terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A Anunciação

A Anunciação, por Fra Angelico


“Ao sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David, e o nome da Virgem era Maria. Ao entrar em casa dela, o Anjo disse:” Salvé ó cheia de graça, o Senhor está contigo”. Ao ouvir estas palavras, ela perturbou-se e inquiria de si própria o que significava tal saudação. Disse-lhe o Anjo:”Não tenhas receio, Maria, pois achaste graça diante de Deus. Hás-de conceber e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus… (…) Como será isso, se eu não conheço homem? O Anjo respondeu-lhe: O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a Sua sombra. (…) Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra…”. Lucas 1, 26 -38.
Este episódio é referido apenas no Evangelho de S. Lucas, e embora seja comemorado a 25 de Março, é com ele que se inicia o ciclo natalício que se estende até à Adoração dos Reis Magos.
Comemorada desde o sec. V no Oriente foi celebrada também no Ocidente a partir do sec. VI. Como os evangelhos são bastante lacónicos no que se refere a pormenores, os artistas recorreram aos evangelhos apócrifos, que situavam Maria a tecer ou junto de uma fonte a tirar água, e cada qual deu asas à sua imaginação na pintura dos detalhes.
Fra Angelico, na sua belíssima Anunciação em 1430-2, que hoje faz parte da colecção de arte do Museu do Prado, inaugurou a tradição italiana de pintar o Anjo e Maria num pórtico, em que a coluna serve para criar um espaço a cada um dos personagens conforme a sua natureza: celestial, a de Gabriel, terrena a da Virgem, vendo-se no canto superior esquerdo a pomba representando o Espírito Santo, que sai das mãos de Deus em direcção a Maria.
Para uma melhor composição plástica do quadro , o pintor incluiu Adão e Eva sendo expulsos do paraíso, pois será Jesus que virá redimir o homem do pecado original.
Mais tarde começou a representar-se a Virgem com um livro nas mãos, provavelmente o da profecia de Isaías, que dizia: “ E uma Virgem conceberá…”, aparecendo algumas vezes um lírio com 3 flores, símbolo de pureza, e porque Maria foi Virgem antes, durante e depois do parto. O Anjo, que primitivamente aparecia de pé, a partir do sec. XII começou a ser apresentado de joelhos, por influência da etiqueta feudal
O Concílio de Trento, que durou de 1545 a 1563, decretou que o Arcanjo Gabriel, dada a grandeza da sua mensagem, devia chegar sobre uma nuvem e acompanhado de um cortejo de anjos.
No quadro de Josefa de Óbidos abaixo apresentado, e que faz parte do Museu Nacional de Arte Antiga, já se podem observar estas disposições
.


Ao saber que Maria estava grávida, José seu marido, que era um homem justo e não queria difamá-la, resolveu deixá-la secretamente. Mas eis que um anjo do Senhor lhe aparece em sonhos, e lhe disse: “José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e pôr-lhe-ás o nome de Jesus; porque Ele salvará o povo dos seus pecados”.
Tudo isto sucedeu para que se cumprisse o que foi dito pelo Senhor e anunciado pelo profeta. Mateus, 1, 18-22.

Fontes: Revista Historia Y Vida, nº 441
Bíblia Sagrada – Difusora Bíblica 1978
Servosdarainhawordpress.com
Uc.pt

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