sexta-feira, 29 de outubro de 2010

M. P. de Almeida - Poema

Companheira
Quando pela noite, em meu frio leito,
Chamo alegres memórias de outra vida,
Uma figura etérea, dolorida
Inclina-se a cismar sobre o meu peito.

No suave mistério daquele jeito
Traz a sombra da morte diluída…
Ao tentar ler no seu olhar desfeito
Meigamente, me diz em voz sentida:

“A quem sofre o Presente amargurado,
Mirando-se no espelho do Passado
Eu venho a recordar-lhe por piedade

Os momentos vividos com ternura
Nos dias perfumados da ventura…”
- Quem és tu? Supliquei…
“Sou a Saudade”.

Mário Pissarra de Almeida

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