quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Mário Beirão

Mário Gomes Pires Beirão (1890-1965)

Poeta português, natural de Beja, Mário Beirão licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa e foi Conservador do Registo Civil de Mafra. Aos vinte e três anos, publicou o seu livro de estreia, O Último Lusíada (1913), revelando-se desde logo um poeta de grande qualidade e originalidade. A sua obra está inserida na corrente literária e filosófica do saudosismo, veiculada pela revista A Águia, onde o poeta se estreou em 1911 com o poema “As Queimadas”.
A saudade da sua terra natal, de onde saiu aos 10 anos de idade, quando a família se mudou para Lisboa, ficou-lhe para sempre gravada na alma, cantando nos seus poemas a paisagem e as gentes do Alentejo. Escreveu também Ausente (1915), Lusitânia (1917), Pastorais (1923), A Noite Humana (1928), Novas Estrelas (1940), Mar de Cristo (1957) e O Pão da Ceia (1964). Publicou também em 1946 um livro de viagens em prosa e verso, intitulado Oiro e Cinza. Foi amigo de Teixeira de Pascoaes, Afonso Lopes Vieira, Fernando Pessoa, entre outros.
Faleceu em Lisboa em 1965.
Ausência
Nas horas do poente,
Os bronzes sonolentos,
- Pastores das ascéticas planuras –
Lançam este pregão ao soluçar dos ventos,
À nuvem erradia,
Às penhas duras:
- Que é dele, o eterno Ausente,
Cantor da nossa vã melancolia?

Nas tardes duma luz de íntimo fogo,
Rescendentes de tudo o que passou,
Eu próprio me interrogo:
- Onde estou? Onde estou?
E procuro nas sombras enganosas
Os fumos do meu sonho derradeiro!

- Ventos, que novas me trazeis das rosas
Que acendiam clarões no meu jardim?

- Pastores, que é do vosso companheiro?

Saudades minhas, que sabeis de mim?


Mário Beirão

Fontes: Dicionário de Literatura Portuguesa

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