quarta-feira, 27 de julho de 2011

A destruição de Santiago de Compostela


Muhammad Ibn Abi Amir, mais conhecido pelo nome que adoptou de Al-Mansur Billah (o vitorioso pela graça de Deus), e a quem os cristãos chamavam de Almançor, começou o seu governo em 981, durante a menoridade do califa Hisham II, de apenas onze anos de idade.
A sua acção militar conta cerca de cinquenta e sete expedições, quase todas destinadas a destruir os grupos cristãos do norte da Península, sendo duas delas de grande importância.
A primeira foi realizada contra Barcelona, em 985. A segunda teve um carácter muito mais simbólico: a destruição de Santiago de Compostela, o mais importante santuário cristão da Espanha e grande centro de peregrinação para toda a Europa.
“A expedição (a sua 48ª campanha), saiu de Córdova no sábado 23 de Jumada II de 387 (3 de Julho de 997), entrando primeiro na cidade de Cória, dirigindo-se depois para Viseu, a capital da Galiza. Aí juntaram-se-lhe grande número de condes com os seus guerreiros, ao mesmo tempo que em Alcáçer do Sal se reunia uma importante frota para transporte de armas, víveres e diversos corpos de infantaria.
Chegados ao Porto, a frota subiu o rio até ao local designado por Almançor para a travessia do resto das tropas e as naves serviram de ponte junto ao castelo que aí se erguia, procedendo-se depois à distribuição dos víveres pelos diferentes corpos do exército. Assim apetrechados entraram em país inimigo.
Tomada a direcção de Santiago, Almançor atravessou extensas regiões até chegar a uma montanha elevada, sem vias nem caminhos. Por sua ordem, grupos de obreiros trabalharam no alargamento das picadas para o exército poder passar (…).
Chegaram assim à ria de Padrón, onde se erguia um dos templos consagrados a Santiago que, para os cristãos, seguia em importância o que encerra o seu sepulcro. Depois de o ter arrasado por inteiro, foram acampar ante a orgulhosa cidade de Santiago a 2 de Xabane (10 de Agosto).
Tinham-na abandonado os seus habitantes e os muçulmanos apoderaram-se de todas as riquezas que nela acharam e derrubaram as construções, as muralhas e a igreja de tal maneira que não ficaram vestígios. No entanto, os guarda, colocados por Almançor para fazer respeitar o sepulcro do santo, impediram que o túmulo recebesse qualquer dano. Mas todos os formosos palácios solidamente construídos, que se erguiam na cidade foram reduzidos a pó, e não se teria suspeitado, depois do seu arrasamento, que tivessem existido ali na véspera.
Levou-se a cabo a destruição durante os dias que se seguiram à quarta-feira, 2 de Xabane (…).”
A cidade tinha sido evacuada pelo bispo Pedro de Mezonzo. O facto de Almançor não ter destruído o túmulo do apóstolo, permitiu a continuação dos Caminhos de Santiago. Existe uma lenda que narra que os prisioneiros cristãos carregaram com os sinos do templo de Santiago até Córdoba e que, segundo parece, fizeram o caminho de regresso dois séculos e meio mais tarde, transportados por prisioneiros muçulmanos, quando Fernando III, o Santo os recuperou para a cristandade.
“Hoje o Diabo retrocedeu, desembaraçando-se da causa dos inimigos. Os partidários da heresia souberam então no Extremo Oriente onde estão e no Extremo Ocidente que o fetichismo era apenas uma mentira. Em Santiago quando chegaste com as espadas brancas semelhantes a uma lua que se passeia pela noite entre as suas estrelas…Que bela é a vista da religião frente à sua fealdade e a frescura da fé do partido de Allah comparada à sua chama…” Ibn Darray, Louvor a Almançor pela sua vitória em Santiago.

Fontes:
www.wikipedia.pt
História Universal do Público
Alves, Adalberto - O meu coração é árabe

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