Quem hoje passa pela Basílica dos Mártires, na Rua Garrett ao Chiado, provavelmente já nem se recorda que aqui foi baptizado um dos nossos maiores poetas, Fernando Pessoa, além do infante D. João, mais tarde D. João V, e Frei Bartolomeu dos Mártires entre outros.
A igreja é a mais antiga da baixa lisboeta, embora fosse trasladada depois do terramoto, para o local onde está actualmente. No início foi apenas uma pequena ermida levantada em 1147 no monte Fragoso, actual Alto de S. Francisco, por voto de D. Afonso Henriques, após a tomada de Lisboa, no local onde foram enterrados os cruzados ingleses, que deram a vida por essa conquista, e onde já existia uma necrópole moçárabe. A imagem da Virgem que o rei doou à ermida, vinha com a expedição dos Cruzados que ajudaram à conquista. O povo começou a chamar-lhes mártires, ficando a padroeira conhecida como Nossa Senhora dos Mártires. Nesta ermida celebrou-se o primeiro baptismo feito depois da conquista.
Com o passar dos anos, foi restaurada três vezes, uma em 1589, a 2ª em 1664, e a 3ª em 1746 que durou até 1750. No final do sec. XIV foi elevada a Basílica pelo Papa Urbano XIV.
Com o terramoto de 1755 tudo ruiu, incluindo o belíssimo tecto pintado por Francisco Vieira Lusitano, salvando-se a imagem da padroeira, a pia baptismal e um ossário em talha dourada, com ossadas de alguns daqueles combatentes, e que agora serve de peanha à estátua de S. Miguel Arcanjo, e pouco mais. Os escombros ficaram nos caboucos da nova basílica, construída em 1769, na actual rua Garrett. Neste lugar existia já a ermida do Bom Jesus do Perdão, que foi incorporada na nova igreja, restando ainda um crucifixo, muito venerado, exposto ao culto.
É uma igreja de estilo barroco tardio, feita de raiz, da autoria do arquitecto Reinaldo Manuel dos Santos. Sobre o pórtico central está um medalhão redondo comemorativo da dedicação do templo primitivo, que representa D. Afonso Henriques dando graças à Virgem, tendo a seu lado Guilherme da Longa Espada chefe dos Cruzados, obra de Francisco Leal Garcia. A pintura do tecto do corpo da igreja, assim como das oito capelas laterais são obra do pintor Pedro Alexandrino.
Diz Mário Costa no seu livro O Chiado pitoresco e elegante: “Foi há 100 anos atrás o local de reunião de “Toda a Lisboa”, que vinha assistir aos actos litúrgicos, conviver e ouvir música. Junto com a igreja da Encarnação e a do Loreto, formam uma trindade sacra numa zona de tertúlias e boémia…”.
Tendo nascido a 13 de Junho de 1888, no Largo de S. Carlos, onde moravam os seus pais, Fernando Pessoa foi nesta igreja baptizado a dia 21 de Julho do mesmo ano. O toque dos sinos do campanário da basílica, embalaram-no até aos 5 anos, altura em que após a morte de seu pai muda de casa, e com o segundo casamento da mãe embarca para a África do Sul, onde tem de dividir o seu afecto com o padrasto e mais quatro irmãos nascidos desse matrimónio.
Após o seu regresso, publica em 1914 o poema “Ó sino da minha aldeia”, um retorno nostálgico aos dias felizes da sua infância, quando morava no largo de S. Carlos, à época em que o pai ainda era vivo, e como filho único era “o menino da sua mãe”. O espaço entre o Largo de S. Carlos e a Igreja dos Mártires é considerado neste poema como a sua “aldeia”, e o “sino” que “lhe soa dentro da alma” recorda-lhe a passagem dolorosa do tempo. Um dos seus percursos habituais era até ao Largo do Chiado para beber um café na “ Brasileira”. Será que é a este percurso que o poeta se refere quando diz “Quando passo sempre errante”?
A igreja é a mais antiga da baixa lisboeta, embora fosse trasladada depois do terramoto, para o local onde está actualmente. No início foi apenas uma pequena ermida levantada em 1147 no monte Fragoso, actual Alto de S. Francisco, por voto de D. Afonso Henriques, após a tomada de Lisboa, no local onde foram enterrados os cruzados ingleses, que deram a vida por essa conquista, e onde já existia uma necrópole moçárabe. A imagem da Virgem que o rei doou à ermida, vinha com a expedição dos Cruzados que ajudaram à conquista. O povo começou a chamar-lhes mártires, ficando a padroeira conhecida como Nossa Senhora dos Mártires. Nesta ermida celebrou-se o primeiro baptismo feito depois da conquista.
Com o passar dos anos, foi restaurada três vezes, uma em 1589, a 2ª em 1664, e a 3ª em 1746 que durou até 1750. No final do sec. XIV foi elevada a Basílica pelo Papa Urbano XIV.
Com o terramoto de 1755 tudo ruiu, incluindo o belíssimo tecto pintado por Francisco Vieira Lusitano, salvando-se a imagem da padroeira, a pia baptismal e um ossário em talha dourada, com ossadas de alguns daqueles combatentes, e que agora serve de peanha à estátua de S. Miguel Arcanjo, e pouco mais. Os escombros ficaram nos caboucos da nova basílica, construída em 1769, na actual rua Garrett. Neste lugar existia já a ermida do Bom Jesus do Perdão, que foi incorporada na nova igreja, restando ainda um crucifixo, muito venerado, exposto ao culto.
É uma igreja de estilo barroco tardio, feita de raiz, da autoria do arquitecto Reinaldo Manuel dos Santos. Sobre o pórtico central está um medalhão redondo comemorativo da dedicação do templo primitivo, que representa D. Afonso Henriques dando graças à Virgem, tendo a seu lado Guilherme da Longa Espada chefe dos Cruzados, obra de Francisco Leal Garcia. A pintura do tecto do corpo da igreja, assim como das oito capelas laterais são obra do pintor Pedro Alexandrino.
Diz Mário Costa no seu livro O Chiado pitoresco e elegante: “Foi há 100 anos atrás o local de reunião de “Toda a Lisboa”, que vinha assistir aos actos litúrgicos, conviver e ouvir música. Junto com a igreja da Encarnação e a do Loreto, formam uma trindade sacra numa zona de tertúlias e boémia…”.
Tendo nascido a 13 de Junho de 1888, no Largo de S. Carlos, onde moravam os seus pais, Fernando Pessoa foi nesta igreja baptizado a dia 21 de Julho do mesmo ano. O toque dos sinos do campanário da basílica, embalaram-no até aos 5 anos, altura em que após a morte de seu pai muda de casa, e com o segundo casamento da mãe embarca para a África do Sul, onde tem de dividir o seu afecto com o padrasto e mais quatro irmãos nascidos desse matrimónio.
Após o seu regresso, publica em 1914 o poema “Ó sino da minha aldeia”, um retorno nostálgico aos dias felizes da sua infância, quando morava no largo de S. Carlos, à época em que o pai ainda era vivo, e como filho único era “o menino da sua mãe”. O espaço entre o Largo de S. Carlos e a Igreja dos Mártires é considerado neste poema como a sua “aldeia”, e o “sino” que “lhe soa dentro da alma” recorda-lhe a passagem dolorosa do tempo. Um dos seus percursos habituais era até ao Largo do Chiado para beber um café na “ Brasileira”. Será que é a este percurso que o poeta se refere quando diz “Quando passo sempre errante”?
Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.
E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.
Por mais que me tanjas perto,
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho,
Soas-me na alma distante.
A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.
Fernando Pessoa
Fontes: www.snpcultura.org
Costa, Mário: O Chiado pitoresco e elegante
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