domingo, 8 de agosto de 2010

O Trovadorismo Galaico-Português I






Trovas e Trovadores



O trovadorismo é a primeira manifestação literária portuguesa, surgida no sec. XII, a quando da formação de Portugal como reino independente. Os poemas, feitos pelos trovadores, eram cantados nas festas, feiras e nos castelos durante o último período da Idade Média e chegaram à Península através dos cavaleiros provençais que para cá vieram ajudar os reis ibéricos na sua luta contra os árabes.
Trovadores eram aqueles que compunham as poesias e as melodias que as acompanhavam, e cantigas são as poesias cantadas. A designação "trovador" aplicava-se aos autores de origem nobre, os outros são conhecidos como jograis. Esteve sempre ligada à música, pois era acompanhada por instrumentos musicais como o alaúde ou a cistra.
Os dois primeiros trovadores conhecidos são João Soares de Pávia ou Paiva, com uma cantiga de escárnio “Ora faz host’o senhor de Navarra” e Paio Soares de Taveirós com a “Cantiga de Guarvaia” dedicada a D. Maria Paes Ribeiro, a célebre amante de D. Sancho I, conhecida como a Ribeirinha. Escritas entre 1196 e 1200, marcam o início da lírica medieval galaico-portuguesa, que se estende, segundo alguns historiadores, até 1354, data do falecimento de D. Pedro, Conde de Barcelos, filho bastardo de D. Dinis, e também ele trovador e o último compilador das cantigas trovadorescas, ou até 1419, data em que Fernão Lopes foi nomeado Guarda-Mor da Torre do Tombo.
A poesia trovadoresca divide-se em três categorias: cantigas de amigo, de amor e de escárnio ou maldizer. A cantiga de amigo teve origem na Península Ibérica, ao contrário das outras, originárias da Provença.
Por volta do sec. XIII foram manuscritas e compiladas em cancioneiros, chegando até nós apenas três: o Cancioneiro da Vaticana, o Cancioneiro da Biblioteca Nacional e o Cancioneiro da Ajuda, com composições que vão do sec. XII ao sec. XIV. Foram também encontradas poesias no Pergaminho de Vindel e no Pergaminho Sharrer.
O «Cancioneiro da Ajuda» também conhecido como o «Livro de Cantigas do Conde de Barcelos», é anónimo e o mais antigo. Contém cerca de 310 composições, quase todas de amor, anteriores a D. Dinis.
O Cancioneiro da Biblioteca Vaticana compilado em Itália no final do século XV ou início do século XVI encontra-se depositado na Biblioteca do Vaticano, donde deriva o seu nome. Tem 1205 composições de todos os tipos, e foi descoberto no sec. XIX.
O Cancioneiro da Biblioteca Nacional (antigo Colocci-Brancutti) tem 1647 composições, de todos os tipos e engloba trovadores dos reinados de D. Afonso III e de D. Dinis. Foi compilado em Itália por volta de 1525-1526 por ordem do humanista Angelo Colocci (1467-1549). Em 1924 foi adquirido pelo Estado Português e depositado na Biblioteca Nacional de Lisboa, de onde deriva o nome pelo qual é hoje conhecido.
O Pergaminho Vindel é um texto copiado no final do século XIII ou começo do XIV e contém as sete cantigas de amigo de Martim Codax, com notação musical em seis delas. A descoberta deste pergaminho deve-se ao acaso: ocorreu quando Pedro Vindel, um comerciante de livros antigos, o descobriu em 1914 na sua biblioteca, servindo de forro a um exemplar do De officiis de Cícero. Depois de muitas vicissitudes, o Pergaminho foi comprado pela Pierpoint Morgan Library em Nova Iorque, no ano de 1977.
O Pergaminho Sharrer é um fragmento de pergaminho medieval que contém partes de sete cantigas de amor de Dom Dinis, rei de Portugal. O pergaminho foi descoberto em 1990 nos arquivos da Torre do Tombo de Lisboa pelo pesquisador Harvey L. Sharrer, da Universidade da Califórnia.
Entre os melhores trovadores desse período destacam-se, além dos trovadores acima mencionados, Afonso XI, o Sábio, D. Dinis, Afonso Sanches e D. Pedro, conde Barcelos, filhos bastardos de D. Dinis, João Garcia de Guilhade, Martim Codax, João Zorro, Bernardo ou Bernal de Bonaval, Pero da Ponte, Nuno Fernandes Torneol e muitos outros.
Fontes: Wikipédia
História Concisa de Portugal – José Hermano Saraiva
Instituto Camões

Sem comentários:

Enviar um comentário