quinta-feira, 14 de julho de 2011

A Tomada da Bastilha

Considerada como o símbolo do absolutismo e da tirania real, a sua queda nas mãos da população de Paris, a 14 de Julho de 1789, marca o início da Revolução Francesa e a passagem do poder da aristocracia e da corte, para as mãos da burguesia e do povo.
Demolida em Novembro desse mesmo ano, as suas pedras foram utilizadas na construção da Ponte da Concórdia, restando apenas o seu traçado na praça que leva o seu nome.
Após a sua conquista, as novas autoridades revolucionárias uniram, na nova bandeira, o branco do estandarte dos Bourbons com o azul e vermelho da cidade de Paris.
A Bastilha era uma antiga fortaleza construída em 1370, no reinado de Carlos V, no início da Guerra dos Cem Anos para defesa dos ataques ingleses e terminada 12 anos depois.
Situada no centro de Paris, foi, ao princípio, cidadela militar, tornando-se mais tarde, durante o reinado de Luís XIII, prisão do Estado para nobres, ou adversários do regime, tanto de cariz político como religioso. Entre os seus presos mais ilustres, contam-se, Jacques de Armagnac, Bassompierre, Fouquet, o Homem da Máscara de Ferro, a marquesa de Brinvilliers, o duque de Orleães, Voltaire, etc.
A França atravessava uma grave crise financeira devido principalmente à sua participação na Independência dos Estados Unidos, à participação e derrota na Guerra dos Sete Anos e aos elevados custos da corte.
Por outro lado, apenas o Terceiro Estado (burgueses, camponeses sem terra e os "sans-culottes", uma camada heterogénea composta por artesãos, aprendizes e proletários, que tinham este nome graças às calças simples que usavam, diferentes dos tecidos caros utilizados pelos nobres) pagava impostos, os outros dois Estados, Nobreza e Clero, estavam isentos… A votação nas Assembleias era por ordem e não por cabeça, pelo que o Terceiro Estado ficava sempre prejudicado na aprovação das leis!
O descontentamento era geral. Os camponeses não tinham terras nem dinheiro e os novos burgueses pretendiam aceder ao poder político. Na base do descontentamento também estiveram as ideias filosóficas do Iluminismo e a crise económica que afectou a França.
Em 1785, uma terrível seca provoca a perda de grande quantidade de gado e a 13 de Julho de 1788, uma tempestade devasta o Nordeste do reino, e o Inverno que se segue é tão rigoroso, que os rios gelam, os moinhos ficam bloqueados e a circulação dos cereais desorganiza-se. A colheita foi muito escassa e em 1789, nem sequer se chega a fazer. A população muda-se para as cidades, onde vivem em condições degradantes, alimentando-se à base de pão preto.
Por sua vez, a criminalidade aumenta, principalmente nos campos, e com o agravar da situação, os bandos começam a invadir as grandes cidades, trazendo com eles a insegurança.
O preço do pão duplica num ano, atingindo o seu valor máximo nas vésperas dos motins populares. À revolta da burguesia junta-se a revolta dos camponeses. Os castelos da nobreza rural são atacados e muitos deles são massacrados junto com as famílias.
A 11 de Julho, dez mil homens em armas encontravam-se nos arredores de Versalhes, o que alarmou o Terceiro Estado, e em todas as saídas de Paris havia tropas, quase tudo cavalaria alemã, para controlar a entrada dos cereais na cidade.
A 13 de Julho, a multidão que se tinha concentrado em frente dos jardins do Palais Royal, incitada por um jornalista desconhecido, Camille Desmoulins, que lhes anuncia que as tropas reais vão desencadear uma repressão sangrenta contra o povo, apodera-se das armas do Arsenal, e no dia seguinte, ataca a Bastilha para se apoderar da pólvora e armas ali existentes. O marquês de Launay, seu governador (ele mesmo nascido na Bastilha em 1740, visto o seu pai ser o governador da prisão nessa altura), ainda tentou negociar, mas os guardas disparam contra a multidão, que, indignada, parte para o assalto. O combate durou cerca de 4 horas e de Launay decidiu render-se, na condição de ninguém ser molestado.
Embora escoltado, o governador é massacrado pela população que depois de lhe cortar a cabeça, a espeta na ponta de uma lança, desfilando com ela pelas ruas de Paris. Alguns dos guardas, na sua maioria inválidos da guerra, são também mortos, e os prisioneiros saem em liberdade aplaudidos pela multidão.
A partir daqui, nada ficará como antes, e este dia será sempre recordado pelos franceses, que fizeram dele o seu dia Nacional.


Fontes: Belloc, Hilaire – Maria Antonieta
As Grandes Civilizações – França, o século das Luzes
www.wikipedia.pt

2 comentários:

  1. Perdoe-me Cassandra, passei por aqui, gostei e levei!

    Obrigada

    ResponderEliminar
  2. Ainda bem que gostou...O blog está à disposição dos leitores, não há qualquer problema em levar, agradeço apenas o respectivo crédito caso seja para publicar.

    ResponderEliminar