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Desde que o Homem olhando o céu à noite, aprendeu a conhecer as estrelas, elas tornaram-se um método indispensável de orientação para todas as civilizações. Serviam de guias tanto para as caravanas árabes que atravessavam a imensidão de um deserto vazio, como mais tarde para as frotas de marinheiros, navegando também eles na imensidão de um mar desconhecido.
Os diversos padrões que formavam nos céus levou a que os Antigos as nomeassem conforme o que essas figuras lhe pareciam: animais, cabeleiras, homens, mulheres…Ás constelações, os gregos deram o nome de figuras mitológicas fazendo algumas delas, parte do Zodíaco.
No hemisfério norte, as mais conhecidas são as constelações boreais da Ursa Maior e da Ursa Menor, também chamadas de Grande Carro ou (Carro de David) e Pequeno Carro. Embora a constelação da Ursa Maior seja muito grande, são as suas brilhantes sete estrelas desenhando um quadrado e uma cauda no azul-escuro do céu nocturno, que a tornam tão útil e conhecida. Se prolongarmos cinco vezes as guardas da Ursa Maior, encontraremos a Estrela Polar, na cauda da Ursa Menor, que há mais de 2000 anos nos indica o Norte.
A Ursa Maior é conhecida por vários nomes conforme as tradições dos povos que por ela se orientam. Assim, em França chamavam-na de Caçarola, na Inglaterra era O Arado ou a Biga do Rei Artur, e na Europa Medieval, de Carruagem ou Carroça. Na Índia, chamavam-lhe Os Sete Sábios, na China, “Pei-To”, e as suas sete estrelas representavam uma concha que oferecia comida nos tempos de fome. Os egípcios associavam-na à imortalidade, pois as suas estrelas, visíveis todo o ano representavam a vida eterna. Na mitologia nórdica é O Carro ou Carruagem de Odin, puxada por 3 cavalos. Para os índios Cherokee as estrelas representavam um grupo de caçadores que perseguiam um urso desde o princípio da Primavera, até ao Outono. Os árabes viam nela uma caravana e os nossos navegadores chamavam a Maior de “Carro” e a Menor de “Buzina”.
A figura mitológica associada a esta constelação é a da ninfa Calisto, companheira de Artémis, Deusa da caça, e também a Senhora da Lua. Nos mitos mais antigos era a própria Artémis que se transformava em ursa.
Calisto era segundo algumas versões, a filha do rei Licaonte da Arcádia, e a companheira dilecta de Artémis, deusa da caça, que tal como ela e as restantes companheiras tinha feito voto de castidade. Zeus, apaixonado pela sua beleza aproximou-se dela sob a forma da deusa, violentando-a depois. A sua gravidez acabou por ser descoberta quando Calisto se recusou a tomar banho no lago junto com as outras ninfas. Indignada, a deusa expulsou-a, mas Hera, a ciumenta esposa de Zeus, ao saber do sucedido perseguiu-a, transformando-a numa ursa e tirando-lhe a voz, para que ela não pudesse pedir ajuda ao rei dos deuses.
Vendo-se naquele estado, a pobre Calisto ainda tentou pedir auxílio, mas tudo o que conseguiu foi rugir! Passou então a vaguear pelos campos onde antes caçara, fugindo dos caçadores e dos outros animais selvagens, dando à luz um filho chamado Arkas ou Arcas, que Hermes por ordem de Zeus entregou ao rei Licaonte para que o criasse. Passados uns anos, o jovem foi à caça, e Calisto reconhecendo-o levantou-se e parou a olhar para ele, com vontade de o abraçar, mas Arcas assustado e não sabendo que ela era a sua mãe, levantou a lança para a matar. Zeus, que os estava observando, desviou o golpe, transformou Arcas num urso mais pequeno e levou os dois para o meio do céu, transformando-os em constelações, que ficaram para sempre conhecidas como Ursa Maior e Ursa Menor.
Hera, indignada com as honras concedidas a Calisto e Arkas, pediu a Tétis, sua mãe adoptiva e a Oceano, que não as deixassem mergulhar nas suas águas puras, ao que eles acederam. É essa a razão porque as duas constelações, movendo-se sempre em círculos no céu, jamais descem como as outras estrelas e mergulham no oceano, ficando apenas junto à linha do horizonte. Outras versões contam que Hera as empurrou para perto do pólo norte onde as estrelas são sempre visíveis, para que mãe e filho nunca tivessem descanso. Junto a elas colocou a constelação do Boieiro para que não as deixe afastar do pólo gelado.
Noutras lendas, Calisto é transformada em ursa por Artémis e abatida por ela num ataque de fúria quando a encontrou grávida, ou então Hera, maldosamente aponta-a a Diana, que vendo apenas uma ursa a abate, e depois ao reconhecê-la, a transforma em constelação. Também se diz que foi Zeus a transformá-la assim para a esconder da ira da esposa.
A Ursa Menor, embora parte da sua lenda tenha sido aqui contada, tem também uma outra versão que darei a seguir.
Segundo Robert Graves em “Os Mitos Gregos”, o mito de Calisto explica o aparecimento de duas jovens vestidas de ursas nas festividades áticas da Artemisa de Bráuron, bem como a tradicional ligação que se estabelecia entre esta deusa e a Ursa Maior.
Calisto foi também o nome dado a uma das luas de Júpiter, a terceira maior do nosso Sistema Solar, descoberta em 1610 por Galileu Galilei, mas assim nomeada por Simon Marius ou Johannes Kepler.
Camões, no canto V dos Lusíadas refere-se a esta lenda ao dizer” Vimos as Ursas, a pesar de Juno, banharem-se nas águas de Neptuno” e vários artistas desde o Renascimento, como Rubens, Tiziano, Boucher, Hans Rottenhammer e outros, imortalizaram-na nos seus quadros.
pt.wikipédia. org
cvc.instituto-camoes.pt
Camões, Luís – Os Lusíadas, Canto V
Magno, Albino Pereira – Mitologia
Graves, Robert – Os Mitos Gregos, vol.1
Desde que o Homem olhando o céu à noite, aprendeu a conhecer as estrelas, elas tornaram-se um método indispensável de orientação para todas as civilizações. Serviam de guias tanto para as caravanas árabes que atravessavam a imensidão de um deserto vazio, como mais tarde para as frotas de marinheiros, navegando também eles na imensidão de um mar desconhecido.
Os diversos padrões que formavam nos céus levou a que os Antigos as nomeassem conforme o que essas figuras lhe pareciam: animais, cabeleiras, homens, mulheres…Ás constelações, os gregos deram o nome de figuras mitológicas fazendo algumas delas, parte do Zodíaco.
No hemisfério norte, as mais conhecidas são as constelações boreais da Ursa Maior e da Ursa Menor, também chamadas de Grande Carro ou (Carro de David) e Pequeno Carro. Embora a constelação da Ursa Maior seja muito grande, são as suas brilhantes sete estrelas desenhando um quadrado e uma cauda no azul-escuro do céu nocturno, que a tornam tão útil e conhecida. Se prolongarmos cinco vezes as guardas da Ursa Maior, encontraremos a Estrela Polar, na cauda da Ursa Menor, que há mais de 2000 anos nos indica o Norte.
A Ursa Maior é conhecida por vários nomes conforme as tradições dos povos que por ela se orientam. Assim, em França chamavam-na de Caçarola, na Inglaterra era O Arado ou a Biga do Rei Artur, e na Europa Medieval, de Carruagem ou Carroça. Na Índia, chamavam-lhe Os Sete Sábios, na China, “Pei-To”, e as suas sete estrelas representavam uma concha que oferecia comida nos tempos de fome. Os egípcios associavam-na à imortalidade, pois as suas estrelas, visíveis todo o ano representavam a vida eterna. Na mitologia nórdica é O Carro ou Carruagem de Odin, puxada por 3 cavalos. Para os índios Cherokee as estrelas representavam um grupo de caçadores que perseguiam um urso desde o princípio da Primavera, até ao Outono. Os árabes viam nela uma caravana e os nossos navegadores chamavam a Maior de “Carro” e a Menor de “Buzina”.
A figura mitológica associada a esta constelação é a da ninfa Calisto, companheira de Artémis, Deusa da caça, e também a Senhora da Lua. Nos mitos mais antigos era a própria Artémis que se transformava em ursa.
Calisto era segundo algumas versões, a filha do rei Licaonte da Arcádia, e a companheira dilecta de Artémis, deusa da caça, que tal como ela e as restantes companheiras tinha feito voto de castidade. Zeus, apaixonado pela sua beleza aproximou-se dela sob a forma da deusa, violentando-a depois. A sua gravidez acabou por ser descoberta quando Calisto se recusou a tomar banho no lago junto com as outras ninfas. Indignada, a deusa expulsou-a, mas Hera, a ciumenta esposa de Zeus, ao saber do sucedido perseguiu-a, transformando-a numa ursa e tirando-lhe a voz, para que ela não pudesse pedir ajuda ao rei dos deuses.
Vendo-se naquele estado, a pobre Calisto ainda tentou pedir auxílio, mas tudo o que conseguiu foi rugir! Passou então a vaguear pelos campos onde antes caçara, fugindo dos caçadores e dos outros animais selvagens, dando à luz um filho chamado Arkas ou Arcas, que Hermes por ordem de Zeus entregou ao rei Licaonte para que o criasse. Passados uns anos, o jovem foi à caça, e Calisto reconhecendo-o levantou-se e parou a olhar para ele, com vontade de o abraçar, mas Arcas assustado e não sabendo que ela era a sua mãe, levantou a lança para a matar. Zeus, que os estava observando, desviou o golpe, transformou Arcas num urso mais pequeno e levou os dois para o meio do céu, transformando-os em constelações, que ficaram para sempre conhecidas como Ursa Maior e Ursa Menor.
Hera, indignada com as honras concedidas a Calisto e Arkas, pediu a Tétis, sua mãe adoptiva e a Oceano, que não as deixassem mergulhar nas suas águas puras, ao que eles acederam. É essa a razão porque as duas constelações, movendo-se sempre em círculos no céu, jamais descem como as outras estrelas e mergulham no oceano, ficando apenas junto à linha do horizonte. Outras versões contam que Hera as empurrou para perto do pólo norte onde as estrelas são sempre visíveis, para que mãe e filho nunca tivessem descanso. Junto a elas colocou a constelação do Boieiro para que não as deixe afastar do pólo gelado.
Noutras lendas, Calisto é transformada em ursa por Artémis e abatida por ela num ataque de fúria quando a encontrou grávida, ou então Hera, maldosamente aponta-a a Diana, que vendo apenas uma ursa a abate, e depois ao reconhecê-la, a transforma em constelação. Também se diz que foi Zeus a transformá-la assim para a esconder da ira da esposa.
A Ursa Menor, embora parte da sua lenda tenha sido aqui contada, tem também uma outra versão que darei a seguir.
Segundo Robert Graves em “Os Mitos Gregos”, o mito de Calisto explica o aparecimento de duas jovens vestidas de ursas nas festividades áticas da Artemisa de Bráuron, bem como a tradicional ligação que se estabelecia entre esta deusa e a Ursa Maior.
Calisto foi também o nome dado a uma das luas de Júpiter, a terceira maior do nosso Sistema Solar, descoberta em 1610 por Galileu Galilei, mas assim nomeada por Simon Marius ou Johannes Kepler.
Camões, no canto V dos Lusíadas refere-se a esta lenda ao dizer” Vimos as Ursas, a pesar de Juno, banharem-se nas águas de Neptuno” e vários artistas desde o Renascimento, como Rubens, Tiziano, Boucher, Hans Rottenhammer e outros, imortalizaram-na nos seus quadros.
pt.wikipédia. org
cvc.instituto-camoes.pt
Camões, Luís – Os Lusíadas, Canto V
Magno, Albino Pereira – Mitologia
Graves, Robert – Os Mitos Gregos, vol.1
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