1256, dois pares do reino são mortos, e o conde de Norfolk, sofrerá para o resto da sua vida dos ferimentos que lhe foram infligidos.
Vários Papas condenaram estas diversões pelo elevado número de homens mortos e estropiados que causavam, e que assim, não poderiam ser aproveitados para as Cruzadas, chegando mesmo a recusar um funeral cristão aos cavaleiros mortos em torneios. (Inocêncio II, no concílio de Latrão II, 1139, proibição que só foi levantada em 1316, pelo Papa João XXII).
Também vários reis e príncipes introduziram-lhes limitações e regras, sendo uma delas a proibição da participação de estrangeiros.
Mas como escreveu certo cronista “um cavaleiro não pode brilhar na guerra se não se tiver preparado nos torneios”.
Numa sociedade em que as distracções eram limitadíssimas e ao alcance de muito poucos, podemos imaginar o impacto visual, e também emocional, que teria o desfile de algumas centenas de cavaleiros dirigindo-se para o local do torneio, armados dos pés à cabeça coberta pelo elmo, e que montados nos seus cavalos de guerra ajaezados para tal, se distinguiam uns dos outros, apenas pelos brasões de família pintados nos seus escudos.
A partir do sec. XIII passam também a existir as “justas”, um duelo individual realizado em campo fechado e ladeado por tribunas onde ficavam os espectadores, e que pouco a pouco substitui definitivamente o torneio. O espectáculo continua ser brilhante e festivo, embora não tão mortífero.
Mais do que qualquer outro homem da Idade Média, o cavaleiro é filho da sua época. Aparece quando ela se inicia e desaparece com o seu término. Mas o seu ideal e o seu charme permanecem através dos tempos…
Fontes:
Grinberg, Carl - História Universal
Selecções do Reader’s Digest – Ao encontro do passado
História Viva, nº 26
Imagem: pliniocorreadeoliveira.info
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