Autora de poemas, artigos na imprensa, traduções, epístolas e um diário, Florbela Espanca antes de tudo foi poetisa. A sua Poesia é de uma imensa intensidade lírica e profundo erotismo. O sofrimento, a solidão, a saudade, o desencanto, o desejo e a morte aliados a uma imensa ternura e a um desejo de felicidade constituem a temática veiculada pela veemência passional da sua linguagem. Transbordando a convulsão interior da poetisa pela natureza, a paisagem da charneca alentejana está presente em muitas das suas imagens e poemas.
Tida como a grande figura feminina das primeiras décadas da literatura do sec. XX, Florbela Espanca não se liga claramente a qualquer movimento literário. Próxima do neo-romantismo e de certos poetas de fim de século, pelo carácter confessional e sentimentalista da sua obra, segue a poética de António Nobre, facto reconhecido pela poetisa. Por outro lado, a técnica do soneto, que a celebrizou, pode considerar-se influência de Antero de Quental e também de Camões.
Baptizada com o nome Flor Bela de Alma da Conceição, nasceu no dia 8 de Dezembro de 1894 em Vila Viçosa, no Alentejo, filha de João Maria Espanca e de Antónia da Conceição Lobo, de condição humilde. Tanto ela como o seu irmão Apeles 3 anos mais novo, foram registados como filhos ilegítimos de pai incógnito. Seu pai era casado com Mariana do Carmo Toscano, que não lhe pôde dar filhos, passando a ser madrinha de baptismo das crianças, criando-as em sua casa. João Maria nunca lhes recusou apoio nem carinho paternal, mas só reconheceu Florbela como a sua filha em cartório, dezoito anos depois da morte dela, por altura da inauguração do seu busto em Évora, debaixo de cerrada insistência de um grupo de florbelianos.
O seu pai herdou a profissão do sapateiro, mas passou a trabalhar como antiquário, negociante de cabedais, desenhista, pintor, fotógrafo, sendo um dos introdutores do “Vitascópio de Edison” em Portugal.
Estudou no liceu de Évora, mas só depois do seu casamento em 1913 com Alberto Moutinho, é que em 1917, conclui a secção de Letras do Curso dos Liceus e se matricula em Outubro na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Foi uma das catorze mulheres entre trezentos e quarenta e sete alunos inscritos. Colabora com jornais e revistas, entre os quais o “Portugal Feminino”, e em 1921, no terceiro ano de Direito, publica o seu primeiro livro de poesia “Livro de Mágoas”.
Nesse mesmo ano divorcia-se de Alberto Moutinho de quem já vivia separada há uns anos, casando-se no Porto com o oficial de artilharia António Guimarães. Em 1923, separa-se novamente e casa com o médico Mário Laje, em Matosinhos. Nesse mesmo ano publica o seu livro de poemas “O Livro de Soror Saudade”.
Os casamentos falhados, assim como as desilusões amorosas em geral, o ostracismo a que muitas vezes era sujeita, e principalmente a morte do seu irmão, Apeles Espanca, num acidente de avião em 1927 e a quem estava ligada por fortes laços afectivos, marcaram profundamente a sua vida e a sua obra, contribuindo também para o agravamento da sua saúde, principalmente a do foro psicológico.
A 8 de Dezembro de 1930, dia do seu 36º aniversário, e após ter-lhe sido diagnosticado um edema pulmonar, Florbela Espanca põe termo à vida.
A maior parte da sua obra é publicada postumamente. Charneca em Flor (1930), Cartas de Florbela Espanca, por Guido Battell (1930), Juvenília (1930), As Máscaras do Destino, contos (1931), Diário do Último Ano Seguido de Um Poema Sem Título (1981) e Dominó Preto ou Dominó Negro, contos (1982).
Fontes: Wikipédia
Enciclopédia de “O Público”, vol.29
Tida como a grande figura feminina das primeiras décadas da literatura do sec. XX, Florbela Espanca não se liga claramente a qualquer movimento literário. Próxima do neo-romantismo e de certos poetas de fim de século, pelo carácter confessional e sentimentalista da sua obra, segue a poética de António Nobre, facto reconhecido pela poetisa. Por outro lado, a técnica do soneto, que a celebrizou, pode considerar-se influência de Antero de Quental e também de Camões.
Baptizada com o nome Flor Bela de Alma da Conceição, nasceu no dia 8 de Dezembro de 1894 em Vila Viçosa, no Alentejo, filha de João Maria Espanca e de Antónia da Conceição Lobo, de condição humilde. Tanto ela como o seu irmão Apeles 3 anos mais novo, foram registados como filhos ilegítimos de pai incógnito. Seu pai era casado com Mariana do Carmo Toscano, que não lhe pôde dar filhos, passando a ser madrinha de baptismo das crianças, criando-as em sua casa. João Maria nunca lhes recusou apoio nem carinho paternal, mas só reconheceu Florbela como a sua filha em cartório, dezoito anos depois da morte dela, por altura da inauguração do seu busto em Évora, debaixo de cerrada insistência de um grupo de florbelianos.
O seu pai herdou a profissão do sapateiro, mas passou a trabalhar como antiquário, negociante de cabedais, desenhista, pintor, fotógrafo, sendo um dos introdutores do “Vitascópio de Edison” em Portugal.
Estudou no liceu de Évora, mas só depois do seu casamento em 1913 com Alberto Moutinho, é que em 1917, conclui a secção de Letras do Curso dos Liceus e se matricula em Outubro na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Foi uma das catorze mulheres entre trezentos e quarenta e sete alunos inscritos. Colabora com jornais e revistas, entre os quais o “Portugal Feminino”, e em 1921, no terceiro ano de Direito, publica o seu primeiro livro de poesia “Livro de Mágoas”.
Nesse mesmo ano divorcia-se de Alberto Moutinho de quem já vivia separada há uns anos, casando-se no Porto com o oficial de artilharia António Guimarães. Em 1923, separa-se novamente e casa com o médico Mário Laje, em Matosinhos. Nesse mesmo ano publica o seu livro de poemas “O Livro de Soror Saudade”.
Os casamentos falhados, assim como as desilusões amorosas em geral, o ostracismo a que muitas vezes era sujeita, e principalmente a morte do seu irmão, Apeles Espanca, num acidente de avião em 1927 e a quem estava ligada por fortes laços afectivos, marcaram profundamente a sua vida e a sua obra, contribuindo também para o agravamento da sua saúde, principalmente a do foro psicológico.
A 8 de Dezembro de 1930, dia do seu 36º aniversário, e após ter-lhe sido diagnosticado um edema pulmonar, Florbela Espanca põe termo à vida.
A maior parte da sua obra é publicada postumamente. Charneca em Flor (1930), Cartas de Florbela Espanca, por Guido Battell (1930), Juvenília (1930), As Máscaras do Destino, contos (1931), Diário do Último Ano Seguido de Um Poema Sem Título (1981) e Dominó Preto ou Dominó Negro, contos (1982).
Fontes: Wikipédia
Enciclopédia de “O Público”, vol.29
Eu
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!
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