Podendo atingir excepcionalmente 10 mts. de altura, a macieira é uma árvore da família das Rosaceae, pertencente ao género Malus. De porte pequeno a médio, folha caduca, copa mais ou menos arredondada, ramificada, as suas belíssimas flores de um branco-rosado que surgem durante a Primavera, são um regalo para a vista.
Conhecida desde o Neolítico, é originária da Ásia, preferindo os climas temperados uma vez que necessita de baixas temperaturas no Inverno para obter uma abundante floração, é provavelmente a árvore cultivada há mais tempo.
Mito ou não, conta-se que foi à sua sombra, ao cair-lhe na cabeça uma maçã, que Isaac Newton, descobriu a lei da gravidade…
O seu fruto, a maçã, do ponto de vista científico, não é um fruto, mas sim um pseudo fruto. O facto de se poder conservar muito tempo em boas condições, sem perder o seu valor nutritivo, especialmente durante o Inverno quando os frutos não abundam, fez dela uma reserva alimentar através dos tempos.
Além disso, contém vitaminas B1, B2, Niacina, sais minerais, fósforo e ferro, sendo rica em pectina, que ajuda a baixar os níveis de colesterol, e também em quercetina, que ajuda a evitar a formação de coágulos sanguíneos. Como em quase todos os frutos, a maioria destas propriedades encontram-se na sua casca.
Todos conhecemos o provérbio “Uma maçã por dia, teu coração alivia” ou “Uma maçã por dia mantém o médico longe”.
É também utilizada na confecção de bebidas alcoólicas como a sidra.
Fruto simbólico da juventude, da renovação e da regeneração, ela é o alimento dos deuses nórdicos, que se têm de manter jovens e fortes até ao dia do Ragnarok. Quando Iduna, a guardiã do pomar sagrado, encarregada de dar a cada um dos deuses uma maçã por dia é raptada com a conivência do deus Loki, os Aesir começam a envelhecer e é o próprio Loki que a vai resgatar, para que os frutos comecem de novo a ser distribuídos e a juventude retorne aos seus membros.
É também com 3 maçãs douradas que vai deitando pelo caminho, que Hipomene vence Atalanta na corrida, conseguindo assim casar-se com ela.
Deslumbrada pela beleza dos pomos dourados que lhe vão aparecendo, a jovem, que tinha feito voto de nunca casar, ao abaixar-se para os apanhar atrasa-se, tendo assim de renunciar à sua promessa!
O 11º trabalho de Hércules, era roubar uma maçã do Jardim das Hesperides, guardado pelo temível dragão Ládon.
Na mitologia celta e germânica a macieira é considerada a árvore da imortalidade. A ilha de Avalon, ou ilha das Macieiras, era a morada dos reis e heróis míticos falecidos. É aí que o Rei Artur descansa até chegar a hora do seu retorno, enquanto à sombra de uma delas, Merlin ensina as suas artes.
Nas lendas celtas, a Mulher do Outro Mundo envia a Bran um ramo de macieira, antes de o levar para o outro lado do mar.
Mas também é conhecida como o pomo da discórdia, quando, durante um jantar oferecido por Zeus aos deuses, e para o qual ele se esqueceu de convidar Érin, a deusa da discórdia, esta, aparecendo de surpresa, atirou para a mesa uma maçã com a inscrição “Para a mais bela”…
A disputa generalizada entre Hera, Afrodite e Atenas, que disputavam o título, foi de tal ordem, que o pai dos deuses, sem saber para que lado se virar, astuciosamente convidou Páris, o príncipe troiano, para servir de juiz… O resultado foi a Guerra de Troia e Helena é que ficou com a culpa…
Na religião cristã está associada à queda do Homem. Símbolo do conhecimento e da sabedoria, estava colocada no centro do jardim do Éden, como a árvore da ciência do Bem e do Mal, sendo proibido a Adão e Eva comerem do seu fruto. Ao fazê-lo, provocaram a sua expulsão do Paraíso, mas no livro do Génesis, na descrição do Paraíso, nada consta sobre qual seria a espécie dessa árvore. Porquê então a macieira?
Em latim, maçã diz-se “malum” a mesma que serve para designar “mal”, e a sua utilização generalizada como símbolo de amor, fertilidade e imortalidade, contribui para que ela se tornasse conhecida como o fruto da tentação!
E que o diga a Branca de Neve, que não conseguiu resistir ao encanto da maçã vermelhinha que a Bruxa Má lhe oferecia…Mas ao invés de a matar, e apesar do veneno que continha, as suas propriedades benéficas foram mais fortes, e a princesa entrou num sono benéfico que protegendo-a do envelhecimento, a manteve sempre bela, jovem e saudável até à chegada do seu Príncipe Encantado…
Dizem que na Arménia, quando um narrador acaba de contar a sua história, acrescenta: “E do céu caíram três maçãs, uma para quem a contou, outra para quem a pediu e a terceira para quem a ouviu…”
Fontes: Dicionário dos Símbolos – Jean Chevalier
Revista Inatel
O Simbolismo das Plantas – Frank J. Lipp
Revista Jardins
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
A Macieira
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
A minha aldeia
Todo o mundo me pertence.
Aqui me encontro e confundo
com gente de todo o mundo
que a todo o mundo pertence.
Bate o sol na minha aldeia
com várias inclinações.
Ângulo novo, nova ideia;
outros graus, outras razões.
Que os homens da minha aldeia
são centenas de milhões.
Os homens da minha aldeia
divergem por natureza.
O mesmo sonho os separa,
a mesma fria certeza
os afasta e desampara,
rumorejante seara
onde se odeia em beleza.
Os homens da minha aldeia
formigam raivosamente
com os pés colados ao chão.
Nessa prisão permanente
cada qual é seu irmão.
Valência de fora e dentro
ligam tudo ao mesmo centro
numa inquebrável cadeia.
Longas raízes que imergem,
todos os homens convergem
no centro da minha aldeia.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
O JURAMENTO DO ÁRABE - G. Crespo
Baçus, mulher de Ali, pastora de camelas
Viu de noite, ao fulgor das rútilas estrelas,
Wail, chefe minaz de bárbara pujança,
Matar-lhe um animal. Baçus jurou vingança;
Corre, célere voa, entra na tenda, e conta
A um hóspede de Ali a grave e inulta afronta.
-«Baçus, disse tranquilo o hóspede gentil,
«Vingar-te-ei com meu braço, eu matarei Wail.»
Disse e cumpriu.
Foi esta a causa verdadeira
Da guerra pertinaz, horrível, carniceira
Que as tribos dividiu. Na luta fratricida
Omar, filho de Amru, perdera o alento e a vida.
Amru, que lanças mil aos rudes prélios leva,
E que em sangue inimigo, irado, os ódios ceva,
Incansável procura, e é sempre embalde, o vil
Matador de seu filho, o tredo Muhalhil.
Uma noite, na tenda, a um moço prisioneiro,
Recém-colhido em campo, o indómito guerreiro
Falou severo assim:
«Escravo, atende, e escuta:
«Aponta-me a região, o monte, o plaino, a gruta,
«Em que vive o traidor Muhalhil, dize a verdade;
«Dá-me que o alcance vivo, e é tua a liberdade!»
E o moço perguntou:
«É por Allah que o juras?»
- Juro, o chefe tornou –
«Sou o homem que procuras!
«Muhalhil é o meu nome, eu fui que espedacei
«A lança do teu filho, e aos pés o subjuguei!»
E, intrépido, fitava o atónito inimigo.
Amru volveu: - És livre, Allah seja contigo!
Gonçalves Crespo - “Nocturnos”
sábado, 19 de fevereiro de 2011
O Túmulo de Gala Placidia - II
Existem três sarcófagos principais no interior do mausoléu, um em cada extremidade dos braços, salvo a entrada. Possivelmente nenhum deles pertence à construção original. Os dois na transversal possuem um desenho simples, consistindo de uma caixa com decorações em relevo e uma tampa em V invertido a simular um telhado. O que está oposto à entrada, que antigamente foi considerado o de Gala Placídia, é bem mais rústico. No lugar desse terceiro sarcófago deve ter existido um altar, e, segundo o costume, esse altar deveria conter alguma relíquia de um santo, naturalmente aquele representado na cena acima, que seria o padroeiro dessa pequena capela mortuária. Outros dois sarcófagos menores jazem ao lado da entrada.
Fontes: wikipedia.org
História da Arte, vol.3, edições Alfa
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
O túmulo de Gala Placidia - I
Mandado construir pela imperatriz, era uma igreja dedicada a S. Lourenço ou S. Vicente, e embora de linhas simples, o brilhante policromado dos mosaicos bizantinos que decoravam o seu interior, compensavam a sua modesta forma exterior. Actualmente isolado, este pequeno edifício é uma das construções mais notáveis do sec. V.
Originalmente o edifício era revestido de estuque pintado de modo a imitar mármore, que foi removido posteriormente, e a técnica de construção é uma transição entre as tipologias da Roma imperial e a paleocristã. Uma característica típica dessa fase é o uso de ânforas em vez de tijolos a fim de aliviar o peso das estruturas. No caso do mausoléu, foram encontradas durante as reparações feitas em 1838, no volume cúbico que sustenta a cúpula. É o mais antigo monumento de Ravena a preservar sua decoração original. Sobre o cruzamento dos braços ergue-se uma estrutura cúbica com pequenas janelas e coberta por um telhado em quatro águas. As janelas estão fechadas com placas translúcidas de alabastro oferecidas por Vitório Emanuel III em 1908, e a base do edifício está cerca de 1,5 m abaixo do nível do solo, devido ao seu afundamento no decurso do tempo.
Totalmente forrado de mosaicos, constitui um dos mais belos conjuntos cromáticos do mundo antigo. Elementos figurativos conjugam-se com o profundo tom azul, verde e ouro da ornamentação vegetalista e geométrica, criando uma atmosfera misteriosa, quase sobrenatural.
No centro há uma grande cruz latina dourada. Nos quatro cantos estão meias-figuras de seres alados sobre nuvens, representando as criaturas associadas aos quatro evangelistas - o anjo, o touro, o leão e a águia. São imagens típicas da iconografia paleocristã, não possuindo auréolas nem os livros dos Evangelhos, elementos que só apareceram por volta do século VI, mas diferem do uso da época por terem apenas duas asas cada, quando o comum era a representação de seis. A cruz flutuando livre no céu possivelmente significa o Segundo Advento de Cristo. Debaixo das janelas estão pares de figuras de pombas bebendo água de vasos, que são interpretadas possivelmente como alegorias da luta da alma em busca do Reino dos Céus, e a água dos vasos pode ser um símbolo do baptismo. O tema das pombas e da água era comum em contextos fúnebres e baptismais do cristianismo primitivo. Na parte superior às janelas há um motivo dourado de concha que dá uma impressão de espaço tridimensional para as cenas abaixo, contendo ainda adornos em forma de pérolas e uma pomba, que representa o Espírito Santo. As áreas são delimitadas com faixas de motivos abstractos e ramos de videira entrelaçados, em tons de azul, branco e ouro.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Gala Placidia - II
A Imperatriz
Com a morte de Constâncio, Gala desentende-se com o irmão e, abandonando Ravena com o filho, acolhe-se junto de Teodósio II em Constantinopla, até que após o falecimento de Honório, em 423, e afastado o imperador eleito na sua ausência pelo senado, Gala Placídia vê-se regente do Império do Ocidente, em nome de seu filho, que contava apenas cinco anos de idade. O direito romano permitia que uma mulher viúva assumisse a tutela legal dos seus filhos desde que não contraísse outro matrimónio, o que a imperatriz aceitou de bom grado.
Ravena era, desde o tempo de Honório, a capital do império, devido às invasões bárbaras. A situação era caótica, pois, a par das revoltas internas quase permanentes e a ameaça das hordas bárbaras, havia agora um conflito religioso, com a expansão da heresia de Pelágio (negação do pecado original), que ameaçava a própria ortodoxia romana.
Senhora de grande inteligência, contou com o apoio de Teodósio II, Imperador romano do Oriente, e ajudada pelos principais chefes militares, que à vez, escolheu para liderar as suas tropas (Bonifácio, Aécio e Félix), conseguiu manter o que restava do Império, até que em 437, o seu filho atingindo a maioridade, subiu ao trono como Valentiniano III.
Em 429, no entanto, Bonifácio, que tinha sido nomeado Conde de África, chamou a si os vândalos de Genserico, privando assim, a corte de Ravena da sua principal fonte de recursos para abastecer os exércitos. Apesar das dificuldades e com o apoio de Constantinopla, conseguiu forçar o rei vândalo a aceitar um acordo que lhe proporcionasse dispor desses mesmos recursos.
Retirou-se então da vida política, ou mais provavelmente foi afastada dela pelo general Aécio, figura preponderante em quase todo o reinado do medíocre filho de Placidia.
Católica convicta, apoiou sempre o primado do Papa romano, contra as heresias vigentes, principalmente a do abade Eutiques, de Constantinopla. Em 418, por ocasião da morte do Papa Zozimo, as duas facções distintas do clero romano, elegeram o seu próprio Papa, o que originou grandes tumultos na cidade. O perfeito de Roma pediu à Corte Imperial, em Ravena, que se pronunciasse, e Gala interveio junto a seu irmão, o imperador, a favor de Eulálio, que foi assim designado como o único Papa.
Foi a primeira vez que um imperador se imiscuiu numa eleição papal.
Mandou construir algumas igrejas em Ravena, como a de S. João Evangelista, em agradecimento ao Santo por a ter salvado e aos seus filhos de um naufrágio, e ordenou a reconstrução da Basílica de S. Paulo fora dos Muros, em Roma e da Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém.
Após o seu falecimento, é sepultada em Ravena num magnífico mausoléu que segundo reza a tradição, mandou construir, e é considerado pela Unesco, Património da Humanidade, desde 1996. Todo decorado com mosaicos bizantinos, e em forma de cruz latina, encontram-se ali depositados os túmulos de seu marido Constâncio, de Honório, Valentiniano III, e do pequenino Teodósio, cujo corpo ela nunca abandonou, e levou sempre consigo em todas as deslocações, metido numa pequena urna de prata.
Filha, irmã e mãe de imperadores, foi regente de um império com honras de Augusta, assistiu á desagregação do Império romano e às invasões bárbaras além de ter sido, ela também, cativa e rainha desses mesmos bárbaros.
É considerada uma das figuras mais fascinantes da sua época. Juntamente com as suas sobrinhas Eudóxia e Pulquéria, governaram todo o mundo Romano.
Fontes:Cebrián, Juan Antonio – A Aventura dos Godos, Guimarães Editores, Lisboa, 2003
Roma, mil anos de poder e glória – Selecções Reader’s Digest
Revista História, National Geographic, nº 46
História da Arte, vol. 3, edições Alfa
Wikipedia.org.
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Gala Placidia – I
De princesa imperial a rainha bárbara
Elia Gala Placidia, nasceu em Constantinopla, a meados do ano de 392d.C., filha do imperador Teodósio I e da sua segunda esposa, a imperatriz Gala, na Sala Púrpura do palácio, destinada ao parto dos bebés reais, para que os que ali nascessem viessem à luz envoltos na cor púrpura, símbolo do seu destino imperial. Era também meia-irmã de Honorio, designado aos 11 anos de idade, como Imperador Romano do Ocidente, e de Arcádio, futuro imperador romano do Oriente.
Pouco mais de meio século depois, em 450, falece em Roma, sendo-lhe administrados os últimos sacramentos pelo próprio Papa Leão I, que se deslocou ao palácio para a receber em confissão. O seu corpo esteve exposto num catafalco, para que tanto a nobreza como o povo pudessem prestar as últimas homenagens à sua imperatriz.
E, no entanto, no decurso destes 58 anos, a sua vida foi tudo, menos monótona.
Embora nascida na capital do Império Romano do Oriente, a princesa foi prometida a Euqério, filho do general Estilicão e de Serena, sobrinha do imperador Teodósio I, a quem foi entregue a sua educação, vindo então para Roma.
Depois do assassinato de Estilicão, seguida da morte do seu filho, continua em Roma, onde juntamente com todo o Senado vota a execução da sua prima Serena. Desconhecem-se as razões que a levaram a este acto. Em 410 assiste ao saque da cidade feita pelo rei godo, Alarico, que dura seis dias.
Quando finalmente Alarico dá ordem de marcha às suas tropas, para sul, no seu enorme espólio de guerra, além do sagrado candelabro judeu de sete braços e a mesa de Salomão, retirados séculos atrás do Templo de Jerusalém pelo imperador Tito, iam milhares de prisioneiros, entre eles a própria irmã do imperador romano, Gala Placidia, convertida assim em moeda de troca.
Mas Alarico morre nesse mesmo ano, e o seu sucessor, o seu cunhado Ataúlfo, cujo plano consistia em revigorar o Império com a força dos visigodos, assimilando a cultura, costumes e leis romanas, faz um acordo com o imperador Honório, estabelecendo-se no sul das Gálias, onde ajudaria o general romano Constâncio, a pôr um pouco de ordem no caos que se tinha instalado naquela região, em troca de terras e alimentos para o seu povo e a devolução da irmã de Honório, desejada pelo general para sua esposa.
Não nos podemos esquecer que era através da união com as princesas imperiais, que mais facilmente se chegaria ao poder!
Honório, não conseguiu cumprir o tratado, e Ataúlfo não consentiu na devolução da princesa, por quem entretanto se tinha apaixonado. Instigado pelo seu general, o imperador decidiu retomar a irmã pela força, declarando a guerra. Derrotado em Marselha, Ataúlfo marcha para sul, conquistando várias cidades e dominando completamente a região da Aquitânia em 413. Em Janeiro de 414, desposa Gala Placídia, numa boda magnífica ao estilo romano em Narbona, embora segundo alguns historiadores, desde 411 tenham deixado de ser apenas captor e cativa.
Mas a viva rejeição do imperador por este consórcio, que ele achava degradante, e os ciúmes de Constâncio, fazem com que o imperador conceda a este a mão da irmã, desde que vença os bárbaros.
Entretanto recolhida em Barcino (Barcelona), Gala espera o seu primeiro filho, que nasce em princípios de 415, e a quem dão o nome do seu avô materno, Teodósio. Uma vez que Honório não tinha descendentes, este menino era agora o único herdeiro do Império Romano do Ocidente, trazendo consigo a esperança de uma reconciliação. Mas o imperador nem quer ouvir falar disso, e a criança, morrendo poucas semanas após o seu nascimento, traz de novo a tranquilidade à Corte romana.
Em Agosto de 415, Ataúlfo é assassinado e a princesa, que em pouco tempo ficara sem marido e sem filho, é vista por uma parte dos godos, como a causadora de tanta desgraça.
O novo rei é Vália, irmão do falecido, mas rapidamente destronado por Sigerico, cujo reinado dura apenas uma semana, antes de ser por sua vez, assassinado também. Chega, no entanto, para mandar executar os seis filhos vivos de Ataúlfo, frutos do seu primeiro casamento, virando-se depois contra a sua viúva.
Humilhada e insultada frente à populaça, Gala foi submetida a vários castigos; um deles consistiu em caminhar quilómetros juntamente com as escravas, durante mais de vinte e quatro horas, sob o olhar atento de Sigerico, que a seguia, montado num cavalo, poucos metros atrás. Terminada a marcha, a princesa caía no chão, completamente esgotada, no meio das risadas trocistas da guarda pessoal do rei. Tinha vinte e cinco anos.
Felizmente para ela, o seu cunhado Vália recupera o trono, e em 416, devolve Gala Placídia em troca de 600.000 moios de trigo, o que era considerado uma grande fortuna para a época.
De volta à família, leva consigo a sua guarda pessoal goda que sempre a acompanhou desde os tempos de Ataúlfo, e de que nunca se separa, sendo imediatamente casada com o general Constâncio. Desta união nascem, uma filha chamada Honoria, em 418, e no ano a seguir, o futuro imperador romano Valentiniano III. Com a sua influência, consegue que o seu marido, em 421 seja nomeado co-imperador, com o nome de Constâncio III, governando o império junto com Honório, que continuava sem descendência, tendo ela sido elevada à posição de Augusta.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Pan Gu
Ao fim desse tempo, acordou, bocejou, espreguiçou-se, mas a escuridão que o envolvia era tão grande que ele não conseguia ver nada. Convencido que ainda não tinha aberto os olhos, esfregou-os, tornou a abri-los, mas nada…Continuava tudo negro à sua volta.
Por outro lado, sentia-se também apertado, aquela massa informe quase que o sufocava! Enraivecido, esticou o braço com o punho fechado desferindo um soco com toda a sua força contra aquela muralha invisível que o aprisionava…
Craque! Com um colossal estrondo o ovo quebrou-se e tudo o que lá estava dentro jorrou cá para fora, espalhando-se por todo o lado. E, de repente, no meio de todo aquele caos, os elementos foram tomando o seu lugar, e a Ordem começou a reinar no Universo.
Primeiro, os elementos mais leves, mais transparentes, elevaram-se para as alturas ali se dispersaram, formando o Céu. Os mais pesados, densos e opacos desceram, e formaram a Terra. De pé, entre o Céu e a Terra, Pan Gu sentindo-se agora à vontade, respirou profundamente. O ar que lhe saiu a seguir os pulmões, foi a primeira rajada de vento a varrer o Mundo.
O Céu e a Terra estavam agora separados, mas com receio de que eles se juntassem de novo e ele ficasse outra vez fechado, o gigantesco bebé, resolveu sustentar o Céu com os seus braços levantados, ao mesmo tempo que, com os pés, calcava firmemente a Terra.
À medida que o Céu e a Terra se separavam, Pan Gu continuava a crescer tão rapidamente que chegava a atingir os 3metros por dia, e assim ficou por mais 18.000 anos. Passado esse tempo, o seu corpo coberto de pêlos, já media cerca de 45 mil quilómetros! A Terra era agora uma massa compacta e estava tão longe do Céu, que não havia perigo deste desabar sobre ela…
Então já sem forças, Pan Gu tirou devagarinho as mãos do Céu, cruzou os braços, e esperou um pouco…mas a abóbada celeste não se moveu! Sentindo-se morrer de exaustão, o bom gigante deitou-se e morreu.
Ao exalar o último suspiro, este transformou-se na atmosfera, o seu hálito transformou-se em brisa, nas nuvens e nos nevoeiros e a sua voz no estrondo dos trovões. O seu olho esquerdo transformou-se no Sol resplandecente, o seu olho direito, na Lua brilhante, e os seus cabelos e bigodes na miríade de estrelas que povoam o firmamento.
Os seus quatro membros e o tronco deram origem às cinco montanhas mais altas do Norte, do Sul, do Este, do Oeste e do Centro da Terra. O sangue formou os rios impetuosos que passaram a sulcar a crosta terrestre e os tendões em caminhos que atravessaram todo o globo.
Entre estas vias, a carne deu lugar à terra arável, os dentes, ossos e a medula óssea cristalizaram-se, dando origem às rochas, pérolas, jade e minerais subterrâneos. A pele converteu-se em pradarias, os pêlos, em florestas. O suor do gigante espalhou-se pela superfície terrestre e assim nasceram a chuva e o orvalho da madrugada.
As pulgas e os piolhos que o infestavam, foram os antepassados de todos os seres vivos do planeta. Conta-se que as forças vitais da sua alma, levadas pelos ventos que sopravam sobre a Terra, foram habitar e animar estes mesmos seres vivos, pelo que descendemos todos de um antepassado comum, o bondoso e gigantesco Pan Gu, que sacrificou a sua vida e ofereceu o seu ser para permitir a criação do Mundo.
O mito de Pan gu tem mais que uma versão, e numa delas, os seres humanos não são criados por ele, mas sim pela deusa Nü Wa.
Fontes: Mitologia chinesa – Mitos primitivos – Landy Editora.
Fabulosos Mitos do Mundo – Selecções do Reader’s Digest.
Wikipedia.org.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Os Bárbaros – III
O general romano Constâncio, temendo que os Visigodos se tornassem demasiados poderosos desvia-os para a Aquitânia, onde fundam o reino de Tolosa, mais tarde ameaçado pelo povo Franco, que precisa de se expandir. Sob o comando de Vália, voltam à península Ibérica onde fundam um reino.
Os Francos, que também são uma tribo germânica, estabelecem-se dentro dos limites do território romano, como foederati, entre 353-358, conquistando a maior parte da Roma gaulesa ao norte do vale do rio Loire e a leste da Aquitânia visigoda, fundando um reino duradouro. Estavam ao princípio divididos em duas tribos, os francos sálios e os ripuários, que com o tempo formaram apenas uma. Aliados aos burgúndios, romanos e aos visigodos, liderados pelo general Aécio e pelo rei godo Teodorico, ajudaram a derrotar Átila, o rei dos Hunos, na batalha dos Campos Catalaúnicos, em 451. Os Francos eram, de entre os bárbaros, os mais fiéis a Roma, mas mantiveram sempre muito do seu cariz germânico. A sua destreza no manejo das armas é notável, e foram eles que salvaram e restauraram o que subsistia do Império após a sua queda.
Os Burgúndios, também possivelmente originários da Escandinávia, desembarcaram no continente entre o Óder e o Vístula, seguindo através da Alemanha até ao actual Palatinado, onde fundaram um reino, que em 436 é terrivelmente massacrado pelos Hunos. Este episódio faz parte do célebre Canto dos Nibelungos. Aos sobreviventes são-lhes atribuídas novas terras na região do Ródano, na Gália, a que hoje chamamos Borgonha.
Com a morte de Valentiniano III, os imperadores seguintes são meros fantoches nas mãos dos chefes mercenários germânicos, que detêm efectivamente o poder, até que em 476, Odoacro, chefe dos ostrogodos, é eleito rei pelos soldados, e depõe o jovem imperador Rómulo Augústulo, de apenas 16 anos. Considera-o de tal modo inofensivo que não o mata, limitando-se a desterrá-lo para a Campânia.
Intitulando-se rei de Itália, Odoacro, que já era patrício romano, envia a insígnia imperial ao imperador Zenão do Oriente, que a aceita agradecido, terminando assim o Império Romano do Ocidente.
A partir daí, a Itália não foi mais que um aglomerado de reinos germânicos. A data de 476 é considerada como o fim da Idade Antiga e o começo da Idade Média.
O Império Romano do Oriente, que resistirá ainda mais onze séculos, passará então a ser o único herdeiro dos Césares.
O reino visigótico da Península Ibérica dura até 711, altura em que também ele, vitima das dissensões internas que o vão desgastando, é conquistado pelos árabes, que atravessando o estreito de Gibraltar, penetram na Península, e exterminando a maior parte da aristocracia visigótica, dão início a um novo reino sob o nome de Al-Andaluz.
Os poucos sobreviventes, refugiam-se nos montes inóspitos da região das Astúrias, onde fundam um pequeno reino e darão início a um movimento que se chamará a Reconquista Cristã.
Fontes: Grinberg, Carl– História Universal
Meleiro, M. Lucília F., A Mitologia dos Povos Germânicos
Roma, Colecção Grandes Civilizações, Selecções do Reader’s Digest
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Os Bárbaros – II
As primeiras populações germânicas que se estabeleceram no território imperial, não tinham qualquer vontade de se livrarem de Roma. Queriam principalmente terras de cultivo e tentaram uma coexistência pacífica. Mas os romanos tinham uma profunda repugnância por estes bárbaros, que se vestiam de peles de animais, eram barulhentos, e, como no caso dos Burgúndios, cheiravam à manteiga rançosa com que untavam os cabelos. Impuseram por isso aos seus vizinhos uma barreira de desprezo e exclusão social, aproveitando-se deles quando eram necessários para defenderem as suas fronteiras, e esquecendo-se depois dos pagamentos acordados.
Estes bárbaros, servindo muitas vezes como mercenários, ou como aliados, foederati, sujeitos a tributo e serviço militar, absorvendo a cultura romana, e estreitando os laços com o Império, nem sempre coexistiram de maneira pacífica…Que o digam as três legiões de Quintilius Varrus, completamente desbaratadas na floresta de Teutoburgo, ou a derrota de Roma na batalha de Andrinopla, onde o imperador Valente e os seus generais morreram queimados na cabana onde se tinham refugiado!
O seu carácter belicoso e a sua permanente necessidade de armas fizeram com que se tornassem hábeis metalúrgicos, sendo as suas espadas, endurecidas pelo tratamento com azoto, extremamente mortíferas. Combatiam a cavalo, tal como o povo das estepes, com quem tinham privado, sendo exímios cavaleiros e peritos no manejo das armas. Também na agricultura, o seu arado, mais pesado, com revestimento de ferro e lâminas cortantes, permitia trabalhar melhor o solo em profundidade, ao contrário do romano, mais leve, contribuindo assim para melhorar as colheitas. Como era equipado de rodas, a sua deslocação tornava-se fácil.
No sec. IV convertem-se ao cristianismo de tendência ariana, através do monge Úlfilas, filho de cristãos da Capadócia, que traduziu a Bíblia para a sua língua natal para melhor os poder evangelizar.
E assim, a um ritmo de infiltração lenta e progressões pacíficas, ou de invasões declaradas com lutas e massacres sanguinários, os Germanos bárbaros vão tomando por dentro e por fora, um Império em franca derrocada, principalmente depois da sua divisão em Oriente e Ocidente.
Por esta altura, os germanos já não eram assim tão bárbaros…Eram beligerantes, com uma elite governante dedicada à guerra e formavam tecidos sociais coesos. Embora alguns combatessem o Império, outros, como mercenários ao serviço dos imperadores, e com o ouro ganho, compravam villas, jóias e cavalos, e acabaram muitos deles integrando a elite dirigente romana. Armínio, que no ano 9 d.C., ganhou a batalha de Teutoburgo, chamava-se Caio Júlio Armínio e era um cavaleiro romano, além de chefe dos queruscos. Alarico, que saqueou Roma em 410, tinha sido nomeado magister militum romano e era também chefe dos visigodos.
O célebre general Estilicão, chefe dos exércitos romanos no tempo do Imperador Honório, era um vândalo, e Teodorico, um ostrogodo que fundou o primeiro reino romano-bárbaro em Itália, tinha sido educado na corte de Constantinopla, e feito cônsul pelo próprio imperador do Oriente.
A política romana de levar para Roma como reféns, os filhos dos chefes subjugados, para os manter sossegados, e também para que mais tarde estes mesmos jovens, já educados pelo Império, ocupassem o lugar dos seus pais, à frente dos seus povos como aliados, era muitas vezes o que se pode chamar “um pau de dois bicos”…
Na sua maioria, mesmo romanizados, continuavam a manter o seu vestuário de peles, e desprezavam a toga romana. Para eles, morrer em combate era a máxima glória, a morte por acidente ou doença era ignominiosa.
Entretanto, Vândalos, Suevos e Alanos, transpõem os Pirinéus e apoderam-se da Península Ibérica, onde se combatem uns aos outros pelo domínio da mesma. Os Alanos, descritos como belos, de porte nobre, olhos penetrantes e cabelos moderadamente louros, eram considerados dos mais ferozes, praticavam o escalpe de guerra, guardando os crânios do inimigo como taças para brindes rituais. Dos Vândalos, ficou-nos o termo “vandalismo”, que chega para dar uma ideia da sua crueldade…
Expulsos da Península por Ataúlfo, chefe dos visigodos e cunhado do imperador Honório, encarregado de pacificar a Península, unem-se aos Vândalos, sob o comando de Genserico que os conduz para o Norte de África. Expulsando os romanos das suas terras de Cartago, funda ali um reino, aliando-se às tribos mouras da região. Foi durante o cerco a que submeteram a cidade de Hipona, em 430, que morreu Santo Agostinho, bispo da cidade e célebre doutor da Igreja. Em 455, saqueia Roma levando tudo o que pode, incluindo a viúva do imperador e as suas duas filhas!
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Almeida Garrett
Escritor, dramaturgo, orador, ministro e Par do Reino, a ele se deve a criação do Conservatório de Arte Dramática e a edificação do Teatro nacional D. Maria II.
Figura maior do romantismo em Portugal, a sua vida foi tão apaixonante como a sua obra. Homem de muitos amores apaixona-se no Outono da vida, pela Viscondessa da Luz, Rosa Montufar Infante, uma belíssima senhora andaluza casada com um oficial do exército português, a inspiradora, segundo a maior parte dos críticos, do seu último livro de poemas, escrito em 1853, Folhas Caídas.
É desse livro, os dois poemas que aqui transcrevo:
Não és tu
Era assim, tinha esse olhar
A mesma graça, o mesmo ar,
Corava da mesma cor,
Aquela visão que eu vi
Quando eu sonhava de amor,
Quando em sonhos me perdi.
Toda assim; o porte altivo,
O semblante pensativo,
E uma suave tristeza
Que por ela toda descia
Como um véu que lhe envolvia,
Que lhe adoçava a beleza.
Era assim, o seu falar,
Ingénuo e quase vulgar,
Tinha o poder da razão
Que penetra, não seduz;
Não era fogo, era luz
Que mandava ao coração.
Nos olhos tinha esse lume,
No seio o mesmo perfume,
Um cheiro a rosas celestes,
Rosas brancas, puras, finas,
Viçosas como boninas,
Singelas sem ser agrestes.
Mas não és tu…ai! Não és
Toda a ilusão se desfez.
Não és aquela que eu vi,
Não és a minha visão,
Que essa tinha coração,
Tinha, que eu bem lho senti.
……..
Víbora
Como a víbora gerado,
No coração se formou
Este amor amaldiçoado
Que à nascença o espedaçou.
Para ele nascer morri;
E em meu cadáver nutrido,
Foi a vida que eu perdi
A vida que tem vivido.
Almeida Garrett faleceu em Lisboa, vítima de cancro, a 9 de Dezembro de 1854.
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Os Bárbaros - I
Por” Invasões bárbaras” designamos geralmente as enormes migrações de povos ou tribos que, vindas do Norte e Leste da Europa conseguiram introduzir-se no Império Romano.
O termo “bárbaro” foi inventado pelos gregos, que consideravam assim todo aquele que não fosse nascido na Grécia e não falasse a sua língua, portanto, estrangeiro, fossem eles persas, romanos, ou quaisquer outros…
Quando os romanos conquistaram e submeteram o povo grego, absorvendo a sua cultura, esse conceito passou a designar e com sentido pejorativo, todos aqueles que viviam para além das fronteiras do seu Império.
Por isso, todas as tribos que tentavam transpor as fronteiras europeias do seu civilizado mundo romano, eram vistas como selvagens e incultas, recebendo aquela designação. Para as diferenciar de outros bárbaros que Roma já conhecia, como por exemplo, os Celtas, e como não tinham a mesma origem destes, apresentando usos e costumes muito diferentes, apelidaram-nos a todos de Germânicos.
Vindos do mais profundo dos bosques do norte, encobertos por uma bruma ancestral, tendo como origem remota as inóspitas regiões da Escandinávia, que os romanos pensavam ser uma ilha - Scania - estes homens de estatura elevada, cabelos claros e olhos azuis, a um tempo guerreiros magníficos e camponeses pacíficos, lutando com a espada numa mão e o arado na outra, e pensando apenas na sua sobrevivência depois de séculos de guerra e migrações sucessivas, acabam por se estabelecer por volta de 370 no delta do rio Danúbio. Eram ainda uma série de pequenas tribos, que se guerreavam entre si e que não imaginavam que, um dia, viriam a converter-se num único povo.
Divididos mais tarde em Germânicos Ocidentais, Orientais e Setentrionais, acabam por formar dois grupos independentes: os Visigodos ou Godos do Ocidente e Ostrogodos, ou Godos do Oriente. Os Ostrogodos, fundaram um extenso reino no que é hoje parte da actual Rússia e os Visigodos estabelecem-se nas margens do Danúbio, onde também se encontravam os baltingos, chefiados pelo rei ou chefe Baltha.
Entretanto, os Hunos, que se tinham estabelecido ao longo da Grande Muralha da China, escorraçados do seu território, e compostos por hordas selvagens que semeavam o terror por onde passavam, fazem a sua aparição nas margens do Mar Negro, levando de vencida os Ostrogodos, que, embora lutassem desesperadamente, não conseguiram resistir-lhes, sendo os sobreviventes obrigados a seguir para Ocidente. Por sua vez, os Visigodos, incapazes de conter a avalanche que lhes caiu em cima, pediram ao imperador Valente, asilo, o que lhes foi concedido, e em 376, atravessam o Danúbio, instalando-se em território romano.
Esta inédita permissão imperial, foi de extrema importância para os acontecimentos que daí resultaram. Era a primeira vez que povos bárbaros tinham permissão para se instalarem dentro das fronteiras do império, como nação autónoma, mantendo as suas próprias leis e os seus príncipes, embora sujeitos a tributo.
Foi pena que mais tarde, o Império Romano do Ocidente tivesse sido incapaz de assimilar os Godos. Teria provavelmente assegurado a sua sobrevivência…