quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Os Raminhos de S. João



Há muito, muito tempo, em terras do concelho de Oleiros, existia um par de namorados que amando-se ternamente pretendiam casar. Mas um jovem cavaleiro desconhecido, há cerca de um mês que rondava a porta de Luzia, assim se chamava a moça, com falinhas mansas e o povo já murmurava à sua passagem…
Assegurando ao noivo que o amava e era com ele que se queria casar, Luzia confessou-lhe que embora não gostasse do cavaleiro este exercia sobre ela um poder tão forte que chegava a infundir-lhe um certo terror. Irritado, José exigiu-lhe que se decidisse depressa ou romperia o noivado.
Entretanto, chegara a véspera de S. João e Luzia, desesperada, abandona os folguedos e corre à capela do Santo pedindo-lhe ajuda. Num murmúrio, este diz-lhe para fazer uma cruz de flores do campo e que a ponha à porta de casa.
De manhã, chega o cavaleiro e de mau humor diz-lhe que quer falar com ela, mas desta vez à janela, e que tire as flores da porta. Luzia recusa, discutem e com um estoiro, cavalo e cavaleiro desaparecem para sempre.
Livre do demónio que a perseguia, Luzia corre à igreja a agradecer a intervenção divina e nessa noite, nas festas, alegre e cantando ao desafio ouve o seu José responder:

Alfazema e rosmaninho
Numa cruz teu mal levou.
Foi S. João com carinho,
Que de novo nos juntou


E assim nasceu o costume dos raminhos de S. João…

Fonte: Moutinho, Viale – Lendas de Portugal, Diário de Notícias

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