“ E quando eles ali se encontravam, completaram-se os dias de ela dar à luz e teve o seu filho primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria”. Lucas, 2, 6-8.
Independentemente do facto de Jesus muito provavelmente não ter nascido a25 de Dezembro, é nessa data que estamos habituados a festejar o Natal, ou mais propriamente, a Natividade de Jesus, pelo menos desde o ano de 354 d.C., quando o Papa Libério instituiu esta data como a do Nascimento de Jesus.
Do ciclo natalício fazem parte, a Anunciação, a Visitação, o Nascimento do Menino, a Adoração dos Reis Magos e a Apresentação no Templo, como se pode ver neste frontal do altar da igreja de Santa Maria de Aviá, o Frontal de Aviá, séc.XII, e que hoje se encontra no Museu Nacional de Arte da Catalunha. Pintado sobre madeira, entre 1170 a 1200, no estilo românico catalão, mas com influências bizantinas ou ítalo-bizantinas, está dividido em 5 partes, mostrando ao centro, dentro de um arco tribolado, a Virgem com o Menino, enquanto nos lados se descrevem as cenas acima citadas.
O rectângulo do canto superior esquerdo apresenta as cenas da Anunciação e a da Visitação, separadas por uma coluna. O Anjo ainda é representado de pé em cima de uma nuvem, tal como era costume na arte primitiva, antes do aparecimento da etiqueta cortesã feudal.
Não foi só o mestre de Aviá, a tratar artisticamente este tema. A Natividade é uma das cenas mais representadas de todos os tempos, e uma vez que S. Lucas é bastante escasso em pormenores, os artistas pintaram-no conforma a sua imaginação e a época em que viviam.
As primeiras imagens aparecem em sarcófagos, em Roma ou no sul da Gália, alguns deles anteriores à oficialização do culto por Constantino, sendo muito simples, apenas o Menino embrulhado em panos, numa cesta, ou em palhas na terra, acompanhado do boi e do burro. Embora não sejam mencionados nos Evangelhos, a sua presença nunca foi questionada até ao Concílio de Trento, pois Isaías dizia:” O boi conhece o seu possuidor e o jumento a manjedoura do seu senhor”, sendo mencionados num dos Evangelhos apócrifos. Santo Agostinho, Santo Ambrósio e outros consideravam-nos a representação do povo judeu oprimido pela Lei (o boi), e os povos pagãos carregados com o peso da sua idolatria (o burro). O Concílio de Trento, porém, considerou-os como animais pouco nobres e proibiu a sua representação.
Maria geralmente só aparecia na Adoração dos Reis Magos, mas a partir do sec. V, depois do concílio de Éfeso, passou a ser uma figura constante, o mesmo não acontecendo a S. José, que era uma figura variável.
A partir do sec. VI, as imagens bizantinas da Igreja Ortodoxa do Oriente adoptam a caverna em vez do estábulo e mostram a Virgem reclinada depois do parto com o Menino a seu lado, ajudada por parteiras que lavam Jesus, aparecendo este duas vezes no mesmo quadro. S. José aparece geralmente sentado, com o rosto apoiado numa mão, parecendo um pouco perdido. Os ícones ortodoxos modernos pouco mudaram.
No ocidente, os pintores, principalmente em Itália, adoptaram muitos destes elementos, como se pode ver neste mosaico, de uma série de seis sobre a vida da Virgem, na abside da Basílica de Santa Maria de Trastevere, em Roma, feitos em 1291, por Pietro Cavallini.
Fontes: en.wikipedia.org/wiki/Nativity- of- Jesus- in- art
Revista Historia Y Vida, nº 441
História da Arte, vol. 3, edições Alfa
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