Poeta português, de seu nome António da Fonseca Soares, nasceu na Vidigueira, Alentejo, em 1631, numa família fidalga. Seu pai era juiz de profissão, e sua mãe irlandesa.
Depois da morte do pai, alista-se no exército, combatendo nas Guerras da Restauração. Durante esta fase, entrega-se a todo o género de aventuras, cometendo excessos de vária ordem, devido ao seu temperamento impetuoso. Obrigado a fugir para o Brasil devido à morte de um seu rival num duelo, é neste período que desperta para a poesia, ficando conhecido por Capitão das Boninas. Em 1656 regressa a Portugal, retoma a carreira das armas, e é promovido a capitão em Setúbal, como reconhecimento do seu valor.
Aos 31 anos abandona a vida militar e ingressa na Ordem de S. Francisco, em Évora, dedicando o resto da sua vida à pregação da Fé, onde ganha grande fama devido ao seu modo pouco convencional de pregar. Teatral e irreverente como o classificou o Padre António Vieira, chegava mesmo a mostrar caveiras, a atirar o crucifixo para cima do auditório, ou a dar bofetadas em si próprio, desde que isso fizesse passar a sua mensagem de uma forma mais clara. Pregou por todo o país, assim como na Corte.
Como poeta, foi bastante conhecido, escrevendo nos mais diversos géneros poéticos: sonetos, madrigais, romances, décimas, glosas e dois poemas heróicos “Mourão Restaurado” e “Canto Panegírico à Vitória de Elvas”. A temática dos seus poemas centrava-se sobretudo na efeméride da vida, nos desenganos a que estamos sujeitos, mas também em assuntos de circunstância. Numa segunda fase, escreveu sermões, elegias, cânticos e cartas espirituais, entre outros. Os seus sermões estão reunidos em “Sermões Genuínos, (1690), e as cartas, consideradas a sua obra-prima, em “Cartas Espirituais”, (1ª parte, 1684; 2ª parte. 1687).
Tratado pelo singelo nome de “o fradinho”, passa a viver desde 1680 no Convento do Varatojo convertido em Seminário Franciscano por sua iniciativa, onde morre em 1682, no mesmo ano em que funda o Convento de Nossa Senhora de Brancanes, em Setúbal, também para formação de missionários franciscanos. Jaz em campa rasa no centro da sala do Capítulo.
É um dos grandes poetas do barroco português do sec. XVII, estando os seus poemas incluídos em quase todos os cancioneiros manuscritos dessa época, nomeadamente nos dois mais importantes. A Fénix Renascida e o Postilhão de Apolo. Na sua fase de religioso, escreveu:
Faíscas de Amor Divino (1683), Espelho do Espírito (1683),Obras Espirituais (1684), Cartas Espirituais (1684 e 1687), Escola de Penitência (1687), Sermões Genuínos (1690), Semana Santa Espiritual, Ramalhete Espiritual (1722).
Deus pede estrita conta de meu tempo.
E eu vou do meu tempo, dar-lhe conta.
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta.
Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?
Para dar minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado, e não fiz conta.
Não quis, sobrando tempo, fazer conta.
Hoje, quero acertar conta, e não há tempo.
Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo.
Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta!
Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo,
Quando o tempo chegar, de prestar conta
Chorarão, como eu, o não ter tempo...
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Enciclopédia do jornal “Público”, vol. 29
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