Realizado pela 1ª vez em 1944sob a égide do Diário de Notícias, com o propósito de animar os doentes na quadra natalícia, levando-lhes um pouco de alegria e animação, foi transmitido pela RTP em 1958 a partir de um hospital, a que se juntou depois a Philipps, equipando os hospitais do país com televisores para que o programa pudesse ser visto por todos. Em 1963 a Emissora Nacional passou a emitir via Rádio o programa, para que os que não possuíam televisão o pudessem também acompanhar. Foi um sucesso que dura até hoje, e por onde passaram ao longo dos anos praticamente todos os artistas portugueses, desde músicos, cantores, humoristas, os melhores apresentadores, e toda uma equipa que trabalhando nos bastidores se associaram sempre a esta festa de solidariedade e fraternidade.
O que provavelmente nem todas as pessoas sabem é que esta celebração tem a sua origem na dor imensa de uma mãe pela perda da sua filha ainda criança…
Escritora, poetisa e filantropa, Lutgarda ou Luthgarda Guimarães de Caires, nasceu em 1871, em Vila Real de Santo António, perdendo muito cedo a sua mãe. Educada junto com os seus irmãos com muita ternura e esmero por seu pai, veio mais tarde para Lisboa, onde casou com o advogado madeirense João de Caires, homem culto, escritor e fundador da Sociedade de Propaganda de Portugal.
Em 1905 começa a colaborar em jornais com artigos de índole social e em 1911 a pedido do ministro da Justiça, apresenta propostas para a melhoria da condição dos presos nas cadeias portuguesas, que na altura eram mistas, estando as mulheres numa situação extremamente crítica, tanto física como psicologicamente.
Insurge-se também contra o facto das mulheres cultas e diplomadas serem excluídas dos cargos públicos, assim como da desigualdade da lei em relação aos cônjuges no que respeita ao direito de alienação dos bens do casal, e da urgente necessidade da instrução da mulher.
Ainda em Lisboa, sofre o desgosto de perder uma filha ainda criança, o que a marca profundamente. Para aliviar um pouco a dor sofrida, dedicou-se a visitar as crianças do Hospital D. Estefânia, levando-lhes roupas que ela própria fazia, rebuçados e brinquedos, conseguindo o apoio das suas amigas para esta obra, que tinha no Natal uma distribuição maior. Parte do lucro que auferia com a venda dos seus livros destinava-se a este fim. Não se cansava de percorrer a cidade à procura do último desejo dos seus doentinhos à beira da morte. A sua obra acabou por se generalizar a todas as crianças dos outros hospitais de Lisboa.
Durante dez anos, Lutgarda Caires foi a grande impulsionadora do Natal das Crianças dos Hospitais, que mais tarde se estendeu a todas as idades e passou a chamar-se apenas pelo nome porque hoje o conhecemos:“O Natal dos Hospitais”.
Fez o libreto da ópera Vagamundo, com música de Rui Coelho, que foi levada à cena em 1914, e depois em 1931, com música de D. Júlia Oceana Pereira, a favor dos Hospitais de Trás-os-Montes e do Asilo de Cegos António Feliciano de Castilho. Promoveu um sarau literário e musical no salão da Ilustração Portuguesa, em 1909, em benefício das vítimas do terramoto de Benavente.
Em 1923, Lutgarda de Caires, ganhou o 1° prémio nos Jogos Florais Hispano-Portugueses de Ceuta, com o soneto Florinha da Rua. Ausente em França, fez-se representar pelo irmão na cerimónia que teve lugar no mosteiro do Carmo, e onde uma delegação espanhola se deslocou propositadamente para fazer a entrega não só do diploma, mas também do prémio, oferecido pelo rei de Espanha.
A sua obra, essencialmente poética, está publicada em livros como “Glicínias” – 1910, “Bandeira Portuguesa” – 1910, “A Dança do Destino, contos” – 1911, “Papoilas” – 1912, “Pombas Feridas” – 1914, “Sombras e Cinzas” – 1916, dedicado a sua filha, “Violetas” – 1922, entre vários outros.
Foi agraciada com a Ordem de Benemerência e com a Comenda da Ordem de Sant’Iago. Falece em Lisboa em 1935.
A seguir transcrevo um poema de Luthgarda Caires intitulado “ Noite de Natal”.
Fontes: Oliveira, Américo Lopes – Dicionário de Mulheres Célebres
Leme.pt/biografias
O que provavelmente nem todas as pessoas sabem é que esta celebração tem a sua origem na dor imensa de uma mãe pela perda da sua filha ainda criança…
Escritora, poetisa e filantropa, Lutgarda ou Luthgarda Guimarães de Caires, nasceu em 1871, em Vila Real de Santo António, perdendo muito cedo a sua mãe. Educada junto com os seus irmãos com muita ternura e esmero por seu pai, veio mais tarde para Lisboa, onde casou com o advogado madeirense João de Caires, homem culto, escritor e fundador da Sociedade de Propaganda de Portugal.
Em 1905 começa a colaborar em jornais com artigos de índole social e em 1911 a pedido do ministro da Justiça, apresenta propostas para a melhoria da condição dos presos nas cadeias portuguesas, que na altura eram mistas, estando as mulheres numa situação extremamente crítica, tanto física como psicologicamente.
Insurge-se também contra o facto das mulheres cultas e diplomadas serem excluídas dos cargos públicos, assim como da desigualdade da lei em relação aos cônjuges no que respeita ao direito de alienação dos bens do casal, e da urgente necessidade da instrução da mulher.
Ainda em Lisboa, sofre o desgosto de perder uma filha ainda criança, o que a marca profundamente. Para aliviar um pouco a dor sofrida, dedicou-se a visitar as crianças do Hospital D. Estefânia, levando-lhes roupas que ela própria fazia, rebuçados e brinquedos, conseguindo o apoio das suas amigas para esta obra, que tinha no Natal uma distribuição maior. Parte do lucro que auferia com a venda dos seus livros destinava-se a este fim. Não se cansava de percorrer a cidade à procura do último desejo dos seus doentinhos à beira da morte. A sua obra acabou por se generalizar a todas as crianças dos outros hospitais de Lisboa.
Durante dez anos, Lutgarda Caires foi a grande impulsionadora do Natal das Crianças dos Hospitais, que mais tarde se estendeu a todas as idades e passou a chamar-se apenas pelo nome porque hoje o conhecemos:“O Natal dos Hospitais”.
Fez o libreto da ópera Vagamundo, com música de Rui Coelho, que foi levada à cena em 1914, e depois em 1931, com música de D. Júlia Oceana Pereira, a favor dos Hospitais de Trás-os-Montes e do Asilo de Cegos António Feliciano de Castilho. Promoveu um sarau literário e musical no salão da Ilustração Portuguesa, em 1909, em benefício das vítimas do terramoto de Benavente.
Em 1923, Lutgarda de Caires, ganhou o 1° prémio nos Jogos Florais Hispano-Portugueses de Ceuta, com o soneto Florinha da Rua. Ausente em França, fez-se representar pelo irmão na cerimónia que teve lugar no mosteiro do Carmo, e onde uma delegação espanhola se deslocou propositadamente para fazer a entrega não só do diploma, mas também do prémio, oferecido pelo rei de Espanha.
A sua obra, essencialmente poética, está publicada em livros como “Glicínias” – 1910, “Bandeira Portuguesa” – 1910, “A Dança do Destino, contos” – 1911, “Papoilas” – 1912, “Pombas Feridas” – 1914, “Sombras e Cinzas” – 1916, dedicado a sua filha, “Violetas” – 1922, entre vários outros.
Foi agraciada com a Ordem de Benemerência e com a Comenda da Ordem de Sant’Iago. Falece em Lisboa em 1935.
A seguir transcrevo um poema de Luthgarda Caires intitulado “ Noite de Natal”.
Fontes: Oliveira, Américo Lopes – Dicionário de Mulheres Célebres
Leme.pt/biografias
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