A 11 de Novembro de 397, é sepultado na cidade de Tours, aquele que se tornou o primeiro santo não mártir a receber culto oficial da igreja e um dos mais populares da Europa medieval: S. Martinho, mais conhecido por S. Martinho de Tours.
Nasceu na Sabária, Panonia (actual Hungria), no ano de 316, filho de um tribuno, mas cresceu em Pavia, Itália. Aos 15 anos é integrado no exército estacionado em Amiens, na Gália, onde aconteceu o célebre episódio porque se tornou tão conhecido. Vindo para casa num dia extremamente frio e chuvoso, S. Martinho encontrou um pobre, meio enregelado que lhe pedia esmola. Compadecido, e sem ter mais nada para lhe dar, Martinho corta ao meio a sua capa (clâmide) com a espada, dando uma das partes ao mendigo. Nesse instante, as nuvens dissiparam-se, a chuva parou e o Sol aparecendo brilhante e radioso inundou a Terra de calor!
No dia seguinte, S. Martinho tem um sonho em que lhe aparece Jesus com a metade da sua capa, dizendo: “Sempre que fizeres o bem ao mais pequeno dos teus irmãos, é a Mim que o fazes…”.
Como que para eternizar este gesto de bondade, todos os anos por esta altura, cessa o tempo frio e aparecem uns dias quentes e formosos a que se dá o nome de “Verão de S. Martinho”…
Por volta de 339 pede dispensa do exército dizendo que era um soldado de Cristo e não lhe era permitido lutar. Acusado de cobardia, respondeu oferecendo-se para permanecer desarmado entre as linhas em luta. Desmobilizado, vive em Itália e na Dalmácia, vivendo depois em reclusão numa ilhota na costa lígure. Baptizado em Poitiers por Santo Hilário, de quem se torna amigo, funda por volta de 360 uma comunidade semi-eremita que dá lugar ao primeiro mosteiro da Gália e da Europa Ocidental, sendo considerado o pai do monaquismo em França.
Dedica a sua vida aos pobres e à conversão dos pagãos da Gália, penetrando nas regiões mais remotas. Numa visita que faz à sua família consegue converter a sua mãe e mais familiares, mas não o seu pai. Defende a independência da Igreja face ao poder político, opondo-se à execução de Prisciliano e dos seus companheiros (sob a acusação de rituais de magia), ordenada pelo Imperador Máximo, derruba templos pagãos e institui festas cristãs, o que nem sempre foi bem aceite, chegando por vezes a ser maltratado. Em 371 é aclamado Bispo de Tours por vontade popular, cargo que exerce durante vinte e cinco anos, com fama de taumaturgo, vivendo ali perto, num lugar solitário, que se tornou depois no mosteiro de Marmoutier.
Morre em Candes, no dia 8 de Novembro de 397,aos 81 anos de idade, sendo sepultado em Tours, quando o seu corpo lá chegou a 11 de Novembro.
O seu culto começou logo a seguir à sua morte, estando o seu túmulo colocado na Basílica de Tours, datada do sec. V, e que chegou a ser considerado o maior centro de peregrinação da Europa Ocidental.
Sulpício Severo, escritor romano e amigo de S. Martinho, escreveu ainda em vida do santo, uma biografia que muito contribuiu para a expansão da sua fama. A obra intitulada Vita Martini, alcançou tremendo sucesso, mesmo numa época em que a cultura estava circunscrita aos mosteiros e alta nobreza. Podemos dizer que foi um dos primeiros best-sellers da época medieval! A sua influência estendeu-se da Irlanda, a África e ao Oriente.
É patrono entre outros, dos alfaiates, cavaleiros, soldados, dos pedintes, dos gansos e dos cavalos. Também o é dos vinicultores e dos ébrios, talvez porque a sua festa coincida com o fim dos trabalhos agrícolas e com a prova do vinho novo nas adegas, cuja origem remonta às festas greco-romanas (as Bacanais), em honra de Baco e Dionísio, os deuses que ensinaram aos homens a cultura da videira e o fabrico do vinho, terminando estas numa embriaguez geral. Em tempos idos as festas de rua eram orientadas por uma “Confraria de S. Martinho”, formada pelos maiores bebedores da aldeia, que corriam todas as adegas e tabernas da freguesia, tocando e cantando até ficarem esgotados…
Sendo um Santo do Inverno, estão-lhe associados os frutos sazonais da época, como os marmelos (O Verão de S. Martinho também é chamado de Verão dos marmelos), e as castanhas. Em certas zonas rurais começam as matanças do porco.
Fazem também parte da tradição os magustos, que começando no dia de S. Simão, a 28 de Outubro (Em dia de S. Simão quem não faz magusto não é bom cristão), se estendem até ao S. Martinho. Famílias e amigos reúnem-se alegremente na rua, à roda das fogueiras onde se assam as castanhas que se acompanham com vinho e água-pé, tocando e dançando naquela que será a última das festas anuais ligadas ao culto da terra.
Leite de Vasconcelos considerava o magusto como o vestígio de um antigo sacrifício em honra dos mortos e refere que em Barqueiros era tradição preparar à meia-noite, uma mesa com castanhas para os mortos da família irem comer; ninguém mais tocava nas castanhas porque se dizia que estavam “babadas dos defuntos”.
Juntam-se alguns provérbios associados ao dia:
O verão de S. Martinho é bom, mas é curtinho
No dia de S. Martinho, lume, castanhas e vinho.
No S. Martinho bebe o vinho e deixa a água para o moinho.
No dia de S. Martinho vai à adega e prova o vinho.
No dia de S. Martinho fura o teu pipinho.
Pelo S. Martinho todo o mosto é bom vinho.
Quem bebe no S. Martinho faz de velho e de menino.
Pelo S. Martinho mata o teu porco e bebe o teu vinho.
Fontes: Attwater, Donald – Dicionário dos Santos, Pub. Europa-América
Butler, Rev. Alban – Vida dos Santos, DinaLivro, Lisboa
Wikipedia.org
www.leme.pt
No dia de S. Martinho, lume, castanhas e vinho.
No S. Martinho bebe o vinho e deixa a água para o moinho.
No dia de S. Martinho vai à adega e prova o vinho.
No dia de S. Martinho fura o teu pipinho.
Pelo S. Martinho todo o mosto é bom vinho.
Quem bebe no S. Martinho faz de velho e de menino.
Pelo S. Martinho mata o teu porco e bebe o teu vinho.
Fontes: Attwater, Donald – Dicionário dos Santos, Pub. Europa-América
Butler, Rev. Alban – Vida dos Santos, DinaLivro, Lisboa
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