Lisboa, 1516
Acaba de ser publicada uma obra de Garcia de Resende, poeta, historiador, músico e debuxador (desenhador), secretário particular que foi de El-Rei D. João II, e homem de muita estima de El-Rei D. Manuel I, a que deu o nome de “Cancioneiro Geral”. Trata-se de uma compilação de mais de mil composições da poesia palaciana de várias épocas, tanto em português, como em castelhano. Escolhemos como exemplo, uma da autoria de D. João Manuel e que se intitula:
Acaba de ser publicada uma obra de Garcia de Resende, poeta, historiador, músico e debuxador (desenhador), secretário particular que foi de El-Rei D. João II, e homem de muita estima de El-Rei D. Manuel I, a que deu o nome de “Cancioneiro Geral”. Trata-se de uma compilação de mais de mil composições da poesia palaciana de várias épocas, tanto em português, como em castelhano. Escolhemos como exemplo, uma da autoria de D. João Manuel e que se intitula:
“Regra sua para quem quiser viver em paz”
Ouve, vê e cala,
e viverás vida folgada:
teu vizinho louvarás,
tua porta cerrarás,
quanto podes não farás,
quanto sabes não dirás,
quanto vês não julgarás,
quanto ouves não crerás,
se queres viver em paz.
Seis cousas sempre vê,
quando falares, que te mande,
de quem falas, onde e quê,
e a quem, como e quando:
nunca fies nem porfies
nem a outro injuries
não estês (estejas) muito na praça
nem te ries de quem passa,
seja teu tudo o que veste
a ribaldo não doestes
não cavalgarás em potro,
nem ta molher gabes a outro,
não cures de ser picão
nem travar contra razão.
Assim lograrás tas cãs
com tuas queixadas sãs.
e viverás vida folgada:
teu vizinho louvarás,
tua porta cerrarás,
quanto podes não farás,
quanto sabes não dirás,
quanto vês não julgarás,
quanto ouves não crerás,
se queres viver em paz.
Seis cousas sempre vê,
quando falares, que te mande,
de quem falas, onde e quê,
e a quem, como e quando:
nunca fies nem porfies
nem a outro injuries
não estês (estejas) muito na praça
nem te ries de quem passa,
seja teu tudo o que veste
a ribaldo não doestes
não cavalgarás em potro,
nem ta molher gabes a outro,
não cures de ser picão
nem travar contra razão.
Assim lograrás tas cãs
com tuas queixadas sãs.
Fonte: Jornal de História, 19º Fascículo
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